ULTIMATO — 40 ANOS DE COERêNCIA
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Ultimato foi concebido em São Paulo (1966), nasceu em Barbacena (1968) perambulou por Porto Alegre (1969) e Campinas (1970) e se fixou em Viçosa (1971)
Sem polêmica, mas delicadamente ousada
Ultimato está completando 40 anos agora em janeiro. Fomos o jornal Ultimato nos oito primeiros anos, e desde 1976 somos a revista Ultimato.
Na edição número 1, declaramos que o jornal “não se deleitaria em polêmicas, mas seria firme e delicadamente ousado”. Dissemos também que anunciaríamos o evangelho direta e indiretamente. Naquele remoto janeiro de 1968, colocamos nas mãos de Deus “a trajetória que o jornal deveria descrever para glória e honra de Deus”. Tudo indica que, apesar das muitas mudanças pelas quais o mundo e a igreja têm passado, não nos afastamos destes propósitos originais.
Na edição de janeiro de 1998, quando comemorávamos o 30º aniversário, publicamos o artigo Jesus na capa e no miolo para salientar a nossa constante preocupação em apresentar ao leitor o Jesus da Bíblia, que esvaziou-se a si mesmo para ser encontrado em forma humana (Fp 2.6-11).
Ainda hoje, como se lê no expediente, Ultimato é “órgão de imprensa evangélico destinado à evangelização e edificação, sem cor denominacional”. Nestes 40 anos, tem relacionado “Escritura com Escritura e acontecimentos com Escritura” (daí a seção “Mais do que notícias”). Pretende “associar a teoria com a prática, a fé com as obras, a evangelização com a ação social, a oração com a ação, a conversão com a santidade de vida, e o suor de hoje com a glória por vir”.
Um ano e meio entre a concepção e o parto
Tudo começou na cidade de São Paulo, em maio de 1966, quando o coordenador do jornal Brasil Presbiteriano nos solicitou uma série de artigos contando a história de alguns jornais evangélicos, desde a Imprensa Evangélica (o primeiro periódico protestante da América do Sul), de Ashbel Green Simonton, fundado em 1864, no Rio de Janeiro, até a revista Unitas, de Miguel Rizzo Júnior, fundada com o nome de Fé e Vida, em 1930, em São Paulo. Entre um e outro, estão O Púlpito Evangélico (1874), Salvação de Graça (1875), O Evangelista (1885), O Puritano (1898), entre outros. Simonton justificava o nascimento da Imprensa Evangélica de forma óbvia: “O anúncio do evangelho não pode depender só de púlpito”. O Salvação de Graça tinha o mesmo propósito: “Chamar os homens das trevas para a luz, guiar os pecadores ao Salvador e edificar na verdade”. O Puritano foi lançado para fazer propaganda do evangelho numa época em que apenas 0,3% dos habitantes da antiga capital brasileira frequentavam os poucos templos evangélicos existentes.
A elaboração desses artigos, após acurada pesquisa, nos deixou estarrecidos com o fato de que na década de 1960 tínhamos muitos periódicos de boa qualidade, mas, em geral, voltados só para os crentes e a serviço de suas próprias denominações. Logo nos veio à mente a tímida ideia de suprir a lacuna existente e fundar um jornal que chamasse a atenção também de um público não evangélico. A ideia se concretizou um ano e meio depois, em janeiro de 1968, em Barbacena, cidade mineira encarapitada no alto da Serra da Mantiqueira, mais ou menos no meio do caminho entre Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
Por que Ultimato?
O nome Ultimato tem uma origem curiosa. Veio de um padre de Barbacena. Havíamos conseguido, depois de muita luta e muito tempo, um programa religioso na Rádio Correio da Serra. Quando fomos apresentar o primeiro programa, o deputado José Bonifácio Tann de Andrade (mais conhecido como Andradinha), dono da emissora, disse-nos que o padre Hilário da Mota Barros, da Basílica de São José Operário, tinha lhe dado um ultimato: se a Correio da Serra permitisse o programa da Igreja Presbiteriana de Barbacena, ele deixaria de apresentar o programa da basílica, o que traria sérios problemas políticos para o deputado. Perdemos o programa, mas ganhamos a ideia do nome do jornal que estava sendo planejado: Ultimato. A ideia foi reforçada com o verso bíblico que estava gravado na parede externa do templo presbiteriano: “Busquem o Senhor enquanto é possível achá-lo; clamem a ele enquanto está perto” (Is 55.6). Ora, Deus também dá ultimatos!
O cartão de visita do Cardeal Scherer
Quem folheia a revista Ultimato percebe facilmente que temos muitos leitores evangélicos e não-evangélicos, exatamente como desejávamos antes mesmo de lançar o primeiro número. Não poucos são católicos. Tal fato deve-se a um simples cartão de visita que o cardeal Dom Vicente Scherer (parente do arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Pedro Scherer, recém-nomeado cardeal pelo papa Bento 16), de Porto Alegre, nos enviou em 1976: “Agradeço a gentileza da remessa regular, por cortezia [sic.], da publicação, que vejo com interesse pela franqueza de importantes colocações”. Ora, se um cardeal, em tempos não muito ecumênicos, deu importância a Ultimato quando era um tabloide de oito páginas, por que não enviar o periódico a todas as paróquias católicas do Brasil? O sonho se concretizou no ano seguinte e, desde 1977, temos enviado a revista a mais de 8 mil paróquias católicas. Mais tarde, passamos a enviá-la também aos bispos (mais de trezentos) e aos padres casados cujos nomes e endereços conseguimos (mais de setecentos). Nos últimos três anos, não temos alcançado todas as paróquias. Sem dúvida, essa “intromissão” de Ultimato no ambiente católico tem tornado a igreja evangélica mais conhecida lá dentro e diminuído os preconceitos mútuos. Por outro lado, sem deixar de lado seus princípios reformados, a revista tem trazido para o ambiente evangélico algo positivo da igreja católica brasileira. Por se tratar de uma revista evangélica, tem liberdade de publicar algumas críticas que agradam os “católicos com fome e sede de mudanças” (edição de julho/agosto 2007, p. 26) e desagradam os demais. Entendemos que isso é uma prestação de serviço. Em todos os casos, a revista nunca teve propósito de arrebanhar católicos romanos para o protestantismo. Mas também nunca escondeu o seu propósito de levar evangélicos, católicos, espíritas e descrentes para a suficiência e senhorio de Jesus Cristo.
Elben César
Diretor-redator
* Extraído da edição de janeiro/fevereiro 2008 da revista Ultimato.
Sem polêmica, mas delicadamente ousada
Ultimato está completando 40 anos agora em janeiro. Fomos o jornal Ultimato nos oito primeiros anos, e desde 1976 somos a revista Ultimato.
Na edição número 1, declaramos que o jornal “não se deleitaria em polêmicas, mas seria firme e delicadamente ousado”. Dissemos também que anunciaríamos o evangelho direta e indiretamente. Naquele remoto janeiro de 1968, colocamos nas mãos de Deus “a trajetória que o jornal deveria descrever para glória e honra de Deus”. Tudo indica que, apesar das muitas mudanças pelas quais o mundo e a igreja têm passado, não nos afastamos destes propósitos originais.
Na edição de janeiro de 1998, quando comemorávamos o 30º aniversário, publicamos o artigo Jesus na capa e no miolo para salientar a nossa constante preocupação em apresentar ao leitor o Jesus da Bíblia, que esvaziou-se a si mesmo para ser encontrado em forma humana (Fp 2.6-11).
Ainda hoje, como se lê no expediente, Ultimato é “órgão de imprensa evangélico destinado à evangelização e edificação, sem cor denominacional”. Nestes 40 anos, tem relacionado “Escritura com Escritura e acontecimentos com Escritura” (daí a seção “Mais do que notícias”). Pretende “associar a teoria com a prática, a fé com as obras, a evangelização com a ação social, a oração com a ação, a conversão com a santidade de vida, e o suor de hoje com a glória por vir”.
Um ano e meio entre a concepção e o parto
Tudo começou na cidade de São Paulo, em maio de 1966, quando o coordenador do jornal Brasil Presbiteriano nos solicitou uma série de artigos contando a história de alguns jornais evangélicos, desde a Imprensa Evangélica (o primeiro periódico protestante da América do Sul), de Ashbel Green Simonton, fundado em 1864, no Rio de Janeiro, até a revista Unitas, de Miguel Rizzo Júnior, fundada com o nome de Fé e Vida, em 1930, em São Paulo. Entre um e outro, estão O Púlpito Evangélico (1874), Salvação de Graça (1875), O Evangelista (1885), O Puritano (1898), entre outros. Simonton justificava o nascimento da Imprensa Evangélica de forma óbvia: “O anúncio do evangelho não pode depender só de púlpito”. O Salvação de Graça tinha o mesmo propósito: “Chamar os homens das trevas para a luz, guiar os pecadores ao Salvador e edificar na verdade”. O Puritano foi lançado para fazer propaganda do evangelho numa época em que apenas 0,3% dos habitantes da antiga capital brasileira frequentavam os poucos templos evangélicos existentes.
A elaboração desses artigos, após acurada pesquisa, nos deixou estarrecidos com o fato de que na década de 1960 tínhamos muitos periódicos de boa qualidade, mas, em geral, voltados só para os crentes e a serviço de suas próprias denominações. Logo nos veio à mente a tímida ideia de suprir a lacuna existente e fundar um jornal que chamasse a atenção também de um público não evangélico. A ideia se concretizou um ano e meio depois, em janeiro de 1968, em Barbacena, cidade mineira encarapitada no alto da Serra da Mantiqueira, mais ou menos no meio do caminho entre Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
Por que Ultimato?
O nome Ultimato tem uma origem curiosa. Veio de um padre de Barbacena. Havíamos conseguido, depois de muita luta e muito tempo, um programa religioso na Rádio Correio da Serra. Quando fomos apresentar o primeiro programa, o deputado José Bonifácio Tann de Andrade (mais conhecido como Andradinha), dono da emissora, disse-nos que o padre Hilário da Mota Barros, da Basílica de São José Operário, tinha lhe dado um ultimato: se a Correio da Serra permitisse o programa da Igreja Presbiteriana de Barbacena, ele deixaria de apresentar o programa da basílica, o que traria sérios problemas políticos para o deputado. Perdemos o programa, mas ganhamos a ideia do nome do jornal que estava sendo planejado: Ultimato. A ideia foi reforçada com o verso bíblico que estava gravado na parede externa do templo presbiteriano: “Busquem o Senhor enquanto é possível achá-lo; clamem a ele enquanto está perto” (Is 55.6). Ora, Deus também dá ultimatos!
O cartão de visita do Cardeal Scherer
Quem folheia a revista Ultimato percebe facilmente que temos muitos leitores evangélicos e não-evangélicos, exatamente como desejávamos antes mesmo de lançar o primeiro número. Não poucos são católicos. Tal fato deve-se a um simples cartão de visita que o cardeal Dom Vicente Scherer (parente do arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Pedro Scherer, recém-nomeado cardeal pelo papa Bento 16), de Porto Alegre, nos enviou em 1976: “Agradeço a gentileza da remessa regular, por cortezia [sic.], da publicação, que vejo com interesse pela franqueza de importantes colocações”. Ora, se um cardeal, em tempos não muito ecumênicos, deu importância a Ultimato quando era um tabloide de oito páginas, por que não enviar o periódico a todas as paróquias católicas do Brasil? O sonho se concretizou no ano seguinte e, desde 1977, temos enviado a revista a mais de 8 mil paróquias católicas. Mais tarde, passamos a enviá-la também aos bispos (mais de trezentos) e aos padres casados cujos nomes e endereços conseguimos (mais de setecentos). Nos últimos três anos, não temos alcançado todas as paróquias. Sem dúvida, essa “intromissão” de Ultimato no ambiente católico tem tornado a igreja evangélica mais conhecida lá dentro e diminuído os preconceitos mútuos. Por outro lado, sem deixar de lado seus princípios reformados, a revista tem trazido para o ambiente evangélico algo positivo da igreja católica brasileira. Por se tratar de uma revista evangélica, tem liberdade de publicar algumas críticas que agradam os “católicos com fome e sede de mudanças” (edição de julho/agosto 2007, p. 26) e desagradam os demais. Entendemos que isso é uma prestação de serviço. Em todos os casos, a revista nunca teve propósito de arrebanhar católicos romanos para o protestantismo. Mas também nunca escondeu o seu propósito de levar evangélicos, católicos, espíritas e descrentes para a suficiência e senhorio de Jesus Cristo.
Elben César
Diretor-redator
* Extraído da edição de janeiro/fevereiro 2008 da revista Ultimato.
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