Opinião
- 14 de janeiro de 2015
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Ultimato 47 anos: uma missão das letras
Era o início dos anos 90, meu marido e eu iniciávamos nosso trabalho em Porto Velho, com todas as dificuldades possíveis. Compramos uma propriedade da Missão Betânia que havia sido uma tentativa fracassada de construir um seminário para servir a região norte. A região sofria da praga da malária e contrair a doença várias vezes por ano era parte do currículo para alunos e professores. Ficava a uma distancia de doze quilômetros da cidade com uma estrada muito ruim que constantemente ficava alagada. Encontrar cobras venenosas debaixo da cama era um evento quase diário. A Betânia desistiu da empreitada e nos vendeu barato a propriedade. Aliás, barato é um termo relativo. Para nós iniciando ali uma missão de fé com cerca de dez jovens, todos brasileiros, quinhentos dólares por mês por três anos era muito caro.
Mas nosso amor pela região, pelos povos indígenas, e pela população ribeirinha era bem maior do que as dificuldades. Começamos a rodar os típicos cursos da Jocum, primeiro a ETED, escola básica de discipulado, depois o que chamávamos de treinamento transcultural que era uma adaptação do curso oferecido pela Sociedade Internacional de Linguística. Simplificamos o conteúdo, eu e Marcia Suzuki, fazendo-o falar a língua dos jovens com baixa escolaridade que treinávamos. Criamos algumas coisas novas como o essencial treinamento de “Sobrevivência nas Selvas” e um curso de “Política Indigenista”, porque já entendíamos desde então que o envolvimento político seria inevitável.
Foi nesta época que recebi uma visita ilustre. Reverendo Elben em uma de suas peregrinações pelo Brasil estava visitando as frentes missionárias do norte. O recebi para um café em casa, expliquei o melhor que pude o que fazíamos, falei do meu pai, escritor mineiro. Ele se interessou por ouvir, curioso por história, visitou nossas instalações precárias, e me deu seu endereço pessoal. “Me mande qualquer coisa que tiver”, disse.
Eu não podia esperar oportunidade melhor. Passei a mandar artigos com frequência para ele. Até que poucos meses depois um telefonema, “Estamos publicando uma matéria sua Braulia”. Era um artigo sobre as dificuldades financeiras que enfrentávamos em missões no Brasil. Foi minha primeira participação em Ultimato. Guardei, mostrei para todos a quem conhecia, orei por mais oportunidades.
Continuei enviando artigos. E esta é uma dica pra você, escritor novo, não-publicado. Se exponha, se faça conhecido, insista mesmo depois de receber rejeição.
Anos depois recebo um e-mail do Rev. Elben querendo saber se eu estaria disposta a participar como colunista da revista.
Agradeço muito à revista Ultimato e ao portal que hospeda meu blog. Já escrevi para outras revistas cristãs brasileiras, mas é Ultimato que considero como missão. Visitei a “casa” de Ultimato em Viçosa, onde toda a família do Rev. Elben trabalha unida na causa do evangelho com uma consciência plena da missão que tem. A história dos anos pioneiros de Ultimato me lembrou de minha própria jornada pioneira na Amazônia quando tudo que tínhamos era ordem de Deus e nada mais.
O coração generoso do Rev. Elben distribuindo assinaturas gratuitas, enviando a revista para a liderança cristã protestante ou católica no Brasil faz com que esta publicação tenha um papel no discipulado da mente cristã no Brasil como nenhuma outra. Agradeço também a capacidade dos editores de conviverem e promoverem pontos de vista diferentes dos seus. Enfim, é uma alegria e uma honra ser parceira deste grupo de missionários das letras! Shalom meus queridos!
Mas nosso amor pela região, pelos povos indígenas, e pela população ribeirinha era bem maior do que as dificuldades. Começamos a rodar os típicos cursos da Jocum, primeiro a ETED, escola básica de discipulado, depois o que chamávamos de treinamento transcultural que era uma adaptação do curso oferecido pela Sociedade Internacional de Linguística. Simplificamos o conteúdo, eu e Marcia Suzuki, fazendo-o falar a língua dos jovens com baixa escolaridade que treinávamos. Criamos algumas coisas novas como o essencial treinamento de “Sobrevivência nas Selvas” e um curso de “Política Indigenista”, porque já entendíamos desde então que o envolvimento político seria inevitável.
Foi nesta época que recebi uma visita ilustre. Reverendo Elben em uma de suas peregrinações pelo Brasil estava visitando as frentes missionárias do norte. O recebi para um café em casa, expliquei o melhor que pude o que fazíamos, falei do meu pai, escritor mineiro. Ele se interessou por ouvir, curioso por história, visitou nossas instalações precárias, e me deu seu endereço pessoal. “Me mande qualquer coisa que tiver”, disse.
Eu não podia esperar oportunidade melhor. Passei a mandar artigos com frequência para ele. Até que poucos meses depois um telefonema, “Estamos publicando uma matéria sua Braulia”. Era um artigo sobre as dificuldades financeiras que enfrentávamos em missões no Brasil. Foi minha primeira participação em Ultimato. Guardei, mostrei para todos a quem conhecia, orei por mais oportunidades.
Continuei enviando artigos. E esta é uma dica pra você, escritor novo, não-publicado. Se exponha, se faça conhecido, insista mesmo depois de receber rejeição.
Anos depois recebo um e-mail do Rev. Elben querendo saber se eu estaria disposta a participar como colunista da revista.
Agradeço muito à revista Ultimato e ao portal que hospeda meu blog. Já escrevi para outras revistas cristãs brasileiras, mas é Ultimato que considero como missão. Visitei a “casa” de Ultimato em Viçosa, onde toda a família do Rev. Elben trabalha unida na causa do evangelho com uma consciência plena da missão que tem. A história dos anos pioneiros de Ultimato me lembrou de minha própria jornada pioneira na Amazônia quando tudo que tínhamos era ordem de Deus e nada mais.
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Trabalhou como missionária na Amazônia durante trinta anos e no Pacífico por seis anos. Hoje é aluna de teologia na Universidade de Yale, Estados Unidos, e candidata ao doutorado pela Universidade de Aberdeen, Escócia. Mora em New Haven, CT, com sua família. É autora de Chamado Radical e Tem Alguém Aí em Cima?
Para saber mais, acesse: braulia.com.br
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