Prateleira
26 de outubro de 2010
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Termina o Terceiro Congresso Mundial de Evangelização
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Cristãos de quase 200 países foram, no último momento, mais uma vez comissionados para cumprir o chamado de Deus no mundo. A celebração da Santa Ceia, dirigida pelo arcebispo da Igreja Anglicana de Uganda, Henry Luke Orombi, marcou a busca por unidade – tema este constante nos cinco dias do congresso, seja nas plenárias, nos grupos pequenos, nos debates e nas conversas de corredores. A inquietação de que a igreja ainda sofre com a desunião foi resumida na manhã deste domingo nas palavras do pastor de Singapura, Patrick Fung: “A arrogância e a auto-comiseração são os grandes obstáculos para o trabalho em parceria da igreja em favor da evangelização do mundo”.
Os seis grandes temas do congresso – verdade, reconciliação, relacionamento com outras crenças, definição de prioridades, integridade e parceria – foram lembrados transversalmente no sermão de encerramento ministrado por Lindsay Brown, diretor internacional do Movimento Lausanne. Em sua homilia, ele deixou claro qual foi o centro de referência dos esforços do Congresso de Lausanne: “Cristo é o centro da mensagem. Ele não é apenas um salvador, mas o único salvador. Nossa vocação é declarar Cristo em toda a sua glória”. Brown também defendeu a verdade como um elemento essencial para o cumprimento da missão. “Não dá para evangelizar se não sabemos no que cremos”. Ele enfatizou ainda a amplitude da missão: “Nossa missão não é somente levar o evangelho de Jesus para todos os lugares, mas também para toda a sociedade”.
A liturgia contou com mais de 20 cânticos intercalados com orações e leituras comunitárias. Textos bíblicos foram lidos e o Credo de Niceno foi cantado. O momento da Santa Ceia foi profundo e especialmente representativo. Ver homens e mulherescom suas faces e vestes diversas participando, em comunhão singela, do pão mergulhado no vinho nos deu o sentimento de gratidão a Deus pelo privilégio de participar do III Congresso de Lausanne e de que a Igreja global é maior e mais complexa do que podemos mensurar.
As palavras finais do arcebispo africano soam como sinos a anunciar um novo ato: “Vão em paz. Proclamem o Evangelho de Jesus Cristo”. Com alegria e seriedade, respondemos: “graças seja ao Senhor”.
Um congresso pouco latino
O III Congresso foi marcado por testemunhos emocionantes de cristãos fiéis que estão enfrentando o sofrimento em favor do Evangelho em países como Índia, Coréia do Norte e Oriente Médio, pela descoberta da riqueza contida na carta de Paulo aos efésios, pelo diálogos ao redor de mesas entre pessoas de lugares diferentes e pelo tom de urgência e pragmatismo. As opiniões sobre o congresso eram diversas: uns sentiam-se renovados espiritualmente; outros, reclamavam de um conteúdo superficial. Os latinos-americanos sentiram-se prejudicados pela pouca visibilidade dada ao continente e à sua teologia. O momento sintomático foi a exibição de um vídeo que se propunha em dar um panorama do Cristianismo no continente. Foi unâmine o mal-estar, já que muitas informações estavam desatualizadas ou mesmo erradas. Outro indicador desta insatisfação foram as palavras dos teólogos latinos René Padilla e de Samuel Escobar, ícones da Missão Integral, e considerados grandes personagens da redação do Pacto de Lausanne. Na noite do dia 20, eles apontaram três preocupações que deveriam ser melhor exploradas neste congresso: 1) o evangelismo como a tarefa de fazer discípulos e não simplesmente convertidos; 2) a globalização e seus efeitos sobre milhões de pobres; 3) e o sistema econômico e sua destruição do meio ambiente. Nos dois últimos dias, o congresso chegou mais próximo destas preocupações, no entanto, sem grandes avanços.
Por outro lado, o III Congresso de Lausanne foi muito importante para fazer com que os desafios atuais da chamada igreja global sejam conhecidos e sentidos por todos os continentes. A este fato, o pastor brasileiro e integrante do grupo que vai concluir o documento oficial do congresso, Valdir Steuernagel, fez uma excelente síntese, diante dos reclamos dos latino-americanos: “Lausanne precisa aprender a olhar para a América Latina, mas nós, latinos, precisamos aprender a olhar o mundo”.
Compromisso da Cidade do Cabo
O resultado concreto do III Congresso de Lausanne é o “Compromisso da Cidade do Cabo”. O documento é uma declaração final do Movimento Lausanne a partir do congresso. Ele divide-se em duas partes. A primeira é uma declaração de fé, e a segunda um chamado para a ação. Entitulada “Para o Senhor que amamos: o nosso compromisso de fé”, a primeira parte do documento – com versão ainda provisória - enfatiza o verbo amar e é dividida em uma introdução e dez seções. Todos os participantes do evento receberam cópias do texto em sua própria língua. O trecho a seguir revela o tom do documento:
“Esta declaração foi firmada na linguagem do amor. O amor é a linguagem da aliança. As alianças bíblicas, antigas e novas, são expressão do amor redentor de Deus e da graça que alcança a humanidade perdida e a criação deteriorada. Em troca, elas pedem o nosso amor. O nosso amor se manifesta através da confiança, obediência e do compromisso apaixonado com a aliança do Senhor. O Pacto de Lausanne definiu a evangelização desta forma ‘toda a igreja levando todo o Evangelho para todo o mundo’. Esta continua sendo nossa paixão.”
A segunda parte ainda não foi elaborada. Para isso, há um grupo de trabalho de oito pessoas (entre elas, dois brasileiros: Valdir Steuernagel e Rosalee Veloso). Eles vão trabalhar na redação do documento, que deve ter sua primeira versão em novembro deste ano.
Lissânder Dias do Amaral é jornalista, blogueiro, poeta e editor de livros. Integra o Conselho Nacional da Interserve Brasil e o Conselho da Unimissional. É autor de “O Cotidiano Extraordinário – a vida em pequenas crônicas” e responsável pelo blog Fatos e Correlatos do Portal Ultimato. É um dos fundadores do Movimento Vocare e ajudou a criar as organizações cristãs de cooperação Rede Mãos Dadas e Rede Evangélica Nacional de Ação Social (RENAS).
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Site: http://www.fatosecorrelatos.com.br
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