Opinião
- 05 de agosto de 2022
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Tempos genuínos de despertamento – agosto de 1986 relembrado
Por Volney Faustini
Este depoimento foi escrito a convite da comissão à frente do projeto Legado & Louvor.
Como temos antecipado, no dia 3 de setembro realizaremos em São Paulo o evento Legado & Louvor. Seu propósito maior está em criar um grande acervo histórico de registros e relatos, entremeados com biografias de líderes e influenciadores que, usados por Deus, ao longo das últimas décadas do século 20 nos confiaram o estandarte de nossa marcha peregrina.
Como se diz na linguagem futebolística, o encontro será o pontapé inicial. E a bola a rolar será a constituição de um depositório digital com revistas, boletins, e vídeos que circularam à época, somado a uma compilação de depoimentos atualizados, formando um importante acervo de uma época muito importante na história do evangelicalismo brasileiro.
A Editora Ultimato está dando um grande apoio a essa iniciativa, idealizada por irmãs e irmãos que atuaram em diferentes linhas de frente de diferentes ministérios, e que reconhecem que foram abençoados pelo mover do Espírito Santo que tanto realizou e operou em nosso meio.
Tenho em mãos, para trazer à memória, a edição de número 2 da Revista Kerigma, publicada em agosto de 1986, da qual fui o idealizador e diretor. Quero destacar alguns pontos que foram retratados nesse número e que refletem um pouco do que estamos procurando resgatar.
Na capa dessa edição, temos Paulo Silas, o jogador e atleta de Cristo, ostentando o uniforme canarinho em campo, controlando a bola em pleno jogo. Em sua coluna “Política”, Robinson Cavalcanti (1944-2012) traz um extrato de seu livro Cristianismo e Política, com o título: “A ausência protestante na política”. Mais à frente, tem-se a coluna “Reflexões”, escrita por Caio Fabio, sob o título “O Gênesis nosso de cada dia”, com uma chamada para o que Deus é capaz de criar: “Tomar o nosso caos e desespero e torná-lo um lugar bonito. É a nossa gênese”.
Na coluna “Mulher”, Sonia Pezzato traz um oportuna provocação debaixo do título “Violência: denunciar resolve?”. Em destaque uma foto ilustra com um flagrante a delegada responsável pela Delegacia da Mulher (cargo recém-criado pelo então governo de São Paulo) em atendimento à uma mulher.
Folheando mais algumas páginas encontram-se as notícias do nosso meio. Em uma foto ilustrativa, cantam Guilherme Kerr Neto, Jorge Camargo, Jorge Redher e Nelson Bomilcar. Há uma chamada para a Conferência de Missões da Igreja Batista do Morumbi, que teve como conferencista Don Richardson (1935-2018), autor de O Totem da Paz. Noticiava também a excursão do grupo MILAD (Ministério de Adoração e Louvor) viajando pelo nordeste do Brasil.
Também como iniciativa do CPPC – Corpo de Psicólogos e Psiquiatras Cristãos era noticiada a “Jornada de Terapia da Pessoa” – que teria a como principal preletor o médico suíço e autor, Paul Tournier (1898-1986). Apesar de já estar nos seus 88 anos, ele havia aceito o convite para vir ao Brasil pela primeira vez. No entanto veio a falecer naquele mês. Considerado como o mais famoso médico cristão do século 20, ele estaria no palco juntamente com Reverendo José Cassio Martins, professor Karl Lachler, e Osmar Ludovico da Silva entre outros preletores.
Já no mês de setembro haveria em Poços de Caldas o III Congresso VINDE para pastores e líderes, onde falariam Caio Fábio, Andrew Kirk e Key Yuassa (1936 – 2021) entre outros.
Na última página, reservada para a seção “Humor”, o então jovem artista Paulo Ciola ilustrava no passado, presente e futuro, os diferentes formatos e meios de se contribuir.
A alegria de relembrar os eventos, bem como os irmãos e irmãs, que fizeram parte de nossa história, escolhendo tão somente um pequeno corte de poucos meses, nos constrange à gratidão. Foram vasos de barro nas mãos do Oleiro, atuando em nosso meio. E pela graça do bom Deus, trouxeram contribuições e marcas de um período tão efervescente para o evangelismo e de compromisso do Reino de Deus.
Parte do que somos hoje, certamente tem como causa o que Deus realizou nas décadas de 1960 a 1990, e essa singela amostra retrata bem como foram tempos genuínos de despertamento.
- Volney Faustini é futurista social. Membro da Primeira Igreja Presbiteriana Independente de SP, vem atuando em diversas frentes ministeriais desde a década de 1970.
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