Opinião
- 10 de março de 2015
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Surpreendido por C. S. Lewis
É comum ouvir impressões apressadas e que não demonstram o valor inquestionável de Surpreendido pela Alegria. Uma obra prima. Sim, eu a considero uma obra prima do gênero das autobiografias. E uma autobiografia em geral é mais trágica do que cômica, pelo fato de ser o retrato de uma vida, como é vista pelo seu personagem principal. Não digo que a vida seja, ela mesma, mais trágica do que cômica, mas apenas que tendemos a guardar na memória antes as coisas negativas do que as positivas.
Quem lê o livro de C. S. Lewis – Surpreendido pela Alegria –, escrito em 1955, sem ter lido nada sobre ele anteriormente, pode ficar achando que o autor é negativista e um pouco obscuro. Pois o livro focaliza as durezas pelas quais Lewis passou ao longo de sua vida. Quem lê o livro, depois de ter lido as Crônicas de Nárnia, fica decepcionado pela falta de humor e imaginação encontradas em suas páginas. E um teólogo de carteirinha pode achar que há pouca teologia no livro. Finalmente, uma pessoa não muito experiente com leitura, pode achar o livro difícil de ler e pesado.
Para ler Surpreendido pela Alegria, é preciso ir mais fundo, o que em alguns casos exigirá uma segunda ou terceira leitura. Pois, numa leitura rasa, ficamos sabendo da morte de sua mãe, das experiências difíceis nas escolas experimentais e da fuga de um Deus caçador e indomável. Até o processo de conversão de Lewis parece ter sido muito difícil ou doloroso, já que ele mesmo se assume como “o mais relutante de todos os convertidos”, que se tornou o título de uma biografia, muito boa por sinal, de David Downing.
Mas para ir além da primeira leitura, é preciso compreender o que está no título e se esconde o tempo todo nas entrelinhas da narrativa: a alegria. E então, já estamos diante de um paradoxo: como uma história de vida mais trágica do que cômica pode estar falando, numa leitura mais aprofundada, da alegria?
Isso, eu deixo por conta do leitor descobrir, mas revelo desde já que é aí precisamente, que se encontra a sua teologia e uma das mais profundas e contundentes provas para a existência de Deus e tratados sobre o sofrimento e o mal. Por isso é que eu recomendo que se leia “O Problema do Sofrimento”, escrito em 1940, antes de Surpreendido pela Alegria e “Anatomia de uma Dor”, escrita após a morte de Joy, depois.
Mas vamos falar um pouco do contexto da obra na vida de C. S. Lewis: Ele já era convertido há mais de 20 anos. Estava terminando de escrever as “Crônicas de Nárnia”. Cinco anos antes era publicado de “O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupas”. O ano de 1955 é o de “O Sobrinho do Mago” e um ano depois, quando se casa com Joy Davidman, ele publica “A Última Batalha”.
Esse é o ano de sua eleição para uma cadeira especialmente criada para ele em Literatura Medieval e Renascentista em Cambridge. É o ano também em que ele é eleito membro da Academia Britânica. Então, trata-se de um contexto de sucesso e grandes conquistas em que uma retrospectiva da vida pregressa era esperada e bem apropriada. E Surpreendido pela Alegria conta o segredo de tanto sucesso.
Na verdade, o livro que fala das surpresas da vida e das surpresas que Deus tem preparado para nós é, ele mesmo, surpreendente. Por isso, eu recomendo efusivamente essa leitura a todos aqueles interessados pela teologia e pela vida. Deixe-se surpreender e cativar pelo estilo inconfundível de C.S. Lewis, o escritor indomável.
Quem lê o livro de C. S. Lewis – Surpreendido pela Alegria –, escrito em 1955, sem ter lido nada sobre ele anteriormente, pode ficar achando que o autor é negativista e um pouco obscuro. Pois o livro focaliza as durezas pelas quais Lewis passou ao longo de sua vida. Quem lê o livro, depois de ter lido as Crônicas de Nárnia, fica decepcionado pela falta de humor e imaginação encontradas em suas páginas. E um teólogo de carteirinha pode achar que há pouca teologia no livro. Finalmente, uma pessoa não muito experiente com leitura, pode achar o livro difícil de ler e pesado.
Para ler Surpreendido pela Alegria, é preciso ir mais fundo, o que em alguns casos exigirá uma segunda ou terceira leitura. Pois, numa leitura rasa, ficamos sabendo da morte de sua mãe, das experiências difíceis nas escolas experimentais e da fuga de um Deus caçador e indomável. Até o processo de conversão de Lewis parece ter sido muito difícil ou doloroso, já que ele mesmo se assume como “o mais relutante de todos os convertidos”, que se tornou o título de uma biografia, muito boa por sinal, de David Downing.
Mas para ir além da primeira leitura, é preciso compreender o que está no título e se esconde o tempo todo nas entrelinhas da narrativa: a alegria. E então, já estamos diante de um paradoxo: como uma história de vida mais trágica do que cômica pode estar falando, numa leitura mais aprofundada, da alegria?
Isso, eu deixo por conta do leitor descobrir, mas revelo desde já que é aí precisamente, que se encontra a sua teologia e uma das mais profundas e contundentes provas para a existência de Deus e tratados sobre o sofrimento e o mal. Por isso é que eu recomendo que se leia “O Problema do Sofrimento”, escrito em 1940, antes de Surpreendido pela Alegria e “Anatomia de uma Dor”, escrita após a morte de Joy, depois.
Mas vamos falar um pouco do contexto da obra na vida de C. S. Lewis: Ele já era convertido há mais de 20 anos. Estava terminando de escrever as “Crônicas de Nárnia”. Cinco anos antes era publicado de “O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupas”. O ano de 1955 é o de “O Sobrinho do Mago” e um ano depois, quando se casa com Joy Davidman, ele publica “A Última Batalha”.
Esse é o ano de sua eleição para uma cadeira especialmente criada para ele em Literatura Medieval e Renascentista em Cambridge. É o ano também em que ele é eleito membro da Academia Britânica. Então, trata-se de um contexto de sucesso e grandes conquistas em que uma retrospectiva da vida pregressa era esperada e bem apropriada. E Surpreendido pela Alegria conta o segredo de tanto sucesso.
Na verdade, o livro que fala das surpresas da vida e das surpresas que Deus tem preparado para nós é, ele mesmo, surpreendente. Por isso, eu recomendo efusivamente essa leitura a todos aqueles interessados pela teologia e pela vida. Deixe-se surpreender e cativar pelo estilo inconfundível de C.S. Lewis, o escritor indomável.
É mestre e doutora em educação (USP) e doutora em estudos da tradução (UFSC). É autora de O Senhor dos Anéis: da fantasia à ética e tradutora de Um Ano com C.S. Lewis e Deus em Questão. Costuma se identificar como missionária no mundo acadêmico. É criadora e editora do site www.cslewis.com.br
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