Opinião
- 12 de agosto de 2010
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Sonho
Rodrigo de Lima Ferreira
Sonhei certo dia que estava entrando em uma igreja. A entrada dela era um portão grande, feito de carvalho, bem antigo. Suas paredes eram sólidas. Bem sólidas, grossas, feitas de pedra. Pareciam paredes de castelo medieval de tão fortes, sólidas e seguras. Mas essa igreja, que mais se parecia uma catedral de tão grande, era um lugar insalubre, pois não havia espaço para a entrada de luz. Não tinha iluminação interior, nem de velas. Apenas um púlpito feito para caber só um modelo de Bíblia, juntamente com um hinário devidamente autorizado. Os bancos eram de madeira, com direito a porta-copos de ceia e genuflexório acolchoado, para não machucar os joelhos. Ao chegar perto das paredes, vi que, em cada uma das pedras, havia algo escrito. Umas diziam “única visão teológica correta”, outras diziam “estatutos e regulamentos”, e em outras ainda estava escrito “quem não é por nós, é contra nós”. No sonho, ao começar o culto, vi que a plateia era formada apenas de manequins, desses de vitrines de lojas de roupas. Vi que o pastor também era um manequim, com exceção dos olhos, estes humanos, mas que choravam muito. Em momento nenhum vi Jesus naquele lugar. Quis sair logo daquele ambiente claustrofóbico e agonizante.
No sonho, fui a outra igreja. Era muito diferente da primeira. Também era muito grande, mas havia apenas uns panos furados servindo como paredes. Não havia portas, então qualquer um podia entrar e sair. Em vez de bancos, almofadas no chão. Não havia púlpito, já que não tinha Bíblia nem hinário. Era um ambiente de festa o tempo todo. Algo muito cansativo, por fim. Notei que nos panos também havia coisas escritas. Ao chegar perto, li “honra ao nosso líder e a Deus, que foi esperto em colocá-lo entre nós”, “somos livres dentro daquilo que a liderança afirma ser seguro”, “quem não é por nós, é contra nós”. O engraçado é que esta última frase fora encontrada na igreja anterior. Ao começar a concentração (há muito o termo “culto” saiu de moda nessa igreja), vi que a plateia também era formada de bonecos. Mas não eram manequins de vitrine, e sim aqueles bonecões de posto de gasolina, que ficam agitando os braços o tempo todo. O pastor também era um bonecão de posto, mas tinha olhos humanos e que estavam chorando. Da mesma forma, não vi Jesus por ali. Saí correndo.
Entrei numa terceira igreja. Suas paredes eram sólidas como a primeira, mas havia grandes e abundantes janelas, que permitiam a entrada da luz. Suas paredes protegiam o povo, mas não os sufocava como na primeira. Em vez de bancos de madeira, havia almofadas no chão como na segunda igreja. Isso permitia um ambiente mais informal, mas não de eterna festa irresponsável, como visto anteriormente. Vi que havia frases escritas nas paredes. Mas eram bem discretas, e todas diziam o seguinte: “retorno ao Evangelho simples do Deus simples”. Na hora em que começou o culto, vi que a plateia era formada de gente. Mas alguns ainda tinham partes de manequim. Outros, partes de bonecão de posto. O próprio pastor tinha partes de bonecão e de manequim. Mas ali ele não chorava. Pelo contrário, vi em seu rosto um misto de alegria e alívio. Além disso, vi naquela terceira igreja algo maravilhoso: Jesus estava ali, cuidando daquelas pessoas, retirando cuidadosamente as partes de manequim e de bonecão de posto, trocando por partes saudáveis de gente.
Logo acordei. Não acreditava direito no que tinha sonhado. Corri para a internet procurando alguma pista sobre a realidade deste meu sonho. Logo me deparei com notícias de um bonecão de posto amealhando muito dinheiro para “evangelizar” e de um manequim lançando um projeto semelhante. Então vi que meu sonho não era apenas uma descarga dos meus neurônios. Foi um aviso. Jesus está vendo o estado da igreja brasileira e logo restaurará a sanidade de seu povo, deixando para trás os bonecões, os manequins, suas estruturas e festas perenes. Pude, enfim, voltar a dormir tranquilo.
• Rodrigo de Lima Ferreira, casado, duas filhas, é pastor da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil desde 1997. Graduado em teologia e mestre em missões urbanas pela FTSA, hoje pastoreia a IPI de Rolim de Moura, RO. É autor de "Princípios Esquecidos" (Editora AGBooks). revdigao.wordpress.com
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Sonhei certo dia que estava entrando em uma igreja. A entrada dela era um portão grande, feito de carvalho, bem antigo. Suas paredes eram sólidas. Bem sólidas, grossas, feitas de pedra. Pareciam paredes de castelo medieval de tão fortes, sólidas e seguras. Mas essa igreja, que mais se parecia uma catedral de tão grande, era um lugar insalubre, pois não havia espaço para a entrada de luz. Não tinha iluminação interior, nem de velas. Apenas um púlpito feito para caber só um modelo de Bíblia, juntamente com um hinário devidamente autorizado. Os bancos eram de madeira, com direito a porta-copos de ceia e genuflexório acolchoado, para não machucar os joelhos. Ao chegar perto das paredes, vi que, em cada uma das pedras, havia algo escrito. Umas diziam “única visão teológica correta”, outras diziam “estatutos e regulamentos”, e em outras ainda estava escrito “quem não é por nós, é contra nós”. No sonho, ao começar o culto, vi que a plateia era formada apenas de manequins, desses de vitrines de lojas de roupas. Vi que o pastor também era um manequim, com exceção dos olhos, estes humanos, mas que choravam muito. Em momento nenhum vi Jesus naquele lugar. Quis sair logo daquele ambiente claustrofóbico e agonizante.
No sonho, fui a outra igreja. Era muito diferente da primeira. Também era muito grande, mas havia apenas uns panos furados servindo como paredes. Não havia portas, então qualquer um podia entrar e sair. Em vez de bancos, almofadas no chão. Não havia púlpito, já que não tinha Bíblia nem hinário. Era um ambiente de festa o tempo todo. Algo muito cansativo, por fim. Notei que nos panos também havia coisas escritas. Ao chegar perto, li “honra ao nosso líder e a Deus, que foi esperto em colocá-lo entre nós”, “somos livres dentro daquilo que a liderança afirma ser seguro”, “quem não é por nós, é contra nós”. O engraçado é que esta última frase fora encontrada na igreja anterior. Ao começar a concentração (há muito o termo “culto” saiu de moda nessa igreja), vi que a plateia também era formada de bonecos. Mas não eram manequins de vitrine, e sim aqueles bonecões de posto de gasolina, que ficam agitando os braços o tempo todo. O pastor também era um bonecão de posto, mas tinha olhos humanos e que estavam chorando. Da mesma forma, não vi Jesus por ali. Saí correndo.
Entrei numa terceira igreja. Suas paredes eram sólidas como a primeira, mas havia grandes e abundantes janelas, que permitiam a entrada da luz. Suas paredes protegiam o povo, mas não os sufocava como na primeira. Em vez de bancos de madeira, havia almofadas no chão como na segunda igreja. Isso permitia um ambiente mais informal, mas não de eterna festa irresponsável, como visto anteriormente. Vi que havia frases escritas nas paredes. Mas eram bem discretas, e todas diziam o seguinte: “retorno ao Evangelho simples do Deus simples”. Na hora em que começou o culto, vi que a plateia era formada de gente. Mas alguns ainda tinham partes de manequim. Outros, partes de bonecão de posto. O próprio pastor tinha partes de bonecão e de manequim. Mas ali ele não chorava. Pelo contrário, vi em seu rosto um misto de alegria e alívio. Além disso, vi naquela terceira igreja algo maravilhoso: Jesus estava ali, cuidando daquelas pessoas, retirando cuidadosamente as partes de manequim e de bonecão de posto, trocando por partes saudáveis de gente.
Logo acordei. Não acreditava direito no que tinha sonhado. Corri para a internet procurando alguma pista sobre a realidade deste meu sonho. Logo me deparei com notícias de um bonecão de posto amealhando muito dinheiro para “evangelizar” e de um manequim lançando um projeto semelhante. Então vi que meu sonho não era apenas uma descarga dos meus neurônios. Foi um aviso. Jesus está vendo o estado da igreja brasileira e logo restaurará a sanidade de seu povo, deixando para trás os bonecões, os manequins, suas estruturas e festas perenes. Pude, enfim, voltar a dormir tranquilo.
• Rodrigo de Lima Ferreira, casado, duas filhas, é pastor da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil desde 1997. Graduado em teologia e mestre em missões urbanas pela FTSA, hoje pastoreia a IPI de Rolim de Moura, RO. É autor de "Princípios Esquecidos" (Editora AGBooks). revdigao.wordpress.com
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