Opinião
- 10 de outubro de 2014
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Solus Christus
“Não há salvação em nenhum outro, pois, debaixo do céu não há nenhum outro nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos" (At 4.12).
No dia 31 de outubro de 1517 o monge agostiniano Martin Lutero convidava para um debate teológico estudantes de teologia, professores e o povo em geral. Seria mais um debate dentre outros que aconteciam costumeiramente. O gesto heroico de afixar as suas noventa cinco teses às portas da catedral de Wittemberg, na verdade, foi supervalorizado e ‘glamourizado’ pelos protestantes. Entretanto, o que era inaudito desta vez, era o assunto em pauta, o que seria debatido, isto é, a prática da venda de indulgências, seus reais benefícios, sua fundamentação escriturística e as intenções pretendidas e escondidas nesta prática.
Aquilo então que era para ser mais um debate entre outros, pelo conteúdo, gerou grande incômodo nas lideranças da igreja, que a coisa toda chegou ao conhecimento do Papa Leão X que num primeiro momento sequer deu atenção, julgando tudo não passar de uma agitação acadêmica ou de um pequeno distúrbio provocado por um monge alemão bêbado. Todavia, Deus serviu-se deste acontecimento como uma espécie de detonador que originou o que mais tarde seria conhecido como Reforma Protestante.
De tudo o que mais popularmente se conhece da Reforma são os cinco “solas” de Lutero, uma espécie de slogan distintivo do movimento: “Somente as Escrituras”; “Somente Cristo”; “Somente a Graça”; “Somente a Fé”; “Somente a Deus a Glória”. A Reforma é antes de tudo um redescobrimento da Palavra de Deus, sua veracidade, autoridade, primazia, reverência e instância máxima em matéria de fé e moral para a Igreja e para o crente. Estas verdades colocavam as Escrituras muito acima da Tradição dos Pais da Igreja, da autoridade dos Concílios Gerais e do Magistério do Papa. Como decorrência natural e inevitável desta redescoberta das Escrituras (Sola Scriptura) aparece então o distintivo: “Solus Crhistus”, isto é, “Somente Cristo”.
E não poderia ter sido diferente, pois, ao ler as Escrituras todos os crentes são levados ao encontro de Cristo uma vez que Ele é o centro das Escrituras. Agostinho já afirmara que Cristo é encontrado em cada página, em cada livro, em cada personagem, em cada acontecimento. Tudo aponta para Cristo e n’Ele toda a Escritura se cumpre. Também Jerônimo, um dos primeiro tradutores das Escrituras para uma língua vernácula ensinou que “ignorar as Escrituras é ignorar o próprio Cristo”.
Desde a perspectiva da evolução dos acontecimentos desencadeados a partir de 31 de outubro de 1517, quanto mais se aprofundava o debate sobre as indulgências, tanto mais emergia da leitura das Escrituras a exclusividade, a suficiência e os ofícios de Cristo como o único que poderia de fato, perdoar, salvar, adquirir bênçãos e graças temporais e espirituais, interceder em favor dos fiéis e finalmente colocar no céu um outrora pecador agora santificado. Esta exclusividade de Cristo anulava o “auxílio” dos santos e de maneira decisiva da “Virgem Maria”, sua suficiência decretava a falência e também a absurdidade das práticas requeridas pelas indulgências tais como longas penitências, jejuns desumanos, peregrinações a lugares santos, promessas e votos, a disciplina monástica e as boas obras como meios para a obtenção do perdão dos pecados e a santidade de vida que faz merecer o favor de Deus e o paraíso.
Os ofícios de Cristo redescobertos, entre outros, fez minar a autoridade absolutista do Papa, de seus dignitários e de todo o magistério eclesiástico. Somente Cristo é o Sumo sacerdote do Reino e da Igreja. E, nele, somos todos igualmente sacerdotes. Não há mais uma classe privilegiada de pessoas que estão habilitadas a comparecer diante de Deus e servi-lo, agora, todos os crentes possuem tal ofício. Cristo é o verdadeiro profeta, o único que fala e ensina com autoridade inquestionável e infalível a Palavra de Deus. Por isso mesmo, agora que estamos revestidos d’Ele, de sua justiça e santificação, sua verdade permanece em nós e podemos examinar livremente as Escrituras e não mais dependemos da autoridade da Igreja para lê-la e interpretá-la, conquanto não possamos fazer interpretações a nosso bel prazer.
Cristo é o Rei, o único soberano chefe e cabeça da Igreja e de toda a criação. Ele é o único que pode reivindicar direitos sobre a Igreja e exigir obediência incondicional e submissão amorosa total. 497 anos depois a atualidade do debate continua e o conteúdo, infelizmente também. Agora, quem sabe não mais Roma, Leão X ou Tetzel sejam os nossos antagonistas, todavia, suas práticas e ideias revivem e sobrevivem em muitos setores de nossos arraiais evangélicos. Oremos pedindo a Deus que passemos a cavar mais fundo na mina das Escrituras para reencontrarmos o Cristo puro, livre das impurezas dos muitos acréscimos de nossas tradições, costumes e arrogante vaidade. Nada sem Cristo. Tudo por Ele e n’Ele.
No dia 31 de outubro de 1517 o monge agostiniano Martin Lutero convidava para um debate teológico estudantes de teologia, professores e o povo em geral. Seria mais um debate dentre outros que aconteciam costumeiramente. O gesto heroico de afixar as suas noventa cinco teses às portas da catedral de Wittemberg, na verdade, foi supervalorizado e ‘glamourizado’ pelos protestantes. Entretanto, o que era inaudito desta vez, era o assunto em pauta, o que seria debatido, isto é, a prática da venda de indulgências, seus reais benefícios, sua fundamentação escriturística e as intenções pretendidas e escondidas nesta prática.
Aquilo então que era para ser mais um debate entre outros, pelo conteúdo, gerou grande incômodo nas lideranças da igreja, que a coisa toda chegou ao conhecimento do Papa Leão X que num primeiro momento sequer deu atenção, julgando tudo não passar de uma agitação acadêmica ou de um pequeno distúrbio provocado por um monge alemão bêbado. Todavia, Deus serviu-se deste acontecimento como uma espécie de detonador que originou o que mais tarde seria conhecido como Reforma Protestante.
De tudo o que mais popularmente se conhece da Reforma são os cinco “solas” de Lutero, uma espécie de slogan distintivo do movimento: “Somente as Escrituras”; “Somente Cristo”; “Somente a Graça”; “Somente a Fé”; “Somente a Deus a Glória”. A Reforma é antes de tudo um redescobrimento da Palavra de Deus, sua veracidade, autoridade, primazia, reverência e instância máxima em matéria de fé e moral para a Igreja e para o crente. Estas verdades colocavam as Escrituras muito acima da Tradição dos Pais da Igreja, da autoridade dos Concílios Gerais e do Magistério do Papa. Como decorrência natural e inevitável desta redescoberta das Escrituras (Sola Scriptura) aparece então o distintivo: “Solus Crhistus”, isto é, “Somente Cristo”.
E não poderia ter sido diferente, pois, ao ler as Escrituras todos os crentes são levados ao encontro de Cristo uma vez que Ele é o centro das Escrituras. Agostinho já afirmara que Cristo é encontrado em cada página, em cada livro, em cada personagem, em cada acontecimento. Tudo aponta para Cristo e n’Ele toda a Escritura se cumpre. Também Jerônimo, um dos primeiro tradutores das Escrituras para uma língua vernácula ensinou que “ignorar as Escrituras é ignorar o próprio Cristo”.
Desde a perspectiva da evolução dos acontecimentos desencadeados a partir de 31 de outubro de 1517, quanto mais se aprofundava o debate sobre as indulgências, tanto mais emergia da leitura das Escrituras a exclusividade, a suficiência e os ofícios de Cristo como o único que poderia de fato, perdoar, salvar, adquirir bênçãos e graças temporais e espirituais, interceder em favor dos fiéis e finalmente colocar no céu um outrora pecador agora santificado. Esta exclusividade de Cristo anulava o “auxílio” dos santos e de maneira decisiva da “Virgem Maria”, sua suficiência decretava a falência e também a absurdidade das práticas requeridas pelas indulgências tais como longas penitências, jejuns desumanos, peregrinações a lugares santos, promessas e votos, a disciplina monástica e as boas obras como meios para a obtenção do perdão dos pecados e a santidade de vida que faz merecer o favor de Deus e o paraíso.
Os ofícios de Cristo redescobertos, entre outros, fez minar a autoridade absolutista do Papa, de seus dignitários e de todo o magistério eclesiástico. Somente Cristo é o Sumo sacerdote do Reino e da Igreja. E, nele, somos todos igualmente sacerdotes. Não há mais uma classe privilegiada de pessoas que estão habilitadas a comparecer diante de Deus e servi-lo, agora, todos os crentes possuem tal ofício. Cristo é o verdadeiro profeta, o único que fala e ensina com autoridade inquestionável e infalível a Palavra de Deus. Por isso mesmo, agora que estamos revestidos d’Ele, de sua justiça e santificação, sua verdade permanece em nós e podemos examinar livremente as Escrituras e não mais dependemos da autoridade da Igreja para lê-la e interpretá-la, conquanto não possamos fazer interpretações a nosso bel prazer.
Cristo é o Rei, o único soberano chefe e cabeça da Igreja e de toda a criação. Ele é o único que pode reivindicar direitos sobre a Igreja e exigir obediência incondicional e submissão amorosa total. 497 anos depois a atualidade do debate continua e o conteúdo, infelizmente também. Agora, quem sabe não mais Roma, Leão X ou Tetzel sejam os nossos antagonistas, todavia, suas práticas e ideias revivem e sobrevivem em muitos setores de nossos arraiais evangélicos. Oremos pedindo a Deus que passemos a cavar mais fundo na mina das Escrituras para reencontrarmos o Cristo puro, livre das impurezas dos muitos acréscimos de nossas tradições, costumes e arrogante vaidade. Nada sem Cristo. Tudo por Ele e n’Ele.
Luiz Fernando dos Santos (1970-2022), foi ministro presbiteriano e era casado com Regina, pai da Talita e professor de teologia no Seminário Presbiteriano do Sul e no Seminário Teológico Servo de Cristo.
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