Opinião
- 25 de fevereiro de 2021
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Sobre consolação, consoladores e Consolador
Por Ivan Abreu Figueiredo
A realidade da dor partilhada, seja individual ou coletiva, abre avenidas de compreensão. Todos teremos ocasião de sermos reduzidos ao básico do básico, sentir-nos pequenos e impotentes diante de circunstâncias além do nosso controle.
De fato, a necessidade de consolo é comum a todos. E aí a gente percebe não ser por acaso, e sim muito intencional, a opção da Escritura pela palavra consolador para se referir ao Espírito do Pai. Sim, porque ser sujeito ou objeto de consolação cria laços fortes, restaura forças, aviva esperanças, resgata dos tropeços da amargura.
É consolador passear pela Palavra com atenção voltada para consolação e consoladores. Percebemos a inequívoca aprovação dos que se dispõem a estar junto dos sofredores, a clara reprovação dos que trazem consolos falsos, dissociados da realidade, a aversão às interpretações "espirituais" que conectam doença e desgraça a falhas morais dos sofredores que lhes trouxeram castigo.
A imaturidade busca culpados, como na pergunta feita a Jesus sobre um cego de nascença: "Quem pecou, este ou seus pais?" (um primor de insensibilidade essa indagação). Ao negar categoricamente esta linha de interpretação, o Mestre nos chama a crescer, mesmo feridos: "Nem ele nem seus pais pecaram, mas isto aconteceu para que a obra de Deus se manifestasse na vida dele".
Os exemplos são muitos, como Rute consolando sua sogra depois de enviuvar e sendo consolada por Boaz, com espaço para a doce restauração da vida afetiva; Ester corajosamente se arriscando pelo seu povo ameaçado de extermínio; Davi tentando mesmo em meio à crescente incompreensão retirar de Saul uma tristeza destrutiva. Barnabé e Ananias consolando o ex-perseguidor Paulo, que veio a consolar Timóteo como quem acalenta um filho.
Consolação na forma de abraço, hospitalidade, chorar junto, orar e clamar junto pela misericórdia do Pai. Cimento restaurador dos despedaçados, tantas vezes eles mesmos consoladores apesar de suas dores.
A atitude consoladora detona com a lógica insensível e antipática que se compraz em ter razão ao ver confirmados seus sombrios prognósticos. Não se detém numa insensata equação de causa e efeito evidentes, reconhece o imponderável na vida, olha para o Pai Consolador em busca de ânimo.
E aí a gente reconhece precisar baixar a bola, dar espaço para o compromisso e a solidariedade, andar intencionalmente na contramão da indiferença, porque todos precisamos ser consolados e todos podemos consolar em algum momento.
Os frutos do ódio, alienação e intolerância estão por demais expostos, assim como a destruição pessoal e social que trazem.
Torna-se cada dia mais urgente o chamado de John Stott para vivermos a contracultura cristã na prática, o que inevitavelmente passa por nosso compromisso com o ministério da consolação mútua.
Ivan Abreu Figueiredo, médico, professor universitário, membro da Igreja Batista Plenitude, São Luís, MA.
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