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- 08 de junho de 2018
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Simpósio aborda a relação entre cristãos e direitos humanos no século 21
Por Paula Mazzini e Tábata Mori
O que crianças, idosos, mulheres violentadas e refugiados têm em comum? Eles precisam urgentemente de um olhar atencioso e compassivo da Igreja. Esta foi a convocação do 2º Simpósio de Justiça Social do Exército de Salvação, que reuniu cerca de 200 pessoas em São Paulo, no período de 31 de maio a 3 de junho.
Com o tema “Direitos Humanos: Espiritualidade, Refugiados, Tráfico de Pessoas e Violência contra a Mulher”, o evento refletiu bíblica, social e missiologicamente temas que ainda não alcançaram os ouvidos e corações de muitos cristãos brasileiros.
O Coronel Dean Pallant, diretor da comissão Internacional de Justiça Social do Exército de Salvação, fez suas preleções sobre o papel e o futuro dos Direitos Humanos no século 21. Ele lembrou que os fundamentos do Direitos Humanos são encontrados, antes de tudo, na maioria das religiões mundiais, ele resgata o papel da religião, pois assim como os líderes religiosos são importantes para pôr em prática as metas dos Direitos Humanos, estes são para nós, cristãos, ferramenta de Deus para responder às questões sobre dignidade humana que defendemos. “Os líderes religiosos não devem se tornar papagaios – recitando mensagens da ONU -, mas devem ser capazes de explicar como esses direitos são fundamentais uma vez que compreendem a maneira como Deus quer que as pessoas vivam.”
Em sua reflexão sobre “Espiritualidade e Justiça Social”, Dionísio Silva, diretor da Faculdade de Teologia Metodista Livre, disse que ao mesmo tempo que os momentos de crise despertam nossa espiritualidade, ela tende a ser muito mais de fuga do mundo e dos relacionamentos, mostrando-se indiferente e platônica e chama-nos a uma espiritualidade encarnada, pública, indignada e solidária. Pois “justiça é coisa de igreja, a gente inventou esse negócio”, afirmou Ariovaldo Ramos em sua exposição em Lucas 3.1-13, lembrando-nos que arrependimento para o qual somos chamados gera mudança não porque nos tornamos bonzinhos e começamos a fazer coisas boas, mas porque passamos a viver de Deus: “A fé cristã é uma fé de poder e não uma fé de tarefas... Recebereis poder e sereis [minhas testemunhas]...”.
José Prado, presidente da Rede Evangélica de Apoio ao Migrante e Refugiado (REMIR), chamou a atenção da Igreja brasileira para o movimento de diáspora que Deus está realizando no mundo. Este deslocamento de pessoas representa um desafio para a igreja, mas também a oportunidade de servir: acolher, hospedar, cuidar e ao lado desse testemunho de vida está a oportunidade de falar do Deus a quem servimos, oportunidade que eles não teriam, mas que a Igreja talvez também não tivesse, nos seus países de origem. Ao abordar o tema “Religiões, Justiça Socioambiental e Migrantes”, o padre Gilbraz Aragão, chama a Igreja para atentar para direitos como terra, água, ir e vir e se relacionar com a criação como um todo, assim como exercer seus dons sobre ela. Direitos que, segundo ele, ainda não têm sido pensados ao se falar em refugiados.
Cleuton Soares, presidente da ONG Simples Atitude, trouxe dados alarmantes sobre o desaparecimento de crianças no Brasil: são 40 mil por ano, para fins de exploração sexual, tráfico de órgãos, adoção ilegal e sacrifícios humanos. A secretária executiva da RENAS, Tânia Medeiros, complementou a temática ao convocar os participantes a se engajarem em oração, aproveitando a ocasião do 23º Mutirão Mundial de Oração por Crianças e Adolescentes em Situação de Vulnerabilidade Social.
A vereadora e psicóloga Patrícia Bezerra foi uma das várias vozes que reverberaram o tema da violência contra a mulher e o triste fato de que, apesar da existência de leis como a Maria da Penha, a mulher continua em situação de vulnerabilidade e discriminação, especialmente se pertencente ao grupo dos 3P: Preta, Pobre e Periférica. Pelas estatísticas percebeu-se também que o fato de uma família se dizer evangélica tem feito pouca diferença quando a questão é violência doméstica. E a igreja, infelizmente, tem sido omissa, seja ao defender a vítima, denunciar o agressor ou prevenir o fato.
Outros temas de igual importância também foram abordados, como os direitos dos transexuais e os absurdos e consequências da mutilação genital feminina – pratica cultural ainda presente em dezenas de países.
Mais do que um simpósio didático, o evento trouxe um alerta: quem se diz cristão numa sociedade com problemas tão sérios precisa fazer mais do que exercer sua religiosidade domingueira – é necessário e urgente se envolver com o mundo e suas misérias e fazer o que for preciso para que os sinais de um reino de justiça comecem a ser vistos imediatamente.
>> Clique aqui e veja mais fotos do 2º Simpósito de Justiça Social do Exército de Salvação
• Paula Mazzini, Tenente do Exército de Salvação.
• Tábata Mori, missionária da Igreja Presbiteriana do Brasil e jornalista
O que crianças, idosos, mulheres violentadas e refugiados têm em comum? Eles precisam urgentemente de um olhar atencioso e compassivo da Igreja. Esta foi a convocação do 2º Simpósio de Justiça Social do Exército de Salvação, que reuniu cerca de 200 pessoas em São Paulo, no período de 31 de maio a 3 de junho.
Com o tema “Direitos Humanos: Espiritualidade, Refugiados, Tráfico de Pessoas e Violência contra a Mulher”, o evento refletiu bíblica, social e missiologicamente temas que ainda não alcançaram os ouvidos e corações de muitos cristãos brasileiros.
O Coronel Dean Pallant, diretor da comissão Internacional de Justiça Social do Exército de Salvação, fez suas preleções sobre o papel e o futuro dos Direitos Humanos no século 21. Ele lembrou que os fundamentos do Direitos Humanos são encontrados, antes de tudo, na maioria das religiões mundiais, ele resgata o papel da religião, pois assim como os líderes religiosos são importantes para pôr em prática as metas dos Direitos Humanos, estes são para nós, cristãos, ferramenta de Deus para responder às questões sobre dignidade humana que defendemos. “Os líderes religiosos não devem se tornar papagaios – recitando mensagens da ONU -, mas devem ser capazes de explicar como esses direitos são fundamentais uma vez que compreendem a maneira como Deus quer que as pessoas vivam.”
Em sua reflexão sobre “Espiritualidade e Justiça Social”, Dionísio Silva, diretor da Faculdade de Teologia Metodista Livre, disse que ao mesmo tempo que os momentos de crise despertam nossa espiritualidade, ela tende a ser muito mais de fuga do mundo e dos relacionamentos, mostrando-se indiferente e platônica e chama-nos a uma espiritualidade encarnada, pública, indignada e solidária. Pois “justiça é coisa de igreja, a gente inventou esse negócio”, afirmou Ariovaldo Ramos em sua exposição em Lucas 3.1-13, lembrando-nos que arrependimento para o qual somos chamados gera mudança não porque nos tornamos bonzinhos e começamos a fazer coisas boas, mas porque passamos a viver de Deus: “A fé cristã é uma fé de poder e não uma fé de tarefas... Recebereis poder e sereis [minhas testemunhas]...”.
José Prado, presidente da Rede Evangélica de Apoio ao Migrante e Refugiado (REMIR), chamou a atenção da Igreja brasileira para o movimento de diáspora que Deus está realizando no mundo. Este deslocamento de pessoas representa um desafio para a igreja, mas também a oportunidade de servir: acolher, hospedar, cuidar e ao lado desse testemunho de vida está a oportunidade de falar do Deus a quem servimos, oportunidade que eles não teriam, mas que a Igreja talvez também não tivesse, nos seus países de origem. Ao abordar o tema “Religiões, Justiça Socioambiental e Migrantes”, o padre Gilbraz Aragão, chama a Igreja para atentar para direitos como terra, água, ir e vir e se relacionar com a criação como um todo, assim como exercer seus dons sobre ela. Direitos que, segundo ele, ainda não têm sido pensados ao se falar em refugiados.
Cleuton Soares, presidente da ONG Simples Atitude, trouxe dados alarmantes sobre o desaparecimento de crianças no Brasil: são 40 mil por ano, para fins de exploração sexual, tráfico de órgãos, adoção ilegal e sacrifícios humanos. A secretária executiva da RENAS, Tânia Medeiros, complementou a temática ao convocar os participantes a se engajarem em oração, aproveitando a ocasião do 23º Mutirão Mundial de Oração por Crianças e Adolescentes em Situação de Vulnerabilidade Social.
A vereadora e psicóloga Patrícia Bezerra foi uma das várias vozes que reverberaram o tema da violência contra a mulher e o triste fato de que, apesar da existência de leis como a Maria da Penha, a mulher continua em situação de vulnerabilidade e discriminação, especialmente se pertencente ao grupo dos 3P: Preta, Pobre e Periférica. Pelas estatísticas percebeu-se também que o fato de uma família se dizer evangélica tem feito pouca diferença quando a questão é violência doméstica. E a igreja, infelizmente, tem sido omissa, seja ao defender a vítima, denunciar o agressor ou prevenir o fato.
Outros temas de igual importância também foram abordados, como os direitos dos transexuais e os absurdos e consequências da mutilação genital feminina – pratica cultural ainda presente em dezenas de países.
Mais do que um simpósio didático, o evento trouxe um alerta: quem se diz cristão numa sociedade com problemas tão sérios precisa fazer mais do que exercer sua religiosidade domingueira – é necessário e urgente se envolver com o mundo e suas misérias e fazer o que for preciso para que os sinais de um reino de justiça comecem a ser vistos imediatamente.
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• Paula Mazzini, Tenente do Exército de Salvação.
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