Opinião
- 17 de agosto de 2018
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Sexo e gênero: o “x” da questão
Por David Riker
O revolucionário do gênero brada: “todxs são lindes”.
Embora comemorem os cinquenta anos do mote de 1968 – “é proibido proibir” –, os subversivos do século XXI estão desautorizando as letras da opressão, a saber: “a” e “o” no final de substantivos. Eis o novo dialeto dos eleitos, segundo os quais, o “x” deve ser elevado a uma condição que nunca teve: “artigo neutro descolado” (vejam: até o “x”, coitado, gramaticalmente mudou de sexo: artigo trans).
Neste fervor, implementa-se uma “novilíngua” (usando uma expressão de George Orwell) a qual prevalece sempre que o “objetivo primário da linguagem – descrever a realidade – é substituído pelo objetivo rival de exercer poder sobre ela”1, segundo escreve o filósofo Roger Scruton. A nova onda gramatical violenta o português e o protege da influência das coisas reais.
O contemporâneo típico tem ojeriza à realidade, às obviedade sólidas evidentes no sexo biológico. Esta realfobia é fértil em criar fantasmagóricas identidades de gênero com tanto lastro científico quanto a tese de que o planeta Terra é plano. Com o agravante de que a asneira “Terra plana” é vista como folclore youtúbico, em contrapartida, o tal gênero fluido é tido como ciência verdadeira (purificada pelo espírito revolucionário).
Os desdobramentos desse novo vocabulário violentam a inteligência alheia. Explico: vi no Instagram um casal gay famoso misturando os espermas de ambos num copinho (por assim dizer) e anunciando que ao ser inseminado num útero alugado, o filho será dos dois pais. Opa! “Filho de dois humanos do mesmo sexo” é uma frase fofa e inclusiva, porém cientificamente mentirosa, por isso ideológica. Para melhor entender, pensemos no óbvio ululante: fazer um espermashake (mix de dois gametas masculinos distintos) não cria, magicamente, uma terceira célula híbrida pertencente aos dois. Portanto, do ponto de vista da biologia (que é ciência por mais que Simone de Beauvior torça o nariz) o filho será, geneticamente, apenas de um. Calma! Estou ciente que paternidade não é um fenômeno puramente biológico. Contudo, tentar subverter os fatos ligados ao sexo e à reprodução com retórica pós-moderna oca está na ordem do dia, por isso minha ênfase na maneira como as irrealidades são anunciadas como realidades. E, o pior: o povo de Iphone acredita.
Na mesma esteira, expressões como “homem grávido” (dispenso-me explanar porque é falso) e “fulanx mudou de sexo” – frase que celebra algo impossível, pois para mudar o sexo precisaria mudar os cromossomos de todas os trilhões de células – são constructos ideológicos tomados como verdadeiros em nome de uma agenda de desconstrução agressiva que está negando a objetividade científica, demonizando o patrimônio antropológico e deseducando multidões tanto no português quanto na biologia.
Esta agenda inclui adotar a confusão anárquica como solução para os conflitos de desigualdades/violências entre gêneros. Segundo eles, a confusão nos salvará. Ora, quer dizer então que, para conseguir o respeito entre os indivíduos, precisamos ensinar que toda a esfera física e natural da sexualidade é irrelevante? E que qualquer resquício cultural/linguístico que faça alusão aos sexos deve ser extirpado da memoria da próxima geração, pois assim serão inclusivos e pacíficos? Falácias. Precisamos ensinar o respeito sem abdicar da realidade. Promover o diálogo sem anuir à imposição arbitrária, artificial e totalitária de transmutações linguísticas.
Em suma, enquanto o revolucionário século XXI (ou século XX(Y)I – para não ofender caso este seja um(a) século intersexual não binário) – brada para “todxs”, buscando negar o sexo, nós, podemos continuar a afirmar tradicional e educadamente: “Habemus sexus”. E, o temos em “a” e em “o”.
Nota
1. Scruton, Roger. Tolos, fraudes e militantes: pensadores da Nova Esquerda; tradução de Alessandra Bonrruquer. – 1ª ed. – Rio de Janeiro: Record, 2018.
• David Riker é casado e pai de um casal de filhos. É graduado em Teologia e Arte-educação e graduando em Filosofia. Ademais, pela graça de Deus, serve como pastor na Terceira Igreja Presbiteriana de Belo Horizonte/MG além de liderar o Ministério SER e a Rede Ministerial Exodus Brasil, cujo objetivo é a capacitação da igreja para atuar diante dos conflitos contemporâneos da sexualidade.
O revolucionário do gênero brada: “todxs são lindes”.
Embora comemorem os cinquenta anos do mote de 1968 – “é proibido proibir” –, os subversivos do século XXI estão desautorizando as letras da opressão, a saber: “a” e “o” no final de substantivos. Eis o novo dialeto dos eleitos, segundo os quais, o “x” deve ser elevado a uma condição que nunca teve: “artigo neutro descolado” (vejam: até o “x”, coitado, gramaticalmente mudou de sexo: artigo trans).
Neste fervor, implementa-se uma “novilíngua” (usando uma expressão de George Orwell) a qual prevalece sempre que o “objetivo primário da linguagem – descrever a realidade – é substituído pelo objetivo rival de exercer poder sobre ela”1, segundo escreve o filósofo Roger Scruton. A nova onda gramatical violenta o português e o protege da influência das coisas reais.
O contemporâneo típico tem ojeriza à realidade, às obviedade sólidas evidentes no sexo biológico. Esta realfobia é fértil em criar fantasmagóricas identidades de gênero com tanto lastro científico quanto a tese de que o planeta Terra é plano. Com o agravante de que a asneira “Terra plana” é vista como folclore youtúbico, em contrapartida, o tal gênero fluido é tido como ciência verdadeira (purificada pelo espírito revolucionário).
Os desdobramentos desse novo vocabulário violentam a inteligência alheia. Explico: vi no Instagram um casal gay famoso misturando os espermas de ambos num copinho (por assim dizer) e anunciando que ao ser inseminado num útero alugado, o filho será dos dois pais. Opa! “Filho de dois humanos do mesmo sexo” é uma frase fofa e inclusiva, porém cientificamente mentirosa, por isso ideológica. Para melhor entender, pensemos no óbvio ululante: fazer um espermashake (mix de dois gametas masculinos distintos) não cria, magicamente, uma terceira célula híbrida pertencente aos dois. Portanto, do ponto de vista da biologia (que é ciência por mais que Simone de Beauvior torça o nariz) o filho será, geneticamente, apenas de um. Calma! Estou ciente que paternidade não é um fenômeno puramente biológico. Contudo, tentar subverter os fatos ligados ao sexo e à reprodução com retórica pós-moderna oca está na ordem do dia, por isso minha ênfase na maneira como as irrealidades são anunciadas como realidades. E, o pior: o povo de Iphone acredita.
Na mesma esteira, expressões como “homem grávido” (dispenso-me explanar porque é falso) e “fulanx mudou de sexo” – frase que celebra algo impossível, pois para mudar o sexo precisaria mudar os cromossomos de todas os trilhões de células – são constructos ideológicos tomados como verdadeiros em nome de uma agenda de desconstrução agressiva que está negando a objetividade científica, demonizando o patrimônio antropológico e deseducando multidões tanto no português quanto na biologia.
Esta agenda inclui adotar a confusão anárquica como solução para os conflitos de desigualdades/violências entre gêneros. Segundo eles, a confusão nos salvará. Ora, quer dizer então que, para conseguir o respeito entre os indivíduos, precisamos ensinar que toda a esfera física e natural da sexualidade é irrelevante? E que qualquer resquício cultural/linguístico que faça alusão aos sexos deve ser extirpado da memoria da próxima geração, pois assim serão inclusivos e pacíficos? Falácias. Precisamos ensinar o respeito sem abdicar da realidade. Promover o diálogo sem anuir à imposição arbitrária, artificial e totalitária de transmutações linguísticas.
Em suma, enquanto o revolucionário século XXI (ou século XX(Y)I – para não ofender caso este seja um(a) século intersexual não binário) – brada para “todxs”, buscando negar o sexo, nós, podemos continuar a afirmar tradicional e educadamente: “Habemus sexus”. E, o temos em “a” e em “o”.
Nota
1. Scruton, Roger. Tolos, fraudes e militantes: pensadores da Nova Esquerda; tradução de Alessandra Bonrruquer. – 1ª ed. – Rio de Janeiro: Record, 2018.
• David Riker é casado e pai de um casal de filhos. É graduado em Teologia e Arte-educação e graduando em Filosofia. Ademais, pela graça de Deus, serve como pastor na Terceira Igreja Presbiteriana de Belo Horizonte/MG além de liderar o Ministério SER e a Rede Ministerial Exodus Brasil, cujo objetivo é a capacitação da igreja para atuar diante dos conflitos contemporâneos da sexualidade.
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