Opinião
- 02 de fevereiro de 2021
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Saiam de suas igrejas e influenciem a sociedade... Mas como?
Por Matheus Aleixo Loures
De que maneira uma igreja pode ser uma “presença fiel” nos diversos setores da sociedade?
Recentemente muitos movimentos avivalistas e de liderança incentivaram o cristão a não ficar somente dentro da igreja, mas a sair e influenciar os vários setores da sociedade. Porém a questão que não fica clara nessa proposta é: como devemos fazer isso? A verdade é que a maioria dos movimentos que têm feito esse incentivo não tem oferecido uma resposta clara à questão. Partir do senso comum, ou, no máximo, de uma teologia genérica não ajuda muito. A falta de um pensamento e de uma metodologia que estejam dentro da própria tradição cristã vem fazendo com que muitos busquem inspiração em narrativas que brotam do atual ambiente de polarização política. Apontar esse vácuo se faz necessário, pois não é possível atuarmos como cristãos na esfera pública sem saber o que Deus quer de nós nesse lugar.
Existem dois conceitos teológicos básicos capazes de iluminar o entendimento do crente para agir nas diversas áreas de influência da sociedade: criação e graça comum. Uma sólida teologia da criação nos leva a entender as leis e os potenciais que Deus colocou em cada uma das esferas criacionais. Para exemplificar, pensemos no caso de um professor de biologia que se questiona: “O que eu posso fazer para honrar a Deus na minha profissão?”. Ora, simplesmente estudar e entender as leis e os segredos que Deus, intencionalmente, colocou na natureza. Vale ressaltar que ele deve entender tudo como dádiva, pois, por trás de cada minúcia biológica existe a intencionalidade de um criador amoroso. Isso nos leva ao próximo conceito, o de graça comum. Sem a compreensão dela estaremos numa eterna peleja com quem não é cristão, com o fardo de superá-los a todo momento. Deus estabeleceu leis para cada esfera da criação e nós o glorificamos aos segui-las. Todas as pessoas, nas diversas áreas de atuação, quando realizam bem o seu trabalho contribuem para o máximo florescimento dos potenciais que Deus colocou na criação. Devido à graça comum, o não cristão também pode participar disso e, não raras vezes, o faz melhor do que o cristão.
Na hora do envolvimento prático com a esfera pública podemos destacar três grandes paradigmas. O primeiro deles é o de domínio, no qual o cristão deve conquistar o território que era ocupado pelo inimigo. Nesse conceito a batalha espiritual se une à guerra cultural, compondo o arsenal para uma postura bélica. Diante disso temos o dever profético de nos lembrar das virtudes bíblicas de mansidão, pacificação e benignidade. O segundo paradigma é entender que o papel do cristão é basicamente exercer influência. Isso não é errado, porém a fraqueza deste foco está no fato de que ser sempre influente pode fazer com que o cristão acabe usurpando o papel do Espírito. Talvez, com base na tendência dos modelos de gestão empresarial, acabemos na crença de que tudo depende de uma otimização da performance. Por fim, temos a via do serviço, por meio do qual entendemos que Deus já tomou a inciativa do cuidado e da restauração de sua criação. Ele usa todos os seres humanos por meio da “graça comum”, e o cristão entra como um catalisador dos processos e não necessariamente como o protagonista. Por meio do serviço podemos colaborar para que a sociedade e o próximo revelem o máximo de seu potencial.
Estes são os passos para uma igreja que almeja a tão sonhada “presença fiel” nos diversos setores da sociedade.
• Matheus Aleixo Loures é pastor da Comunidade Caverna de Adulão e missionário em Alto Paraíso de Goiás, GO. Formado em jornalismo e pós-graduando em ciências humanas, trabalha como coordenador de jornalismo na rádio São Jorge.
>> Conheça o livro Missão Integral, de C. René Padilla
De que maneira uma igreja pode ser uma “presença fiel” nos diversos setores da sociedade?
Recentemente muitos movimentos avivalistas e de liderança incentivaram o cristão a não ficar somente dentro da igreja, mas a sair e influenciar os vários setores da sociedade. Porém a questão que não fica clara nessa proposta é: como devemos fazer isso? A verdade é que a maioria dos movimentos que têm feito esse incentivo não tem oferecido uma resposta clara à questão. Partir do senso comum, ou, no máximo, de uma teologia genérica não ajuda muito. A falta de um pensamento e de uma metodologia que estejam dentro da própria tradição cristã vem fazendo com que muitos busquem inspiração em narrativas que brotam do atual ambiente de polarização política. Apontar esse vácuo se faz necessário, pois não é possível atuarmos como cristãos na esfera pública sem saber o que Deus quer de nós nesse lugar.
Existem dois conceitos teológicos básicos capazes de iluminar o entendimento do crente para agir nas diversas áreas de influência da sociedade: criação e graça comum. Uma sólida teologia da criação nos leva a entender as leis e os potenciais que Deus colocou em cada uma das esferas criacionais. Para exemplificar, pensemos no caso de um professor de biologia que se questiona: “O que eu posso fazer para honrar a Deus na minha profissão?”. Ora, simplesmente estudar e entender as leis e os segredos que Deus, intencionalmente, colocou na natureza. Vale ressaltar que ele deve entender tudo como dádiva, pois, por trás de cada minúcia biológica existe a intencionalidade de um criador amoroso. Isso nos leva ao próximo conceito, o de graça comum. Sem a compreensão dela estaremos numa eterna peleja com quem não é cristão, com o fardo de superá-los a todo momento. Deus estabeleceu leis para cada esfera da criação e nós o glorificamos aos segui-las. Todas as pessoas, nas diversas áreas de atuação, quando realizam bem o seu trabalho contribuem para o máximo florescimento dos potenciais que Deus colocou na criação. Devido à graça comum, o não cristão também pode participar disso e, não raras vezes, o faz melhor do que o cristão.
Na hora do envolvimento prático com a esfera pública podemos destacar três grandes paradigmas. O primeiro deles é o de domínio, no qual o cristão deve conquistar o território que era ocupado pelo inimigo. Nesse conceito a batalha espiritual se une à guerra cultural, compondo o arsenal para uma postura bélica. Diante disso temos o dever profético de nos lembrar das virtudes bíblicas de mansidão, pacificação e benignidade. O segundo paradigma é entender que o papel do cristão é basicamente exercer influência. Isso não é errado, porém a fraqueza deste foco está no fato de que ser sempre influente pode fazer com que o cristão acabe usurpando o papel do Espírito. Talvez, com base na tendência dos modelos de gestão empresarial, acabemos na crença de que tudo depende de uma otimização da performance. Por fim, temos a via do serviço, por meio do qual entendemos que Deus já tomou a inciativa do cuidado e da restauração de sua criação. Ele usa todos os seres humanos por meio da “graça comum”, e o cristão entra como um catalisador dos processos e não necessariamente como o protagonista. Por meio do serviço podemos colaborar para que a sociedade e o próximo revelem o máximo de seu potencial.
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