Opinião
- 29 de dezembro de 2016
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Resoluções de Ano-Novo
Este ano vai ser diferente. Vai ser o “ano do poder”. Este vai ser o meu ano de avivamento espiritual. De ti, Senhor, não quero pouco; quero é tudo! Quero aquele batismo que arrebenta a boca do balão; quero “dunamis”. Poder para romper os cercos do inimigo, para derrubar muralhas, para matar gigantes a pedrada, para encher panelas de viúvas, para ressuscitar lázaros, para invadir casas de valentes, para declarar a vitória do Senhor sobre a morte, o mal, a doença, a velhice, a pobreza, a opressão e tudo o mais que, desavisado, atravessar o meu caminho.
Chega de pobreza! Chega de impotência diante da vida. Chega de empregos medíocres, de patrões medíocres. Chega de depressão, de filhos desanimados, de esposa rixosa e iracunda, de idosos ranzinzas e amargurados, de irmãos apáticos e interesseiros…
Este vai ser o ano da contrição, do joelho dobrado e do coração quebrantado. Vai ser o ano em que buscarei me despir de todos os “poderes” que penso ter e dos recursos que amealhei na vida, como a educação, o dinheiro, a esperteza, a influência, os amigos poderosos, o prestígio, o cargo público etc. Será o ano da mão estendida, que pede misericórdia, que se condói por si e pelos outros; da alma que chora e se assenta à mesa da comunhão para ser consolada.
Com o tempo, tomei as rédeas da vida nas mãos. Resolvi meu futuro com uma boa poupança, minha insegurança com um financiamento da Caixa e minha solidão com um cargo proeminente na igreja. Afastei os chatos com uma aparência de “muito ocupado” ou de indiferença. Livrei-me de culpas, contribuindo para instituições filantrópicas. Apoiei meus filhos e minha esposa, financiando-lhes um analista.
Mas eu quero outro tipo de poder. Quero poder para aprender quando admoestado. Quero um encontro sério com meus temores e fraquezas. Quero gente comum se metendo na minha vida; quero o último recurso do fraco: a oração.
Este ano serei menor. Se possível, o menor de todos. Vou voltar para casa, mesmo que isso me custe o emprego ou me prejudique nos negócios. Vou me encontrar com minha esposa e ficar muito tempo com ela e com os meus filhos. Vou redescobrir a alegria de ouvir os meus pais, até que se cansem de falar. E se houver outros pais os ouvirei também. Nesse tempo juntos, vamos renovar nossa aliança e retomar nossa amizade. Entre uma cambalhota e outra, vamos abrir a Palavra e lê-la juntos. Muito. Sobre ela, vamos falar de nós mesmos. De coisas íntimas e caras. De coisas sobre as quais já não falamos porque não interessam. Vamos nos confessar uns aos outros, abrindo-nos as vidas para que nelas entre luz do céu (eu pretendo chorar muito, já vou avisando). E vamos orar, contritos por não sermos o que nele poderíamos ser. Pediremos poder para matar esses gigantes.
Quero voltar para a minha igreja. Chega de proximidade de ano-luz. Já não quero essa armadura que vesti para tornar-me invulnerável ao ataque fraterno. Descobri que com ela fiz-me também impenetrável ao seu amor. Buscarei um retorno à amizade espiritual, com irmãos com quem possa abrir a minha alma. Sem medo de parecer menos homem por isso. Quero tempo para aqueles que riam à toa comigo e se alegrem na singeleza de um corinho ou de uma boa pizza com guaraná (celebrados por nós como pão e vinho). Com eles, quero voltar a pisar em terra santa: tirar as sandálias ao encontrar-me com Deus no espaço de corações hospitaleiros, sinceros e amorosos. Cantaremos juntos. Um cântico novo. Um canto de liberdade.
Senhor, este ano eu gostaria de ser “mais que vencedor”, um leão. Mesmo que, por olhos globalizados, eu seja visto como uma ovelha para o matadouro (Rm 8.36, 37).
Nota: Texto publicado originalmente na seção Ponto Final da edição 274 da revista Ultimato.
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De Hoje em Diante
Foto: Erics Paete / Pixabay.com
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Este vai ser o ano da contrição, do joelho dobrado e do coração quebrantado. Vai ser o ano em que buscarei me despir de todos os “poderes” que penso ter e dos recursos que amealhei na vida, como a educação, o dinheiro, a esperteza, a influência, os amigos poderosos, o prestígio, o cargo público etc. Será o ano da mão estendida, que pede misericórdia, que se condói por si e pelos outros; da alma que chora e se assenta à mesa da comunhão para ser consolada.
Com o tempo, tomei as rédeas da vida nas mãos. Resolvi meu futuro com uma boa poupança, minha insegurança com um financiamento da Caixa e minha solidão com um cargo proeminente na igreja. Afastei os chatos com uma aparência de “muito ocupado” ou de indiferença. Livrei-me de culpas, contribuindo para instituições filantrópicas. Apoiei meus filhos e minha esposa, financiando-lhes um analista.
Mas eu quero outro tipo de poder. Quero poder para aprender quando admoestado. Quero um encontro sério com meus temores e fraquezas. Quero gente comum se metendo na minha vida; quero o último recurso do fraco: a oração.
Este ano serei menor. Se possível, o menor de todos. Vou voltar para casa, mesmo que isso me custe o emprego ou me prejudique nos negócios. Vou me encontrar com minha esposa e ficar muito tempo com ela e com os meus filhos. Vou redescobrir a alegria de ouvir os meus pais, até que se cansem de falar. E se houver outros pais os ouvirei também. Nesse tempo juntos, vamos renovar nossa aliança e retomar nossa amizade. Entre uma cambalhota e outra, vamos abrir a Palavra e lê-la juntos. Muito. Sobre ela, vamos falar de nós mesmos. De coisas íntimas e caras. De coisas sobre as quais já não falamos porque não interessam. Vamos nos confessar uns aos outros, abrindo-nos as vidas para que nelas entre luz do céu (eu pretendo chorar muito, já vou avisando). E vamos orar, contritos por não sermos o que nele poderíamos ser. Pediremos poder para matar esses gigantes.
Quero voltar para a minha igreja. Chega de proximidade de ano-luz. Já não quero essa armadura que vesti para tornar-me invulnerável ao ataque fraterno. Descobri que com ela fiz-me também impenetrável ao seu amor. Buscarei um retorno à amizade espiritual, com irmãos com quem possa abrir a minha alma. Sem medo de parecer menos homem por isso. Quero tempo para aqueles que riam à toa comigo e se alegrem na singeleza de um corinho ou de uma boa pizza com guaraná (celebrados por nós como pão e vinho). Com eles, quero voltar a pisar em terra santa: tirar as sandálias ao encontrar-me com Deus no espaço de corações hospitaleiros, sinceros e amorosos. Cantaremos juntos. Um cântico novo. Um canto de liberdade.
Senhor, este ano eu gostaria de ser “mais que vencedor”, um leão. Mesmo que, por olhos globalizados, eu seja visto como uma ovelha para o matadouro (Rm 8.36, 37).
Nota: Texto publicado originalmente na seção Ponto Final da edição 274 da revista Ultimato.
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Foto: Erics Paete / Pixabay.com
Rubem Amorese é presbítero emérito na Igreja Presbiteriana do Planalto, em Brasília. Foi professor na Faculdade Teológica Batista por vinte anos e consultor legislativo no Senado Federal. É autor de, entre outros, Fábrica de Missionários e Ponto Final. Acompanhe seu blog pessoal: ultimato.com.br/sites/amorese.
- Textos publicados: 36 [ver]
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Site: http://www.amorese.com.br
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Ricardo Barbosa