Opinião
- 17 de dezembro de 2009
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Querem roubar e ainda me chamam de ladrão
Ricardo Gondim
Escrevi "O tempo que foge" (leia no final deste artigo). Alguém o fez circular como de um autor anônimo. Depois, disseram que era de Mário de Andrade. Agora, por último, me acusam de tê-lo roubado de Rubem Alves. Insisto, o texto é meu. Eu o escrevi no meu computador, na privacidade de meu ambiente de trabalho e está publicado no meu livro Eu Creio, mas Tenho Dúvidas (Editora Ultimato).
Recebi um e-mail cobrando explicações. Circulo o conteúdo do mesmo na esperança de que seja feita justiça:
Nome: Daisy Almeida
Assunto: O texto que o senhor assina é de Rubem Alves
Mensagem: O texto "O tempo que foge'' que o senhor assina em seu site é de Rubem Alves. O que ele faz no seu site com sua assinatura embaixo? Como o senhor explicaria isso numa discussão sobre direitos autorais?
Minha resposta:
Prezada Daisy,
Não, o texto não é do Rubem Alves. Ele é meu! Eu o escrevi. Está em meu livro "Eu Creio, mas Tenho Dúvidas", publicado pela Editora Ultimato, na página 107, com registro no ISBN.
Portanto, se alguém, inescrupulosamente, atribui o texto a Rubem Alves, está sendo desonesto comigo e com a minha produção intelectual. Inclusive, sugiro que você pergunte diretamente ao Rubem Alves se é de sua lavra "O tempo que foge". Sendo ele um homem digno, honesto e verdadeiro, certamente, reconhecerá que o texto é meu. Como você duvida da minha integridade, lamento, mas o mesmo texto tem sido atribuído a várias pessoas, inclusive a Mário de Andrade. Grato.
A única coisa que me resta é esperar que um dia a justiça prevaleça.
Sinceramente,
Ricardo Gondim
Desabafo retirado do site do autor.
Tempo que foge
Ricardo Gondim
Descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora. Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ele chupou displicentemente, mas percebendo que faltavam poucas, passou a roer o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados. Não tolero gabolices. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para projetos megalomaníacos. Não participarei de conferências que estabelecem prazos fixos para reverter a miséria do mundo. Não vou mais a workshops onde se ensina como converter milhões usando uma fórmula de poucos pontos. Não quero que me convidem para eventos de um fim de semana com a proposta de abalar o milênio.
Já não tenho tempo para reuniões intermináveis para discutir estatutos, normas, procedimentos parlamentares e regimentos internos. Não gosto de assembléias ordinárias em que as organizações procuram se proteger e se perpetuar através de infindáveis detalhes organizacionais.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas que, apesar da idade cronológica, são imaturas. Não quero ver os ponteiros do relógio avançando em reuniões de “confrontação”, para “tirar fatos a limpo”. Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário do coral.
Já não tenho tempo para debater vírgulas, detalhes gramaticais sutis, ou as diferentes traduções da Bíblia. Não quero ficar explicando porque gosto da Nova Versão Internacional das Escrituras, só porque há um grupo que a considera herética. Gosto, e ponto final! Lembrei-me de Mário de Andrade, que afirmou: “As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos”. Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos.
Já não tenho tempo para ficar explicando se estou ou não perdendo a fé, porque admiro a poesia de Chico Buarque e de Vinicius de Moraes; a voz de Maria Bethânia; os livros de Machado de Assis, de Thomas Mann, de Ernest Hemingway e de José Lins do Rego.
Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente muito humana, que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita para a “última hora”, não foge de sua mortalidade, defende a dignidade dos marginalizados, e deseja andar humildemente com Deus. Caminhar perto dessas pessoas nunca será perda de tempo.
Retirado do livro Eu Creio, mas Tenho Dúvidas.
• Ricardo Gondim é pastor da Assembleia de Deus Betesda no Brasil e mora em São Paulo. É autor de, entre outros, Eu Creio, mas Tenho Dúvidas.
www.ricardogondim.com.br
Escrevi "O tempo que foge" (leia no final deste artigo). Alguém o fez circular como de um autor anônimo. Depois, disseram que era de Mário de Andrade. Agora, por último, me acusam de tê-lo roubado de Rubem Alves. Insisto, o texto é meu. Eu o escrevi no meu computador, na privacidade de meu ambiente de trabalho e está publicado no meu livro Eu Creio, mas Tenho Dúvidas (Editora Ultimato).
Recebi um e-mail cobrando explicações. Circulo o conteúdo do mesmo na esperança de que seja feita justiça:
Nome: Daisy Almeida
Assunto: O texto que o senhor assina é de Rubem Alves
Mensagem: O texto "O tempo que foge'' que o senhor assina em seu site é de Rubem Alves. O que ele faz no seu site com sua assinatura embaixo? Como o senhor explicaria isso numa discussão sobre direitos autorais?
Minha resposta:
Prezada Daisy,
Não, o texto não é do Rubem Alves. Ele é meu! Eu o escrevi. Está em meu livro "Eu Creio, mas Tenho Dúvidas", publicado pela Editora Ultimato, na página 107, com registro no ISBN.
Portanto, se alguém, inescrupulosamente, atribui o texto a Rubem Alves, está sendo desonesto comigo e com a minha produção intelectual. Inclusive, sugiro que você pergunte diretamente ao Rubem Alves se é de sua lavra "O tempo que foge". Sendo ele um homem digno, honesto e verdadeiro, certamente, reconhecerá que o texto é meu. Como você duvida da minha integridade, lamento, mas o mesmo texto tem sido atribuído a várias pessoas, inclusive a Mário de Andrade. Grato.
A única coisa que me resta é esperar que um dia a justiça prevaleça.
Sinceramente,
Ricardo Gondim
Desabafo retirado do site do autor.
Tempo que foge
Ricardo Gondim
Descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora. Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ele chupou displicentemente, mas percebendo que faltavam poucas, passou a roer o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados. Não tolero gabolices. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para projetos megalomaníacos. Não participarei de conferências que estabelecem prazos fixos para reverter a miséria do mundo. Não vou mais a workshops onde se ensina como converter milhões usando uma fórmula de poucos pontos. Não quero que me convidem para eventos de um fim de semana com a proposta de abalar o milênio.
Já não tenho tempo para reuniões intermináveis para discutir estatutos, normas, procedimentos parlamentares e regimentos internos. Não gosto de assembléias ordinárias em que as organizações procuram se proteger e se perpetuar através de infindáveis detalhes organizacionais.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas que, apesar da idade cronológica, são imaturas. Não quero ver os ponteiros do relógio avançando em reuniões de “confrontação”, para “tirar fatos a limpo”. Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário do coral.
Já não tenho tempo para debater vírgulas, detalhes gramaticais sutis, ou as diferentes traduções da Bíblia. Não quero ficar explicando porque gosto da Nova Versão Internacional das Escrituras, só porque há um grupo que a considera herética. Gosto, e ponto final! Lembrei-me de Mário de Andrade, que afirmou: “As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos”. Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos.
Já não tenho tempo para ficar explicando se estou ou não perdendo a fé, porque admiro a poesia de Chico Buarque e de Vinicius de Moraes; a voz de Maria Bethânia; os livros de Machado de Assis, de Thomas Mann, de Ernest Hemingway e de José Lins do Rego.
Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente muito humana, que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita para a “última hora”, não foge de sua mortalidade, defende a dignidade dos marginalizados, e deseja andar humildemente com Deus. Caminhar perto dessas pessoas nunca será perda de tempo.
Retirado do livro Eu Creio, mas Tenho Dúvidas.
• Ricardo Gondim é pastor da Assembleia de Deus Betesda no Brasil e mora em São Paulo. É autor de, entre outros, Eu Creio, mas Tenho Dúvidas.
www.ricardogondim.com.br
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