Opinião
- 01 de dezembro de 2015
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Preparando-se para a existência profunda
“A salvação está mais perto do que imaginamos” (Romanos 13.11-14)
“Fiquem atentos, preparem-se!” (Mateus 24.37-44)
Começamos o tempo do Advento, tempo de preparação para as celebrações natalinas do nascimento e manifestação de Jesus Cristo, e da encarnação do Logos, a Palavra de Deus. Não devemos nos esquecer que o logos corresponde a “davar”, na Bíblia, assim compreenderemos os sentidos: a teologia de João reflete o pensamento de um hebreu que pensa na tradição escriturística da Bíblia Hebraica; ali, o logos bíblico dá forma e consistência a todas as coisas, é “davar”, que significa “promessa”, “esperança”, “ordem”, “mandamento”, “conselho”; e continua: “davar” é a Palavra que provoca um acontecimento, um fato, uma ação concreta; “davar” é também “uma causa”, “um motivo”, e bem poderíamos dizer que “davar” é a Palavra que torna perceptível a chegada do Reino de Deus. “Davar” é o Evangelho do Cristo de Deus.
As advertências de Jesus põem uma nota de gravidade no tempo do Advento que começamos a celebrar no domingo que passou: não se trata somente dos enfeites natalinos dos quais já estão cheios os supermercados, as lojas, a mídia de marketing. Não se trata de uma falsa alegria, induzida artificialmente por musica melada importada do estrangeiro, na boca de musas neo-evangélicas sem garra profética, sem indignação. Nem da falsa aparência de bem-estar ao se esbanjar dinheiro em compras desnecessárias e injustificáveis. Que sinais de esperança e de desesperança a sociedade atual “realista”, “pragmática”, sem utopias, desencantada, desesperançada, anestesiada pela proclamação do “final da história”, apresenta sobre o final desses tempos? Que papel os cristãos teriam nesta hora de congelamento da esperança num país de tórrido clima tropical?
Na profundidade do Advento do Senhor Jesus Cristo, uma rebelião também advirá inevitavelmente. Contra a superficialidade do mundo onde vivemos, onde certa conveniência satisfaz os poderes deste mundo, e nos fará mergulhar mais no campo profundo onde queremos encontrar a verdade das coisas. Vivemos o tempo do bem-estar individual, egoísta, narcisista, indiferente socialmente, estimulado através do consumismo irresponsável.
Políticos oportunistas aproveitam-se de catástrofes e desastres ambientais para angariar recursos que os tornarão mais ricos. Vimos isso nas serras do Rio de Janeiro e Espírito Santo. Recentemente. O desastre de Mariana (MG) coincide com a preparação das próximas eleições municipais. Indiferentes ao projeto de Sebastião Salgado – Recuperação das Nascentes do Rio Doce –, enxergando os bilhões que serão movimentados, já se imaginam temas que serão aproveitados nas campanhas de 2016. O destacado fotógrafo e ambientalista declarou:
“O problema estaria na destinação dos recursos federais. Como impedir que o dinheiro vá parar no remoinho do sistema ético-político (duvidoso) que, como a lama, tudo digere e nada recicla (a não ser a corrupção costumeira)?”
Outras pessoas, no cotidiano da ganância, se sentem poderosas e participantes da riqueza da sociedade porque têm emprego rendoso, carro do ano, apartamento em zonas urbanas valorizadas, TV FullHD, notebooks, iPod, celulares multifuncionais. Acreditam que já gozam do Éden capitalista, e que ingressaram na elite do consumo caro e sofisticado. Não sabem que mergulharam no buraco negro da inconsciência coletiva, e nem sabem mais sobre a solidariedade, a compaixão, a misericórdia e a ternura pelos desgraçados.
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Natal em profundidade
Foto: Peter Hol / Freeimages.com
“Fiquem atentos, preparem-se!” (Mateus 24.37-44)
Começamos o tempo do Advento, tempo de preparação para as celebrações natalinas do nascimento e manifestação de Jesus Cristo, e da encarnação do Logos, a Palavra de Deus. Não devemos nos esquecer que o logos corresponde a “davar”, na Bíblia, assim compreenderemos os sentidos: a teologia de João reflete o pensamento de um hebreu que pensa na tradição escriturística da Bíblia Hebraica; ali, o logos bíblico dá forma e consistência a todas as coisas, é “davar”, que significa “promessa”, “esperança”, “ordem”, “mandamento”, “conselho”; e continua: “davar” é a Palavra que provoca um acontecimento, um fato, uma ação concreta; “davar” é também “uma causa”, “um motivo”, e bem poderíamos dizer que “davar” é a Palavra que torna perceptível a chegada do Reino de Deus. “Davar” é o Evangelho do Cristo de Deus.
As advertências de Jesus põem uma nota de gravidade no tempo do Advento que começamos a celebrar no domingo que passou: não se trata somente dos enfeites natalinos dos quais já estão cheios os supermercados, as lojas, a mídia de marketing. Não se trata de uma falsa alegria, induzida artificialmente por musica melada importada do estrangeiro, na boca de musas neo-evangélicas sem garra profética, sem indignação. Nem da falsa aparência de bem-estar ao se esbanjar dinheiro em compras desnecessárias e injustificáveis. Que sinais de esperança e de desesperança a sociedade atual “realista”, “pragmática”, sem utopias, desencantada, desesperançada, anestesiada pela proclamação do “final da história”, apresenta sobre o final desses tempos? Que papel os cristãos teriam nesta hora de congelamento da esperança num país de tórrido clima tropical?
Na profundidade do Advento do Senhor Jesus Cristo, uma rebelião também advirá inevitavelmente. Contra a superficialidade do mundo onde vivemos, onde certa conveniência satisfaz os poderes deste mundo, e nos fará mergulhar mais no campo profundo onde queremos encontrar a verdade das coisas. Vivemos o tempo do bem-estar individual, egoísta, narcisista, indiferente socialmente, estimulado através do consumismo irresponsável.
Políticos oportunistas aproveitam-se de catástrofes e desastres ambientais para angariar recursos que os tornarão mais ricos. Vimos isso nas serras do Rio de Janeiro e Espírito Santo. Recentemente. O desastre de Mariana (MG) coincide com a preparação das próximas eleições municipais. Indiferentes ao projeto de Sebastião Salgado – Recuperação das Nascentes do Rio Doce –, enxergando os bilhões que serão movimentados, já se imaginam temas que serão aproveitados nas campanhas de 2016. O destacado fotógrafo e ambientalista declarou:
“O problema estaria na destinação dos recursos federais. Como impedir que o dinheiro vá parar no remoinho do sistema ético-político (duvidoso) que, como a lama, tudo digere e nada recicla (a não ser a corrupção costumeira)?”
Outras pessoas, no cotidiano da ganância, se sentem poderosas e participantes da riqueza da sociedade porque têm emprego rendoso, carro do ano, apartamento em zonas urbanas valorizadas, TV FullHD, notebooks, iPod, celulares multifuncionais. Acreditam que já gozam do Éden capitalista, e que ingressaram na elite do consumo caro e sofisticado. Não sabem que mergulharam no buraco negro da inconsciência coletiva, e nem sabem mais sobre a solidariedade, a compaixão, a misericórdia e a ternura pelos desgraçados.
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Foto: Peter Hol / Freeimages.com
É pastor emérito da Igreja Presbiteriana Unida do Brasil e autor de livros como “Pedagogia da Ganância" (2013) e "O Dragão que Habita em Nós” (2010).
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