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- 14 de fevereiro de 2022
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Política, religião e sociedade – a contribuição protestante de Robinson Cavalcanti
Resenha
Por Paul Freston
Política, religião e sociedade: a contribuição protestante de Robinson Cavalcanti
Fernando Coêlho Costa
CRV, 2020
No livro Política, Religião e Sociedade: a contribuição protestante de Robinson Cavalcanti (Curitiba: CRV, 2020), Fernando Coêlho Costa resgata a importância da figura de Robinson Cavalcanti para a compreensão de um segmento importante do mundo evangélico brasileiro entre os anos 1970 e o início dos anos 2010.
Robinson viveu as tensões da sua “excepcionalidade” e sua importância é bem retratada pelo autor em diversos aspectos. Um deles foi sua atuação no mundo evangélico que transcendia os limites pátrios, pois ele foi um dos brasileiros que mais projeção internacional teve no momento crucial do aggiornamento evangélico mundial representado pelo Congresso de Lausanne de 1974 e as subsequentes Consultas que criaram documentos destinados a pautar o evangelicalismo mundial em temas como Responsabilidade Social, a relação entre Evangelho e Cultura, e Estilo de Vida.
As preocupações sociopolíticas receberam uma chancela evangélica com o Pacto de Lausanne de 1974, o qual deveu muito à influência latino-americana, combinada com o apoio de proeminentes evangélicos anglicanos ingleses. O autor apresenta o jovem Robinson como um dos pouquíssimos evangélicos brasileiros com uma formação nas ciências sociais e cuja trajetória protestante não deixa de experimentar algumas tensões sobre as questões de seu tempo como evangelicalismo, intelectualidade, catolicismo, anglicanismo, ação política entre outros.
Outro aspecto enfatizado no livro é o forte regionalismo presente na prática teológica de Robinson. Falo isso, pois quando o conheci em 1976, em São Paulo, imediatamente sabia que além de se tratar de alguém com destacada intelectualidade no contexto evangélico brasileiro, era conhecido pelas marcas nordestina alagoana e pernambucana. Nos anos seguintes, eu me casei com uma nordestina, morei alguns anos no Nordeste e percebi que, apesar de desfechos diferentes, as tensões vividas por Robinson Cavalcanti em torno da “estandardização” protestante se assemelham às que Gilberto Freyre viveu.
Para o autor, Robinson Cavalcanti conseguiu achar uma sucessão de “lares” eclesiásticos e paraeclesiásticos (Jesuítas, Luteranos, posteriormente a Igreja Anglicana, a Aliança Bíblica Universitária do Brasil, a Fraternidade Teológica Latino-Americana, a Aliança Evangélica Mundial, Movimento Lausanne e tantos outros). As principais influências no pensamento do jovem Robinson Cavalcanti, que foi estudante nos anos 60, vão desde o ambiente familiar no interior do Nordeste, passando pela exposição à doutrina social da Igreja, os Credos e Confissões, leituras dos Reformadores e uma imersão nos rincões do Brasil e América Latina por meio da missão evangélica que ele muito contribuiu.
O livro de Fernando Costa deixa Robinson nos anos 90, antes de se tornar bispo anglicano, mas já como um dos evangélicos com mais projeção na sociedade brasileira, e como um dos brasileiros com mais projeção no mundo evangélico global. No período contemplado pelo livro, sobressai o legado do biografado em duas áreas: no desenvolvimento da chamada “missão integral”, a abrangência da missão cristã no mundo; e no esforço, como um pioneiro da presença evangélica brasileira nas ciências sociais, por repensar a relação entre religião evangélica e cultura e realidade social brasileiras.
Este artigo é o prefácio ao livro Política, religião e sociedade: a contribuição protestante de Robinson Cavalcanti, de Fernando Coêlho Costa. Reproduzido com permissão do autor.
>> Conheça o livro Cristianismo e Política, de Robinson Cavalcanti
Leia mais:
» Dez anos da morte de Robinson Cavalcanti (1944-2012)
» Robinson Cavalcanti: uma inegável influência para o CPPC
Por Paul Freston
Política, religião e sociedade: a contribuição protestante de Robinson Cavalcanti
Fernando Coêlho Costa
CRV, 2020
No livro Política, Religião e Sociedade: a contribuição protestante de Robinson Cavalcanti (Curitiba: CRV, 2020), Fernando Coêlho Costa resgata a importância da figura de Robinson Cavalcanti para a compreensão de um segmento importante do mundo evangélico brasileiro entre os anos 1970 e o início dos anos 2010.
Robinson viveu as tensões da sua “excepcionalidade” e sua importância é bem retratada pelo autor em diversos aspectos. Um deles foi sua atuação no mundo evangélico que transcendia os limites pátrios, pois ele foi um dos brasileiros que mais projeção internacional teve no momento crucial do aggiornamento evangélico mundial representado pelo Congresso de Lausanne de 1974 e as subsequentes Consultas que criaram documentos destinados a pautar o evangelicalismo mundial em temas como Responsabilidade Social, a relação entre Evangelho e Cultura, e Estilo de Vida.
As preocupações sociopolíticas receberam uma chancela evangélica com o Pacto de Lausanne de 1974, o qual deveu muito à influência latino-americana, combinada com o apoio de proeminentes evangélicos anglicanos ingleses. O autor apresenta o jovem Robinson como um dos pouquíssimos evangélicos brasileiros com uma formação nas ciências sociais e cuja trajetória protestante não deixa de experimentar algumas tensões sobre as questões de seu tempo como evangelicalismo, intelectualidade, catolicismo, anglicanismo, ação política entre outros.
Outro aspecto enfatizado no livro é o forte regionalismo presente na prática teológica de Robinson. Falo isso, pois quando o conheci em 1976, em São Paulo, imediatamente sabia que além de se tratar de alguém com destacada intelectualidade no contexto evangélico brasileiro, era conhecido pelas marcas nordestina alagoana e pernambucana. Nos anos seguintes, eu me casei com uma nordestina, morei alguns anos no Nordeste e percebi que, apesar de desfechos diferentes, as tensões vividas por Robinson Cavalcanti em torno da “estandardização” protestante se assemelham às que Gilberto Freyre viveu.
Para o autor, Robinson Cavalcanti conseguiu achar uma sucessão de “lares” eclesiásticos e paraeclesiásticos (Jesuítas, Luteranos, posteriormente a Igreja Anglicana, a Aliança Bíblica Universitária do Brasil, a Fraternidade Teológica Latino-Americana, a Aliança Evangélica Mundial, Movimento Lausanne e tantos outros). As principais influências no pensamento do jovem Robinson Cavalcanti, que foi estudante nos anos 60, vão desde o ambiente familiar no interior do Nordeste, passando pela exposição à doutrina social da Igreja, os Credos e Confissões, leituras dos Reformadores e uma imersão nos rincões do Brasil e América Latina por meio da missão evangélica que ele muito contribuiu.
O livro de Fernando Costa deixa Robinson nos anos 90, antes de se tornar bispo anglicano, mas já como um dos evangélicos com mais projeção na sociedade brasileira, e como um dos brasileiros com mais projeção no mundo evangélico global. No período contemplado pelo livro, sobressai o legado do biografado em duas áreas: no desenvolvimento da chamada “missão integral”, a abrangência da missão cristã no mundo; e no esforço, como um pioneiro da presença evangélica brasileira nas ciências sociais, por repensar a relação entre religião evangélica e cultura e realidade social brasileiras.
Este artigo é o prefácio ao livro Política, religião e sociedade: a contribuição protestante de Robinson Cavalcanti, de Fernando Coêlho Costa. Reproduzido com permissão do autor.
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Leia mais:
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