Opinião
- 07 de fevereiro de 2017
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Pensar, ter ou ser?
Por Jony de Almeida
Neste artigo, coloco-me, primeiramente, como um observador da existência humana. Porém, sem pretensão de ser científico ou inédito no que vou dizer. Sei que minha visão é passível de crítica e pode ser considerada limitada. Entretanto, te convido a prosseguir comigo até o final deste texto.
Em certo momento de nossa história, chamada era moderna ou do iluminismo, passamos a considerar a razão superior ao ser. O pensamento, pequena parcela da vida, tornou-se prioritário sobre o ser humano como um todo. Esta ênfase, embora tenha trazido algum benefício, foi extremamente prejudicial em pelo menos dois aspectos. Primeiramente, dividiu o homem em duas partes, sendo a razão considerada a mais nobre, e o restante (sentimento, corpo etc), secundário. Fomos separados na nossa integralidade. Em segundo lugar, ela dividiu o nosso convívio social entre os “iluminados” e os menos favorecidos no que diz respeito ao pensamento lógico. A consequência disso foi que passamos a desprezar a história de vida de cada um e os relacionamentos interpessoais. Tornamo-nos pessoas menores, ao reduzirmos o homem ao ser pensante e produtor de teses científicas. Felizmente este momento de nossa caminhada foi criticado e ultrapassado, em grande medida.
Contudo, percebo ainda uma predominância do ter sobre o ser, principalmente em se tratando de tecnologia. Não abordo este assunto como um homem de meia idade, saudosista e conservador, que se sente ameçado pelo que é novo. Não! Tenho observado que em nossas ações cotidianas (compras, pesquisas, escolhas e relacionamentos) buscamos sempre a última novidade tecnológica, aquela que promete nos ajudar na comunicação mais eficiente e na divulgação mais limpa e retocada da nossa imagem, na publicidade mais eficiente do nosso produto, do que o contato e o convívio com o outro.
Atualmente, valorizamos e somos valorizados pela parafernália de última geração que possuímos. Algumas inquietações surgem. Em uma sociedade assim, qual é o lugar do Ser? E onde fica o ser? Além disso, o que faremos com quem não tem recursos suficientes para adquirir algo do gênero? Ou com quem adquire, mas não tem conhecimento suficiente para lidar com o lançamento que tem em suas mãos? Serão tratados sem atenção ou respeito, como um produto de segunda mão? Parece-me que constante e facilmente temos esquecido o valor do nosso ser e também o do Ser que nos criou, causando nosso próprio mal e grande prejuízo para os que nos cercam.
Diante disso, lembro-me da síntese que Jesus de Nazaré fez das Escrituras Sagradas: “Ame a Deus com toda paixão, toda a fé, toda a inteligência e todas as forças. E seguindo o anterior em importância: Ame o próximo como a você mesmo” (Mc 12.30-31). Jesus inicia o seu resumo com a seguinte convocação: “Ouça, meu povo” (Mc 12.29).
Agora não mais como o observador do início deste texto, mas com a plena convicção bíblica, afirmo que a essência de nossa vida pessoal e social é tratar sempre, e com toda a nossa capacidade, o Ser Maiúsculo e o ser minúsculo como os primeiros, acima de qualquer outra coisa. Nesta ordem e sem exclusão de nenhum dos dois.
• Jony de Almeida é pastor na Igreja Presbiteriana de Viçosa.
Leia mais
Ser é o Bastante [Carlos Queiroz]
Culpa e Graça [Paul Tournier]
Cuide da grama [Billy Lanne]
O ser humano é admirável, mas Deus é incomparável
Sobre a incrível arte de ser fútil
Foto: Olu Eletu/Unsplash.com.
Neste artigo, coloco-me, primeiramente, como um observador da existência humana. Porém, sem pretensão de ser científico ou inédito no que vou dizer. Sei que minha visão é passível de crítica e pode ser considerada limitada. Entretanto, te convido a prosseguir comigo até o final deste texto.
Em certo momento de nossa história, chamada era moderna ou do iluminismo, passamos a considerar a razão superior ao ser. O pensamento, pequena parcela da vida, tornou-se prioritário sobre o ser humano como um todo. Esta ênfase, embora tenha trazido algum benefício, foi extremamente prejudicial em pelo menos dois aspectos. Primeiramente, dividiu o homem em duas partes, sendo a razão considerada a mais nobre, e o restante (sentimento, corpo etc), secundário. Fomos separados na nossa integralidade. Em segundo lugar, ela dividiu o nosso convívio social entre os “iluminados” e os menos favorecidos no que diz respeito ao pensamento lógico. A consequência disso foi que passamos a desprezar a história de vida de cada um e os relacionamentos interpessoais. Tornamo-nos pessoas menores, ao reduzirmos o homem ao ser pensante e produtor de teses científicas. Felizmente este momento de nossa caminhada foi criticado e ultrapassado, em grande medida.
Contudo, percebo ainda uma predominância do ter sobre o ser, principalmente em se tratando de tecnologia. Não abordo este assunto como um homem de meia idade, saudosista e conservador, que se sente ameçado pelo que é novo. Não! Tenho observado que em nossas ações cotidianas (compras, pesquisas, escolhas e relacionamentos) buscamos sempre a última novidade tecnológica, aquela que promete nos ajudar na comunicação mais eficiente e na divulgação mais limpa e retocada da nossa imagem, na publicidade mais eficiente do nosso produto, do que o contato e o convívio com o outro.
Atualmente, valorizamos e somos valorizados pela parafernália de última geração que possuímos. Algumas inquietações surgem. Em uma sociedade assim, qual é o lugar do Ser? E onde fica o ser? Além disso, o que faremos com quem não tem recursos suficientes para adquirir algo do gênero? Ou com quem adquire, mas não tem conhecimento suficiente para lidar com o lançamento que tem em suas mãos? Serão tratados sem atenção ou respeito, como um produto de segunda mão? Parece-me que constante e facilmente temos esquecido o valor do nosso ser e também o do Ser que nos criou, causando nosso próprio mal e grande prejuízo para os que nos cercam.
Diante disso, lembro-me da síntese que Jesus de Nazaré fez das Escrituras Sagradas: “Ame a Deus com toda paixão, toda a fé, toda a inteligência e todas as forças. E seguindo o anterior em importância: Ame o próximo como a você mesmo” (Mc 12.30-31). Jesus inicia o seu resumo com a seguinte convocação: “Ouça, meu povo” (Mc 12.29).
Agora não mais como o observador do início deste texto, mas com a plena convicção bíblica, afirmo que a essência de nossa vida pessoal e social é tratar sempre, e com toda a nossa capacidade, o Ser Maiúsculo e o ser minúsculo como os primeiros, acima de qualquer outra coisa. Nesta ordem e sem exclusão de nenhum dos dois.
• Jony de Almeida é pastor na Igreja Presbiteriana de Viçosa.
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