Opinião
- 06 de setembro de 2019
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Para onde você está olhando?
Por Ariane Gomes
Havia um tempo desde que Abrão, obedecendo a chamada de Deus, partira da terra de Harã, de entre os parentes e da casa do seu pai para seguir em direção a uma terra que Deus prometera dar a ele e à sua descendência.
Como nômades, Abrão, sua família e seus servos viviam de terra em terra, caminhando ora em direção ao sul ora para o norte. As viagens eram longas – quilômetros e mais quilômetros afastavam uma região da outra – e demoradas – era preciso encontrar um lugar favorável e seguro para as pessoas e animais, instalar as tendas, sossegar o gado, acalmar os corações. Alguns servos deviam ter crianças e outros já iam envelhecendo o que diminuía o ritmo da caminhada. Era preciso paciência e bom ânimo com tudo, com todos.
Em algum momento da peregrinação, por causa da fome na terra, Abrão segue com o grupo mais para o sul, em direção ao Egito onde, acolhido pelo Faraó, torna-se muito rico, dono de gado, prata e ouro. Mas, passada a escassez, a segurança e a prosperidade do Egito não detêm Abrão. É preciso seguir, a promessa de Deus não está naquela terra.
No caminho de volta para o norte, perto das montanhas de Efraim, os pastores de Abrão e de Ló se desentendem – eram muitas pessoas e animais e a terra que compartilhavam não podia sustentá-los. Então, preocupado com o bem-estar da família, Abrão propõe que se separem.
Com um gesto generoso – pois quer que a amizade permaneça apesar da separação – Abrão oferece a Ló a chance de escolher primeiro: se o sobrinho for para a esquerda, ele irá para a direita e vice-versa. Ló aproveita a chance da escolha e, erguendo os olhos contempla toda a campina do Jordão (Gn 13.9). Vê que a região é bem regada e fértil, como o Egito. Pois bem, é ali que ele habitará. E partindo para o Oriente, Ló passa a montar suas tendas para os lados de Sodoma – “onde vivia uma gente má, que cometia pecados horríveis contra o Senhor” (Gn 13.13).
Quanto a Abrão, depois da despedida do sobrinho e do retorno à calmaria, recebe a visita especial de Deus. Mais uma vez o Senhor fala com ele, mais uma vez para lembrá-lo que está firme a sua palavra. Mas, antes da lembrança da promessa, um gesto: “Ergue os olhos e olha desde onde estás para o norte, para o sul, para o oriente e para o ocidente” (Gn 13.14). Diferente de Ló, a experiência do olhar de Abrão é mediada pela palavra de Deus que diz como olhar: Abrão teria que erguer bem os olhos e movimentar o corpo para, num giro de 360 graus, ver – ao longe e pela fé – a terra prometida, aquela onde a sua descendência se tornaria como o pó da terra, como as estrelas do céu, como a areia do mar.
Que diferença entre o olhar de Ló e o olhar de Abrão. O primeiro, ansioso, de pronto ergue os olhos, considera, contempla e, a partir da própria experiência e da aparência da terra, escolhe onde habitará. O segundo recebe um conselho de Deus: é para olhar, sim, mas é para ver além das campinas, dos montes, rios ou deserto, é para ver mais longe, ver a história, o antes, o agora e o depois, ver a partir da palavra do Deus fiel.
Abrão, acostumado com a voz de Deus e experimentado na comunhão, é sensível e sabe que o que Deus diz é importante e que é preciso muito mais que águas frescas e abundantes para determinar uma escolha. É da amizade e confiança, da caminhada e sujeição a Deus que ele retira a capacidade para erguer os olhos e ver longe.
Depois destas coisas, Abrão mudou as suas tendas para Hebrom e ali levantou um altar ao Senhor.
"Ó Deus, ajuda-nos a ver além das aparências, ver profundo, abrangente, olhar sensível, mediado por tua palavra. Ajuda-nos a perceber como o Senhor é bondoso guiando nossos passos por caminhos de paz, para o lugar da plenitude de tua promessa."
• Ariane Gomes é colaboradora da Editora Ultimato desde 2011. Atua como coordenadora de produção da Ultimato e gestora de conteúdos do Portal Ultimato.
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