Opinião
- 08 de dezembro de 2016
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Para ler, nas férias, O Problema do Sofrimento, de C. S. Lewis
Mais um ano se passa à mil e as férias já estão à vista. Muitas pessoas deixam para esse período a tarefa de pôr as leituras em dia e fazem muito bem, pois, como diz o ditado: antes tarde do que nunca! O Brasil tem uma das menores taxas de leitura do mundo e nós, cristãos, não devemos, de forma alguma, engrossar essa estatística, tendo preguiça de nos munir intelectual e espiritualmente com boa leitura.
E, embora eu também tenha muitas outras leituras e admire muitos outros autores, é claro que o leitor espera que eu recomende C.S. Lewis, meu autor predileto depois daqueles das Escrituras. Tenho estudado esse autor há mais de vinte anos e continuo aprendendo, de modo que fica difícil dizer qual seja o meu livro predileto.
Mas, pensando em você que ainda o conhece pouco, vou começar por um dos primeiros livros teológicos escritos por Lewis, mais precisamente, em 1940, dez anos antes do início das Crônicas de Nárnia, que só não recomendo, por ser um óbvio não dito; doze anos antes de Cristianismo Puro e Simples, e vinte anos antes da perda de Joy Gresham, sua amada esposa. Data dessa época também o livro em que Lewis volta a falar da temática, mas agora com mais conhecimento de causa, Anatomia de uma Dor.
E parece até que ele previa o que aconteceria na vida futura dele, pois ele confessa que pretende apenas tratar do problema do sofrimento do ponto de vista teórico. No prefácio, ele comenta que não tem pretensão de resolvê-lo, mas apenas de se aproximar dele e fazer as perguntas certas com relação a ele.
Nessa obra, Lewis trata da questão clássica de muitos ateus sobre o mal e o sofrimento no mundo: Se Deus existe, sendo bom e todo-poderoso, por que Ele permite que ocorra tanta dor e maldade no mundo? Não bastava uma palavra dEle para secar toda lágrima? Por tratar desse dilema, o livro é fundamental para quem quiser obter mais base filosófica para argumentar com propriedade com os ateus.
E ele trata do problema, no contexto da natureza da onipotência e bondade divina, em contraste com a maldade do homem e sua Queda. Por isso é que uma das frases mais citadas da obra é: “Não somos meramente criaturas imperfeitas que necessitam aperfeiçoamento: somos rebeldes que precisam baixar as suas armas.”
Ou seja, o problema não está em Deus, mas no homem, que escolheu se afastar dEle e, com isso, trazer o mal para o mundo. Ora, o afastamento de Deus é, per se, o conceito essencial e origem de todo sofrimento, inclusive da natureza e dos animais. Foi o livre-arbítrio, que é associado à vida de seres autônomos e responsáveis, que trouxe a possibilidade do mal.
Nesse sentido, Lewis afirma: “Tente excluir a possibilidade de sofrimento que está envolvida na ordem da natureza e a existência de livre-arbítrio, e acabará descobrindo que excluiu a própria vida.”
Já a aproximação de Deus é uma aproximação de nós mesmos, da forma como fomos criados e, portanto, da felicidade, no sentido de auto realização.
Essa frase o define muito bem: “A vontade humana se torna realmente criativa e verdadeiramente nossa própria, quando ela é completamente de Deus, e esse é um dos muitos sentidos pelos quais aquele que perde a sua alma vai achá-la.”
Mas, quando a pessoa escolhe fazer a sua própria vontade, e não a de Deus, ela não apenas sofre, mas já vive o inferno aqui na Terra.
Então, o livro trata literalmente de “Deus e o mundo” e pega na veia da questão que está na raiz de tantas outras com as quais nos confrontamos na vida espiritual e nas conversas com os não-cristãos, tornando-se uma importante ferramenta, não apenas de crescimento espiritual, mas também, de evangelismo. Mesmo porque, temos na obra o famoso trilema, que traz um raciocínio lógico que permite tirar importantes conclusões sobre a pessoa de Jesus Cristo: ao se assumir como Deus: ou Ele era um lunático, ou um impostor, ou era Deus mesmo. Os testemunhos históricos vão contra as duas primeiras alternativas.
Portanto, recomendo muito essa leitura como um clássico que todo cristão deveria ler e ter em sua biblioteca.
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E, embora eu também tenha muitas outras leituras e admire muitos outros autores, é claro que o leitor espera que eu recomende C.S. Lewis, meu autor predileto depois daqueles das Escrituras. Tenho estudado esse autor há mais de vinte anos e continuo aprendendo, de modo que fica difícil dizer qual seja o meu livro predileto.
Mas, pensando em você que ainda o conhece pouco, vou começar por um dos primeiros livros teológicos escritos por Lewis, mais precisamente, em 1940, dez anos antes do início das Crônicas de Nárnia, que só não recomendo, por ser um óbvio não dito; doze anos antes de Cristianismo Puro e Simples, e vinte anos antes da perda de Joy Gresham, sua amada esposa. Data dessa época também o livro em que Lewis volta a falar da temática, mas agora com mais conhecimento de causa, Anatomia de uma Dor.
E parece até que ele previa o que aconteceria na vida futura dele, pois ele confessa que pretende apenas tratar do problema do sofrimento do ponto de vista teórico. No prefácio, ele comenta que não tem pretensão de resolvê-lo, mas apenas de se aproximar dele e fazer as perguntas certas com relação a ele.
Nessa obra, Lewis trata da questão clássica de muitos ateus sobre o mal e o sofrimento no mundo: Se Deus existe, sendo bom e todo-poderoso, por que Ele permite que ocorra tanta dor e maldade no mundo? Não bastava uma palavra dEle para secar toda lágrima? Por tratar desse dilema, o livro é fundamental para quem quiser obter mais base filosófica para argumentar com propriedade com os ateus.
E ele trata do problema, no contexto da natureza da onipotência e bondade divina, em contraste com a maldade do homem e sua Queda. Por isso é que uma das frases mais citadas da obra é: “Não somos meramente criaturas imperfeitas que necessitam aperfeiçoamento: somos rebeldes que precisam baixar as suas armas.”
Ou seja, o problema não está em Deus, mas no homem, que escolheu se afastar dEle e, com isso, trazer o mal para o mundo. Ora, o afastamento de Deus é, per se, o conceito essencial e origem de todo sofrimento, inclusive da natureza e dos animais. Foi o livre-arbítrio, que é associado à vida de seres autônomos e responsáveis, que trouxe a possibilidade do mal.
Nesse sentido, Lewis afirma: “Tente excluir a possibilidade de sofrimento que está envolvida na ordem da natureza e a existência de livre-arbítrio, e acabará descobrindo que excluiu a própria vida.”
Já a aproximação de Deus é uma aproximação de nós mesmos, da forma como fomos criados e, portanto, da felicidade, no sentido de auto realização.
Essa frase o define muito bem: “A vontade humana se torna realmente criativa e verdadeiramente nossa própria, quando ela é completamente de Deus, e esse é um dos muitos sentidos pelos quais aquele que perde a sua alma vai achá-la.”
Mas, quando a pessoa escolhe fazer a sua própria vontade, e não a de Deus, ela não apenas sofre, mas já vive o inferno aqui na Terra.
Então, o livro trata literalmente de “Deus e o mundo” e pega na veia da questão que está na raiz de tantas outras com as quais nos confrontamos na vida espiritual e nas conversas com os não-cristãos, tornando-se uma importante ferramenta, não apenas de crescimento espiritual, mas também, de evangelismo. Mesmo porque, temos na obra o famoso trilema, que traz um raciocínio lógico que permite tirar importantes conclusões sobre a pessoa de Jesus Cristo: ao se assumir como Deus: ou Ele era um lunático, ou um impostor, ou era Deus mesmo. Os testemunhos históricos vão contra as duas primeiras alternativas.
Portanto, recomendo muito essa leitura como um clássico que todo cristão deveria ler e ter em sua biblioteca.
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Um Ano com C. S. Lewis
É mestre e doutora em educação (USP) e doutora em estudos da tradução (UFSC). É autora de O Senhor dos Anéis: da fantasia à ética e tradutora de Um Ano com C.S. Lewis e Deus em Questão. Costuma se identificar como missionária no mundo acadêmico. É criadora e editora do site www.cslewis.com.br
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