Opinião
- 30 de maio de 2018
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Os diferentes na sexualidade
Por Fátima Fontes
“A mulher respondeu: – O senhor é judeu, e eu sou samaritana. Então como é que o senhor me pede água? (Ela disse isso porque os judeus não se dão com os samaritanos.)” (Jo 4.9)
Quero refletir neste texto sobre a desafiadora tarefa familiar de se ensinar aos filhos acerca das atuais formas de comportamento sexual e os novos arranjos relacionais, que diferem daquele que cremos ser o padrão sexual proposto a partir da nossa crença cristã, de um Deus que nos criou homem e mulher para que nos completássemos sexualmente.
O maior desafio fica com os pais e cuidadores, que na maioria das vezes nunca lidaram com a atual multiformidade na apresentação da sexualidade humana. Não entendemos, a partir da fé que professamos, que tenha sido esse o plano de nosso Deus para nossa sexualidade e nossos relacionamentos, mas também sabemos do quanto, desde o começo da criação, decidimos, humanamente falando, não realizar o plano de Deus.
Desconstruindo o relativismo
Visto que nossos filhos aprendem na família os valores que lhe são passados por seus cuidadores, torna-se fundamental que os responsáveis por esse ensino de valores deixem claro para as crianças e adolescentes aquilo que para nós é entendido como o plano de Deus.
Não se trata de dizer-lhes para rejeitar os atuais padrões e formatos de relacionamentos, mas sim que eles precisam ouvir de seus cuidadores que, para eles, as variações na sexualidade e arranjos relacionais atuais apresentam, segundo a crença cristã por eles professada, uma alteração lamentável do plano original de Deus.
Segundo o que cremos, Deus nos criou para o arranjo sexual e relacional a partir da complementação de nosso gênero homem e mulher. É preciso também deixar claro para as crianças e adolescentes que os papéis sociais de homem e mulher foram estabelecidos em nossa cultura com propostas de ações mais específicas para cada gênero e que os cuidadores das crianças concordam em seguir esse mapa social, ficando de fora as atitudes que parecem confundir e misturar os gêneros.
Devemos perder o medo que se instalou na educação de crianças e adolescentes de dizer aquilo no que pautamos nossa conduta e crença, ainda que isso seja diferente de novos conteúdos e novas pautas que estão sendo propostos para sexualidade e relacionamentos.
Ensinando o respeito às diferenças
Cremos, a partir de nossa fé cristã, no que Jesus nos ensinou sobre vivermos no mundo e não fora dele, afinal ele orou por nós pedindo a Deus que não nos tirasse do mundo, mas nos livrasse do mal.
Sendo assim, temos de lembrar aos pais e cuidadores os princípios fundamentais para a boa convivência humana que devem nortear seu ensino, tanto em relação àquele que pensa como nós, quanto em relação àquele que pensa e se apresenta diferente de nós: os princípios do respeito e da tolerância.
Na epígrafe deste artigo temos a bússola para esse ensino familiar: o encontro respeitoso de Jesus com a diferente mulher samaritana. Se acompanharmos a narrativa bíblica, apesar de todas as diferenças entre eles e de a vida daquela mulher não seguir o plano de Deus para ela, Jesus a dignificou como mulher, como ser humano, e lhe pediu algo; em resumo: ele se relacionou com ela.
Fica a lição: nossos filhos e alunos precisam conviver, de modo respeitoso e digno, com as pessoas que pensam e agem diferente daquilo que eles aprenderam. Não há uma “lepra” naquele que é diferente de nós e Jesus repudiou, de modo veemente, a conduta estigmatizante (aquela que segrega e desrespeita o diferente) religiosa.
Que sejamos sábios, misericordiosos, respeitosos e tolerantes com o atual cenário da sexualidade humana e de novos modelos de relacionamentos, salvaguardando o que cremos.
• Fátima Fontes é psicóloga clínica, terapeuta familiar, doutora em psicologia pela Universidade de São Paulo (USP) e membro pleno do Corpo de Psicólogos e Psiquiatras Cristãos (CPPC).
* Texto originalmente publicado na edição 371 da revista Ultimato.
Leia mais
>> Reimaginando a visão bíblia de casamento e sexo
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“A mulher respondeu: – O senhor é judeu, e eu sou samaritana. Então como é que o senhor me pede água? (Ela disse isso porque os judeus não se dão com os samaritanos.)” (Jo 4.9)
Quero refletir neste texto sobre a desafiadora tarefa familiar de se ensinar aos filhos acerca das atuais formas de comportamento sexual e os novos arranjos relacionais, que diferem daquele que cremos ser o padrão sexual proposto a partir da nossa crença cristã, de um Deus que nos criou homem e mulher para que nos completássemos sexualmente.
O maior desafio fica com os pais e cuidadores, que na maioria das vezes nunca lidaram com a atual multiformidade na apresentação da sexualidade humana. Não entendemos, a partir da fé que professamos, que tenha sido esse o plano de nosso Deus para nossa sexualidade e nossos relacionamentos, mas também sabemos do quanto, desde o começo da criação, decidimos, humanamente falando, não realizar o plano de Deus.
Desconstruindo o relativismo
Visto que nossos filhos aprendem na família os valores que lhe são passados por seus cuidadores, torna-se fundamental que os responsáveis por esse ensino de valores deixem claro para as crianças e adolescentes aquilo que para nós é entendido como o plano de Deus.
Não se trata de dizer-lhes para rejeitar os atuais padrões e formatos de relacionamentos, mas sim que eles precisam ouvir de seus cuidadores que, para eles, as variações na sexualidade e arranjos relacionais atuais apresentam, segundo a crença cristã por eles professada, uma alteração lamentável do plano original de Deus.
Segundo o que cremos, Deus nos criou para o arranjo sexual e relacional a partir da complementação de nosso gênero homem e mulher. É preciso também deixar claro para as crianças e adolescentes que os papéis sociais de homem e mulher foram estabelecidos em nossa cultura com propostas de ações mais específicas para cada gênero e que os cuidadores das crianças concordam em seguir esse mapa social, ficando de fora as atitudes que parecem confundir e misturar os gêneros.
Devemos perder o medo que se instalou na educação de crianças e adolescentes de dizer aquilo no que pautamos nossa conduta e crença, ainda que isso seja diferente de novos conteúdos e novas pautas que estão sendo propostos para sexualidade e relacionamentos.
Ensinando o respeito às diferenças
Cremos, a partir de nossa fé cristã, no que Jesus nos ensinou sobre vivermos no mundo e não fora dele, afinal ele orou por nós pedindo a Deus que não nos tirasse do mundo, mas nos livrasse do mal.
Sendo assim, temos de lembrar aos pais e cuidadores os princípios fundamentais para a boa convivência humana que devem nortear seu ensino, tanto em relação àquele que pensa como nós, quanto em relação àquele que pensa e se apresenta diferente de nós: os princípios do respeito e da tolerância.
Na epígrafe deste artigo temos a bússola para esse ensino familiar: o encontro respeitoso de Jesus com a diferente mulher samaritana. Se acompanharmos a narrativa bíblica, apesar de todas as diferenças entre eles e de a vida daquela mulher não seguir o plano de Deus para ela, Jesus a dignificou como mulher, como ser humano, e lhe pediu algo; em resumo: ele se relacionou com ela.
Fica a lição: nossos filhos e alunos precisam conviver, de modo respeitoso e digno, com as pessoas que pensam e agem diferente daquilo que eles aprenderam. Não há uma “lepra” naquele que é diferente de nós e Jesus repudiou, de modo veemente, a conduta estigmatizante (aquela que segrega e desrespeita o diferente) religiosa.
Que sejamos sábios, misericordiosos, respeitosos e tolerantes com o atual cenário da sexualidade humana e de novos modelos de relacionamentos, salvaguardando o que cremos.
• Fátima Fontes é psicóloga clínica, terapeuta familiar, doutora em psicologia pela Universidade de São Paulo (USP) e membro pleno do Corpo de Psicólogos e Psiquiatras Cristãos (CPPC).
* Texto originalmente publicado na edição 371 da revista Ultimato.
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