Opinião
- 16 de setembro de 2013
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Oração e aflição
As imagens que refletem a vida interior funcionam como uma corrente de lava incandescente, fugindo da concepção do mundo do nosso tempo. O fluxo líquido e incandescente terminou por cristalizar-se, engendrando a pedra a ser lapidada, ou seja, a observação do inconsciente, como diria Carl G. Jung. Memórias ancestrais estão engavetadas no inconsciente profundo. A compreensão da oração seria cega, se não levasse em conta as pulsões interiores que nos comandam: indignação, conflitos, revolta, inconformismo, medo do desconhecido, raiva, ódio, impotência , para nos enganar e desorientar.
“Toda oração começa com uma aflição” (Karl Barth). E também uma disposição de topar com percepções profundas e empolgantes, retendo-se muitas vezes, com assombro, em descobertas sobre a interioridade profunda. Vivemos à beira de abismos. A oração ensina sobre a necessidade de estar pronto para ouvir a voz de Deus, e não as vozes interiores de nossa alma. Somente com a oração nos aproximamos da obra de Deus em favor de nossa humanidade desnorteada e combalida. Cada um de nós, se nos aproximamos do empenho de Deus em salvar, percebe que uma primeira coisa é necessária: precisamos que Deus nos salve de nós mesmos.
Porque somos escravos da razão, e isso nos condena a caminhar entre dificuldades aparentemente insuperáveis, ou a continuamente escalar montanhas sucessivas. Quando chegamos ao pico de uma, adiante veremos outra para ser escalada. Quando chegamos ao pico da outra, à frente haverá mais outra. Uma montanha mais alta sempre nos chamará e nos convidará a chegar ao cume. “Pois é assim que vivemos, escalando montanhas e sempre procurando subir aos montes mais elevados” (Larrañaga). Somos condenados à aflição, transtornos e inquietude permanentes, porque oramos em favor de nós mesmos, e nunca conseguimos satisfazer anseios mais profundos sem Deus.
Destinados a caminhar por toda a vida, “porque a cada caminho percorrido surge outro para percorrer” (Agostinho), não podemos parar, nem nos abster, porque um imperativo categórico empurra sempre para a frente, não nos deixando em paz, empurrando-nos para uma odisseia que não vai acabar nunca. Enquanto não há um ato libertador, o Espírito é um vento bravo que não cessa, na direção de uma "terra prometida" que parece nunca chegar. Um ser humano é um arco retesado com a flecha apontando para estrelas inatingíveis.
O desconhecido seduz, por isso o ser humano rompe barreiras e irrompe em regiões ignotas. Gosta de decifrar enigmas, e de preencher espaços vazios, sem saber porque. Sempre atormentado, vive na inquietude, nunca se acalma. Forças incompreensíveis o arrastam para o infinito, enquanto busca o absoluto, completo, acabado em definitivo. Por isso, pensa sobre si mesmo, e sobre as razões de sua existência, sempre procurando respostas para as perguntas de um questionário que nunca chega ao fim. É preciso orar, e descansar na espera de Deus.
Leia mais
Deus espera por nossas orações!
A oração nossa de cada dia
Práticas devocionais
“Toda oração começa com uma aflição” (Karl Barth). E também uma disposição de topar com percepções profundas e empolgantes, retendo-se muitas vezes, com assombro, em descobertas sobre a interioridade profunda. Vivemos à beira de abismos. A oração ensina sobre a necessidade de estar pronto para ouvir a voz de Deus, e não as vozes interiores de nossa alma. Somente com a oração nos aproximamos da obra de Deus em favor de nossa humanidade desnorteada e combalida. Cada um de nós, se nos aproximamos do empenho de Deus em salvar, percebe que uma primeira coisa é necessária: precisamos que Deus nos salve de nós mesmos.
Porque somos escravos da razão, e isso nos condena a caminhar entre dificuldades aparentemente insuperáveis, ou a continuamente escalar montanhas sucessivas. Quando chegamos ao pico de uma, adiante veremos outra para ser escalada. Quando chegamos ao pico da outra, à frente haverá mais outra. Uma montanha mais alta sempre nos chamará e nos convidará a chegar ao cume. “Pois é assim que vivemos, escalando montanhas e sempre procurando subir aos montes mais elevados” (Larrañaga). Somos condenados à aflição, transtornos e inquietude permanentes, porque oramos em favor de nós mesmos, e nunca conseguimos satisfazer anseios mais profundos sem Deus.
Destinados a caminhar por toda a vida, “porque a cada caminho percorrido surge outro para percorrer” (Agostinho), não podemos parar, nem nos abster, porque um imperativo categórico empurra sempre para a frente, não nos deixando em paz, empurrando-nos para uma odisseia que não vai acabar nunca. Enquanto não há um ato libertador, o Espírito é um vento bravo que não cessa, na direção de uma "terra prometida" que parece nunca chegar. Um ser humano é um arco retesado com a flecha apontando para estrelas inatingíveis.
O desconhecido seduz, por isso o ser humano rompe barreiras e irrompe em regiões ignotas. Gosta de decifrar enigmas, e de preencher espaços vazios, sem saber porque. Sempre atormentado, vive na inquietude, nunca se acalma. Forças incompreensíveis o arrastam para o infinito, enquanto busca o absoluto, completo, acabado em definitivo. Por isso, pensa sobre si mesmo, e sobre as razões de sua existência, sempre procurando respostas para as perguntas de um questionário que nunca chega ao fim. É preciso orar, e descansar na espera de Deus.
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É pastor emérito da Igreja Presbiteriana Unida do Brasil e autor de livros como “Pedagogia da Ganância" (2013) e "O Dragão que Habita em Nós” (2010).
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