Opinião
- 16 de julho de 2012
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Olhando para Jesus e a América Latina
O 5º Congresso Latino-americano de Evangelização (CLADE 5), encerrado na última sexta-feira em São José, Costa Rica, proporcionou a oportunidade de olharmos tanto para o chamado de Jesus quanto para a realidade do continente latino-americano.
Com o tema oficial “Sigamos a Jesus em seu Reino de Vida. Guia-nos, Espírito Santo!”, o CLADE 5 fez coro quanto ao desafio de considerarmos seriamente o contexto do nosso continente, se, de fato, queremos ser discípulos de Jesus Cristo.
Foram cinco dias (de 09 a 13) de reflexões bíblicas, celebrações, consultas temáticas, lançamento de livros, encontros regionais e fóruns teológicos. Cerca de 800 pessoas estavam presentes ou visitaram o evento.
A programação foi dividida assim: de manhã, o foco foi o estudo do Evangelho de João após a ressurreição de Jesus e reflexões sobre o tema oficial do congresso trazidas pelos núcleos regionais da FTL (Fraternidade Teológica Latino-americana). À tarde, aconteceram consultas temáticas, encontros regionais e espaços de discussão. À noite, o foco era regional, ou seja, a cada noite uma determinada região do continente mostrava a realidade do seu contexto. Para cada um dos cinco dias, havia um verbo correspondente sintetizando o sentimento que se buscava: recordar, agradecer, escutar, responder e celebrar.
O amplo espaço da Igreja Vida Abundante em São José - local do evento - permitiu a realização de uma feira de livros que, de certa forma, mostrou que a literatura latino-americana tem gás, mas também o ainda grande abismo entre o português e o espanhol; havia poucos livros na língua portuguesa. Um dos destaques é o projeto do Comentário Bíblico Contemporâneo, organizado pelos teólogos René Padilla e Rosalee Veloso. 180 autores ajudarão a explicar milhares de verbetes. A publicação deve ser lançada em 2013.
Uma breve análise
A metodologia do estudo bíblico em grupos pequenos organizados em mesas foi uma das boas ideias do CLADE 5, o que já havia sido aplicado em 2010 no Congresso Lausanne 3, na África do Sul. Parece que a proposta do CLADE 5 não era de evidenciar grandes preletores, mas sim de gerar um diálogo mais horizontal entre os participantes. Talvez por isso alguns tenham reclamado da sensação de que o conteúdo foi mais “light” do que nos outros CLADE´s. De fato, o aprofundamento de temas ficou para a consultas temáticas à tarde.
Contextualização, justiça, diálogo, incidência política, infância, interculturalidade, educação teológica, eclesiologia, juventude, sexualidade, identidade cristã foram alguns temas debatidos. Não pareceu haver consensos cristalizados em torno deles, mas pelo menos a tentativa de expô-los foi bem-vinda. Outros temas missionários mais conhecidos no meio evangelical, como evangelismo e povos não-alcançados, no entanto, tiveram pouco ou nenhum espaço. A vasta gama de questões relacionadas à teologia da missão integral trouxe um certo gosto de que ainda é preciso caminhar mais para que as fronteiras entre a teoria e a prática sejam menos confusas.
O Brasil tem um papel muito importante. Tanto a carta pastoral do evento, quanto a liderança da FTL continental tiveram participação decisiva de brasileiros. Com quase 50 pessoas, a comitiva nacional foi uma das maiores. Não resta dúvida de que com uma igreja cada vez maior, o país precise se organizar melhor para caminhar junto com a igreja latino-americana, derrubando barreiras culturais e estruturais.
O olhar integralizante de uma missão que considera todos os aspectos da vida torna o desafio da igreja cristã evangélica ainda maior, porque há que se considerar não apenas a mensagem em si, mas as condições humanas de quem a recebe. O Evangelho é a verdade concreta para um mundo concreto. Mas em tempos de fronteiras cada vez mais diluídas (em termos de valores, conceitos, ideologias, estilos de vida, etc), o Evangelho corre o risco de também se perder entre os muitos caminhos oferecidos e de se tornar uma “Boa Nova” velha, irresponsável ou irrelevante.
O CLADE 5 ofereceu muitas oportunidades para reflexão sobre os caminhos missionários atuais, mas talvez precisasse assumir mais a responsabilidade de diminuir a diluição dessas fronteiras. Não é uma tarefa fácil, mas é necessária. Para isso, deve-se ter uma atitude humilde - para ouvir velhas e novas gerações -, e piedosa - para ouvir o Espírito que nos capacita a cumprir nossa missão.
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Lissânder Dias do Amaral é jornalista, blogueiro, poeta e editor de livros. Integra o Conselho Nacional da Interserve Brasil e o Conselho da Unimissional. É autor de “O Cotidiano Extraordinário – a vida em pequenas crônicas” e responsável pelo blog Fatos e Correlatos do Portal Ultimato. É um dos fundadores do Movimento Vocare e ajudou a criar as organizações cristãs de cooperação Rede Mãos Dadas e Rede Evangélica Nacional de Ação Social (RENAS).
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Site: http://www.fatosecorrelatos.com.br
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