Opinião
- 28 de dezembro de 2011
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O valor dos cultos de virada do ano
Entro no automóvel e rodo pela periferia de Olinda e Recife (e de outras cidades, em outros tempos). O dia é 31 de dezembro. A hora: das dez da noite à meia-noite. Igrejas batistas, presbiterianas, congregacionais, assembleias de Deus e, tantas outras, templos superlotados, com membros, visitantes e parentes dos membros. Ações de graças, intercessões, dedicações, reconsagrações, adoração, louvor, alegria, confraternização, esperanças: um novo tempo sob o eterno Deus. Que maravilha! Que bênção! Uma das mais ricas, belas e profundas tradições do protestantismo evangélico de missão: os Cultos de Vigília de Virada de Ano. Muitos milagres têm acontecido nessas ocasiões, em que a brevidade e a qualidade da vida impactam dramaticamente, demandando decisões.
Espero que o povo crente simples de coração mantenha essa santa tradição até a volta de Jesus.
Pouco tempo após a minha conversão, tive a oportunidade de participar do primeiro culto de virada de ano, na Igreja Batista de União dos Palmares, Alagoas. Fiz um voto de comparecer a esses cultos pelo resto da vida. Quando me casei, Miriam “vestiu a camisa” da mesma causa, e nesses 41 anos temos rompido o ano em uma Igreja evangélica, onde estivermos, e qualquer quer seja a denominação disponível.
Desde que assumi o episcopado tenho ensinado e exortado as nossas Paróquias e Missões a se tornarem parecidas com os outros crentes também nessa prática. Algumas já a adotaram, outras ainda resistem, sob o argumento de desconforto, violência, distância, classe social (espírito burguês), tradições ou pressões irresistíveis de suas carnais famílias da carne.
Desde a implantação do protestantismo de missão no Brasil, a ruptura com tradições da família da carne (acidente biológico, transição histórica, com o inferno esperando por alguns) foi incentivada pela prioridade de um testemunho de novos valores, inclusive da família espiritual (com quem vai se passar a eternidade, onde todos os de branco formaram uma única família). Sempre que essa ruptura se deu houve cara feia e reclamação, mas, com o tempo, respeito e admiração pela coerência.
Você quer passar o fim de ano com sua família da carne? Leve a mesma ao culto, ou vá comer e beber com ela depois do culto. Estou me lembrando de uma de nossas Paróquias, que era a única Igreja em todo o bairro (com muitas Igrejas evangélicas) a não comemorar o Culto de Virada de Ano, contrastando com todos os crentes. Desafiei a Paróquia. No primeiro ano alguns gatos pingados. A partir do segundo ano, um crescendo até se tornar no culto de maior frequência em todo o ano, inclusive com a presença muito forte de parentes, vizinhos e amigos.
Nesse ano, gostaria de me congratular com as Paróquias, Missões e Pontos Missionários que já se comportam como os outros crentes. Ainda há tempo para outras comunidades iniciarem essa bendita prática no próximo 31 de dezembro. Os comes e bebes da família da carne podem esperar uma hora. As tradições mundanas podem ser superadas. O espírito burguês pode ser vencido (muito mais a escusa da distância ou da violência).
Continuarei a clamar, nesses dois anos e meio que me restam como Bispo Diocesano:
Todas as comunidades promovam Cultos de Vigília na Virada do Ano! Todos os membros acorram aos Cultos! Os pastores deem exemplo! Pois, aqui nós somos crentes!
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Foi bispo anglicano da Diocese do Recife e autor de, entre outros, Cristianismo e Política — teoria bíblica e prática histórica e A Igreja, o País e o Mundo — desafios a uma fé engajada. Faleceu no dia 26 de fevereiro de 2012 em Olinda (PE).
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