Opinião
- 22 de novembro de 2017
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O valor dos clássicos segundo C.S. Lewis
Por Gabriele Greggersen
Como saber se um livro novo é bom, se pouca gente o leu?
Muitos dos que apreciam a leitura, às vezes, ficam desorientados quanto ao que ler. Então, frequentemente, seguem a moda, os best-sellers ou os mais vendidos. Mas nem sempre os mais vendidos são os melhores livros, e, muitas vezes, os melhores não são os mais novos ou os lançamentos.
Então, como saber se um livro novo é bom, se pouca gente o leu? É precisamente isso que Lewis questiona na introdução à tradução inglesa de um clássico de Atanásio, “On the Incarnation” [Sobre a encarnação], datada do século IV. Ao autor é atribuído também um Credo de Atanásio, mas cuja autoria é questionada por Lewis.
O fato é que o tema central desse credo também é a encarnação e só por isso, merece fazer parte da biblioteca dos credos clássicos cristãos.
É sobre os clássicos, que ele chama de “old books” (livros antigos), que Lewis escreve a sua introdução. Não é precisamente sobre o conteúdo da obra de Atanásio que Lewis discorre, mas por que ler livros como o dele, para começo de conversa. A tentação foi certamente grande, pois, como anglicano, o tema da encarnação lhe era especialmente caro. Talvez, por isso mesmo ele tenha sido escolhido para a introdução. Mas ele decidiu priorizar falar sobre um tema que lhe pareceu mais urgente.
Lewis poderia dizer que essa desvalorização dos clássicos e preferência pelos mais novos seja por causa do que, em outro artigo, ele chama de “esnobismo cronológico”. Achamos tudo que é mais novo mais “na moda”, porque é “de última geração”, e, portanto, necessariamente melhor e mais verdadeiro. Mas ele prefere atribuí-lo à nossa humildade e medo dos grandes pensadores, pois achamos que não vamos compreendê-los.
Talvez, mas acho que o preconceito é um motivo mais forte, mesmo nos meios em que o estudo se refere à teologia. Nesse meio, acredito que o esnobismo cronológico é especialmente agudo, pois todos querem seguir as doutrinas mais avançadas e inseridas na contemporaneidade para parecerem mais modernos, ou pós-modernos.
Os clássicos foram testados pelo tempo
Nesse esforço de mostrar o porquê de os clássicos serem mais importantes de se ler – que é pelo simples fato de eles cometerem erros que já foram denunciados e terem lições a oferecer à nossa época, que só quem está de fora pode nos oferecer –, Lewis se coloca lado a lado com os reformadores. Já que um dos pilares da Reforma era, justamente, fazer um resgate da igreja primitiva, dos primeiros pais da teologia e filosofia cristã, e de autores que fazem parte do patrimônio comum, não apenas do cristianismo, mas de toda a humanidade.
Em nosso país, temos alguns representantes dos defensores da escola dos clássicos, como Ana Maria Machado em seu “Como o por que ler os clássicos desde cedo”, em que Lewis e Tolkien têm um espaço especial.
Mas internacionalmente podemos citar o Projeto dos “The Great Books”, que defende o retorno das Artes liberais, o “trivium” e o “quadrivium”, praticado nas escolas gregas e romanas, retomadas na Academia de Genebra e escolas de Lutero e Melanchton.
Mas há mais um motivo por que ler os clássicos: porque eles foram testados pelo tempo e sobreviveram à crítica. Por isso eles também são chamados de imortais. Apesar de se colocar como autor moderno, sem dúvida, Lewis pode ser considerado um clássico. Gostaríamos de homenageá-lo com a tradução inédita do texto “On the Reading of Old Books”.
*****
Como ler livros antigos
Há uma ideia estranha rolando por aí de que, não importa o assunto de que se trate, qualquer livro antigo tenha que ser lido exclusivamente pelos profissionais e que o amador deva se contentar com os livros modernos. De acordo com a minha experiência, como professor de literatura inglesa, quando o estudante médio quer descobrir algo sobre o platonismo, a última coisa que ele pensa em fazer é pegar uma tradução de Platão da estante da biblioteca e ler o Simpósio. Em vez disso, ele leria algum abominável e grosso livro moderno, que se resume a “ismos” e influências sofridas por ele, tendo apenas uma numa dúzia de páginas que lhe dizem o que Platão realmente disse. Esse erro é desculpável, pois deve-se à humildade. É que o estudante fica tremendo de medo de se encontrar face a face com os grandes filósofos. Ele se sente despreparado e acha que não vai compreendê-los. Mas se ao menos ele soubesse que o grande homem, precisamente por sua grandeza, é muito mais inteligível do que o seu comentador moderno. Até mesmo o estudante mais limitado estará em condições de entender, se não tudo, pelo menos uma grande parte do que Platão disse, mas é difícil haver alguém que entenda certos livros modernos sobre o platonismo. Por isso, uma das minhas principais causas como professor sempre foi a de persuadir os jovens de que o conhecimento de primeira mão não só vale mais a pena de ser adquirido do que o conhecimento de segunda, mas, usualmente, também é mais fácil e mais prazeroso de se adquirir.
Não há lugar em que essa preferência equivocada pelos livros modernos e essa timidez em relação aos antigos esteja mais presente do que na teologia. Pegue qualquer grupo de estudos de leigos cristãos, e poderá ter certeza de que eles não estarão estudando São Lucas, São Paulo ou Santo Agostinho ou São Tomás ou Hooker ou Butler; mas M. Berdyaev ou M. Maritain ou M. Niebuhr ou Dorothy L. Sayers ou mesmo a mim.
Ora, esse estado de coisas me parece bastante invertido. É claro que, como escritor, não desejo que o leitor comum deixe de ler livros modernos. Mas se fosse para eu optar por recomendar que se leia apenas livros novos ou exclusivamente os antigos, eu escolheria os últimos. E daria esse conselho principalmente aos amadores que, precisamente por isso, estão menos protegidos do que o especialista contra os perigos de uma dieta exclusivamente contemporânea. Um livro novo ainda está no período de teste e um amador não estará em condições de julgá-lo. Ele terá que ser testado em relação ao grande corpo de conhecimentos cristãos ao longo das eras e todas as suas implicações ocultas (muitas vezes insuspeitas pelo próprio autor) tiveram que ser trazidas à luz. Muitas vezes elas não podem ser compreendidas plenamente sem o conhecimento de uma boa quantidade de outros livros modernos.
Se você entra de paraquedas numa conversa que havia começado três horas atrás, muitas vezes não verá a real importância do que está sendo dito. Observações que lhe pareçam muito normais estarão provocando risos ou irritação e você não entenderá por que — a razão, claro, é que os estágios anteriores da conversa lhes tenham dado um motivo especial para tanto.
Da mesma forma, as sentenças de um livro moderno que parecem bem ordinárias, podem estar sendo relacionadas a algum outro livro, e dessa forma você pode ser induzido a aceitar o que você teria rejeitado com indignação se soubesse o seu significado real. A única segurança que se pode ter é partir de um padrão de cristianismo claro, central (“Cristianismo puro e simples”, na formulação de Baxter), que coloca as controvérsias do momento no seu ângulo mais apropriado. Tal padrão só pode ser adquirido a partir dos livros antigos. Uma boa regra para se adotar é de não se permitir ler outro livro novo, enquanto não se tiver lido um antigo entre um e outro. Se essa regra for demasiada para você, deve ler pelo menos um livro antigo a cada três novos.
Toda época tem a suas idiossincrasias. Cada uma se especializa em ver certas verdades e em cometer certos erros. Por isso mesmo, todos nós precisamos daqueles livros que irão corrigir os erros característicos de nossa própria era. E isso significa os livros antigos. Todos os escritores contemporâneos compartilham até certo ponto da cosmovisão contemporânea – mesmo aqueles que, como eu, parecem mais contrários a ela. Nada me impressiona mais ao ler as controvérsias do passado do que o fato de que ambos os lados estavam assumindo sem questionamento uma boa quantidade de ideias que hoje estão absolutamente negadas. Eles achavam que elas eram absolutamente opostas, mas, ao mesmo tempo, elas estavam secretamente unidas – unidas umas com as outras e contra as eras anteriores e posteriores – por um grande volume de suposições em comum. Podemos ter certeza de que a cegueira característica do século vinte – a cegueira sobre a qual a posteridade viria a perguntar: “Mas como é que pode eles terem ensinado tal coisa” – se encontra onde nós nunca suspeitávamos, e se refere a algo sobre um acordo claro que há entre Hitler e o Presidente Roosevelt, ou entre o Sr. H.G. Wells e Karl Barth. Nenhum de nós pode escapar completamente dessa cegueira, mas acabaremos certamente por aumentá-la e afrouxar a nossa guarda contra ela, se nos limitarmos a ler livros modernos. Onde eles estão ao lado da verdade, vão nos fornecer verdades que já conhecemos em parte. Onde eles são falsos, vão agravar o erro com o qual já estamos contaminados perigosamente. O único antídoto a isso é de manter a brisa clara e limpa do mar dos séculos soprando através das nossas mentes, e isso só pode ser feito lendo livros antigos. É claro que não estou defendendo que haja alguma magia com relação ao passado. As pessoas não eram mais inteligentes do que são agora; eles cometiam tantos erros quanto nós. Mas não os mesmos erros, que uma vez conhecidos e palpáveis no presente, não vão representar perigo para nós hoje. Duas cabeças pensam melhor do que uma, não porque alguma delas seja infalível, mas porque é improvável que elas errem na mesma direção. Com certeza, os livros do futuro seriam um corretivo tão bom quanto os livros do passado, mas infelizmente não temos acesso a eles.
Eu mesmo fui levado a ler os clássicos cristãos quase por acidente, em decorrência dos meus estudos de língua e literatura inglesa. Alguns deles, como Hooker, Herbert, Traherne, Taylor e Bunyan, eu li porque eram grandes escritores ingleses propriamente ditos; outros, como Boécio, Santo Agostinho, Tomás de Aquino e Dante, porque representaram “influências” sobre eles. George Macdonald eu encontrei por mim mesmo aos dezesseis anos de idade e nunca vacilei na minha lealdade a ele, embora eu tivesse tentado, por muito tempo, ignorar o seu cristianismo. Esse, como você vai notar, é um pacote bastante misto, com representantes de várias igrejas, climas e épocas. E isso me leva a mais um motivo para lê-los. As divisões do cristianismo são inegáveis e são expressas com ímpeto por muitos desses escritores. Mas se alguém for tentado a pensar — como é o caso de alguém que só leu autores contemporâneos — que o “cristianismo” seja uma palavra com tantos significados, que não quer dizer mais nada, poderá aprender que, sem dúvida alguma, não é bem assim, dando um passo para fora de seu próprio século. Comparado com as épocas, o “cristianismo puro e simples” se revela como não sendo nenhuma transparência interdenominacional insípida, mas algo positivo, auto consistente e inexaurível.
Eu o sei, com efeito, por experiência própria. Na época em que eu ainda odiava o cristianismo, aprendi a reconhecê-lo como um aroma bastante familiar, que emanava quase que invariavelmente, seja do puritano Bunyan, seja do Hooker anglicano, seja do Dante tomista. Ele estava ali (de flores e mel) em Francois de Sales; ele estava presente (grave e caseiro) em Spenser e Walton; estava presente (impiedoso, mas viril) em Pascal e em Johnson; estava ali, novamente, com um sabor suave e tremendamente paradisíaco, em Vaughan e Boehme e Traherne. Na sobriedade urbana do século XVIII não se estava a salvo — Law e Butler eram dois leões no meio do caminho. O suposto “paganismo” dos elizabetanos não poderia deixá-lo de fora; ele estava à espreita até mesmo onde uma pessoa poderia se achar mais segura possível, bem no centro de “A rainha das fadas” e da “Arcadia”. É claro que o aroma era variado, mas, ainda assim — afinal de contas — tão invariavelmente o mesmo, reconhecível, inescapável, o odor que sempre representará a morte para nós, se não permitirmos que adquira vida:
“Um ar que mata
Sopra de um país longínquo”
Ficamos todos angustiados e igualmente envergonhados quanto às divisões do cristianismo. Mas os que sempre viveram num meio cristão ficarão mais facilmente desanimados por elas. Elas são más, mas pessoas assim não sabem como a coisa se parece olhando de fora. Visto dessa perspectiva, o que permanece intacto apesar de todas as divisões ainda parece ser (como realmente é) uma unidade impressionante. Eu sei, porque a vi, e nossos inimigos o sabem muito bem também. Qualquer um pode encontrar essa unidade, saindo de sua própria época. Não é o suficiente, mas é mais do que você havia pensado até então. Uma vez que você esteja bem encharcado disso, se então você se aventurar a falar, terá uma experiência surpreendente. Será tido como um papista, quando na verdade está reproduzindo Bunyan; um panteísta, quando está citando Aquino; e assim por diante. Pois agora você deve avançar para o grande viaduto que atravessa as eras e que parece tão alto, a partir dos vales; tão baixo, a partir das montanhas; tão estreito, comparado com o mangue; e tão largo, comparado com picada de burro.
O presente livro é uma espécie de experimento. A tradução é destinada ao mundo como um todo, não apenas para os estudantes de teologia. Se ele suceder, outras traduções de grandes livros cristãos presumivelmente seguirão. Em certo sentido, é claro, não se trata do primeiro do gênero. Traduções da “Theologia Germanica”, de “A Imitação de Cristo”, de “A escala da Perfeição” e de “As Revelações da Sra. Juliana de Norwich” já estão no mercado e são muito valiosas, embora algumas delas não sejam muito acadêmicas. Mas é perceptível que todos esses livros são mais devocionais do que doutrinais. Agora, o leigo ou amador precisa ser instruído, bem como exortado. Nos tempos de hoje, sua necessidade de conhecimento é particularmente urgente. Eu também nem sequer admitiria alguma divisão precisa entre os dois tipos de livro. Da minha própria parte, tendo a achar os livros doutrinais muitas vezes mais úteis para a devoção do que os livros devocionais, e suspeito que a mesma experiência possa acometer muitas outras pessoas. Acredito que muitos daqueles que acham que “nada acontece” quando se sentam ou se ajoelham diante de um livro de devoção, acharão que o coração canta de forma espontânea, enquanto estão digerindo uma porção dura de teologia com um cachimbo entre os dentes e uma caneta na mão.
Esta aqui é uma ótima tradução de mui grandioso livro. Santo Atanásio sofreu na opinião popular devido a certa sentença no “Credo de Atanásio”. Não vou discutir aqui o ponto de que essa obra não é exatamente um credo e não foi escrita por Atanásio, pois eu acho que se trata de uma obra de escrita da mais alta qualidade. As palavras “A qual [a fé universal], a menos que cada um preserve perfeita e inviolável, certamente perecerá para sempre” é que representam o ponto ofensivo. Elas são usualmente mal compreendidas. A palavra operacional é preservar, não adquirir, ou mesmo crer, mas manter. O autor não está falando, na verdade, sobre descrentes, mas de desertores; não daqueles que nunca ouviram falar de Cristo, nem mesmo daqueles que o entenderam mal e se recusaram a aceitá-lo, mas daqueles que, tendo realmente compreendido e realmente crido, depois se permitiram, debaixo de um ataque de preguiça ou a pressão da moda ou qualquer outra confusão que tiverem deixado ingressar, partir para modos sub-cristãos de pensamento. Eles são um alerta contra a crença moderna de que todas as mudanças de crença, por mais que sejam provocadas, sejam necessariamente isentas de culpa. Mas essa não é a minha preocupação imediata. Mencionei o “credo (usualmente assim chamado) de Atanásio” só para tirar do caminho do leitor o que poderia ser um fantasma e colocar o verdadeiro Atanásio no seu lugar. O seu epitáfio é Athanasius contra mundum, “Atanásio contra o mundo”. Temos orgulho de que nosso próprio país se colocou contra o mundo mais de uma vez. Atanásio fez o mesmo. Ele se colocou a favor da doutrina da Trindade “completa e imaculada” quando parecia que todo o mundo civilizado estava recaindo do cristianismo na religião de Ario — numa daquelas religiões sintéticas e “sensíveis” que são recomendadas de forma tão efusiva hoje e que, então, da mesma forma como agora, incluíam entre os seus devotos muitos clérigos altamente cultos. E sua glória está em que ele não se moveu com os tempos; seu mérito é que ele permanece até agora, enquanto os tempos, como fazem em todas as eras, passaram.
Quando eu abri o seu De Incarnatione pela primeira vez, logo descobri por um teste muito simples que estava lendo uma obra de arte. Eu conhecia muito pouco de grego cristão, exceto daquele no Novo Testamento, e esperava ter dificuldades. Para a minha surpresa eu o achei quase tão fácil quanto Xenofonte e apenas a mente de um mestre poderia, no século IV, ter escrito de forma tão profunda sobre tal objeto com uma simplicidade tão clássica. Cada página que eu lia confirmava essa impressão. Sua abordagem dos milagres é muito necessária para os dias de hoje, pois é a resposta definitiva àqueles que se opõem a eles como “violações arbitrárias e sem sentido das leis da natureza”. Eles são apresentados aqui como sendo uma reprodução em letras garrafais da mesma mensagem que a natureza escreve em sua letra cursiva, que mais parece um garrancho. Trata-se das mesmas operações que se esperaria daquele que estava tão cheio de vida que, quando desejou morrer, teve que “emprestar a morte de outros”. Todo o livro, com efeito, é um retrato da árvore da vida — um livro meloso e dourado, cheio de leveza e confiança. Não conseguimos nos apropriar de toda essa confiança nos dias de hoje, eu admito. Não podemos apontar para a alta virtude da vida cristã e da coragem alegre, quase escarnecedora, do martírio cristão como uma prova de nossas doutrinas com a mesma segurança que Atanásio toma por hábito. Mas se há alguém que possa ser acusado disso não é Atanásio.
A tradutora conhece tanto mais de grego cristão do que eu, que seria despropositado de minha parte louvar a sua versão. Mas me parece que ela está em linha com a tradição da tradução inglesa. Não penso que o leitor irá achar aqui qualquer traço daquelas imprecisões que são tão comuns nas interpretações modernas das línguas antigas. Isso é o máximo que o leitor inglês irá perceber. Aqueles capazes de comparar a versão com o original estarão em condições de estimar quanta inteligência e talento é pressuposta em uma escolha como, por exemplo, por “esses sabichões” na primeira página.
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Muitos dos que apreciam a leitura, às vezes, ficam desorientados quanto ao que ler. Então, frequentemente, seguem a moda, os best-sellers ou os mais vendidos. Mas nem sempre os mais vendidos são os melhores livros, e, muitas vezes, os melhores não são os mais novos ou os lançamentos.
Então, como saber se um livro novo é bom, se pouca gente o leu? É precisamente isso que Lewis questiona na introdução à tradução inglesa de um clássico de Atanásio, “On the Incarnation” [Sobre a encarnação], datada do século IV. Ao autor é atribuído também um Credo de Atanásio, mas cuja autoria é questionada por Lewis.
O fato é que o tema central desse credo também é a encarnação e só por isso, merece fazer parte da biblioteca dos credos clássicos cristãos.
É sobre os clássicos, que ele chama de “old books” (livros antigos), que Lewis escreve a sua introdução. Não é precisamente sobre o conteúdo da obra de Atanásio que Lewis discorre, mas por que ler livros como o dele, para começo de conversa. A tentação foi certamente grande, pois, como anglicano, o tema da encarnação lhe era especialmente caro. Talvez, por isso mesmo ele tenha sido escolhido para a introdução. Mas ele decidiu priorizar falar sobre um tema que lhe pareceu mais urgente.
Lewis poderia dizer que essa desvalorização dos clássicos e preferência pelos mais novos seja por causa do que, em outro artigo, ele chama de “esnobismo cronológico”. Achamos tudo que é mais novo mais “na moda”, porque é “de última geração”, e, portanto, necessariamente melhor e mais verdadeiro. Mas ele prefere atribuí-lo à nossa humildade e medo dos grandes pensadores, pois achamos que não vamos compreendê-los.
Talvez, mas acho que o preconceito é um motivo mais forte, mesmo nos meios em que o estudo se refere à teologia. Nesse meio, acredito que o esnobismo cronológico é especialmente agudo, pois todos querem seguir as doutrinas mais avançadas e inseridas na contemporaneidade para parecerem mais modernos, ou pós-modernos.
Os clássicos foram testados pelo tempo
Nesse esforço de mostrar o porquê de os clássicos serem mais importantes de se ler – que é pelo simples fato de eles cometerem erros que já foram denunciados e terem lições a oferecer à nossa época, que só quem está de fora pode nos oferecer –, Lewis se coloca lado a lado com os reformadores. Já que um dos pilares da Reforma era, justamente, fazer um resgate da igreja primitiva, dos primeiros pais da teologia e filosofia cristã, e de autores que fazem parte do patrimônio comum, não apenas do cristianismo, mas de toda a humanidade.
Em nosso país, temos alguns representantes dos defensores da escola dos clássicos, como Ana Maria Machado em seu “Como o por que ler os clássicos desde cedo”, em que Lewis e Tolkien têm um espaço especial.
Mas internacionalmente podemos citar o Projeto dos “The Great Books”, que defende o retorno das Artes liberais, o “trivium” e o “quadrivium”, praticado nas escolas gregas e romanas, retomadas na Academia de Genebra e escolas de Lutero e Melanchton.
Mas há mais um motivo por que ler os clássicos: porque eles foram testados pelo tempo e sobreviveram à crítica. Por isso eles também são chamados de imortais. Apesar de se colocar como autor moderno, sem dúvida, Lewis pode ser considerado um clássico. Gostaríamos de homenageá-lo com a tradução inédita do texto “On the Reading of Old Books”.
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Como ler livros antigos
Há uma ideia estranha rolando por aí de que, não importa o assunto de que se trate, qualquer livro antigo tenha que ser lido exclusivamente pelos profissionais e que o amador deva se contentar com os livros modernos. De acordo com a minha experiência, como professor de literatura inglesa, quando o estudante médio quer descobrir algo sobre o platonismo, a última coisa que ele pensa em fazer é pegar uma tradução de Platão da estante da biblioteca e ler o Simpósio. Em vez disso, ele leria algum abominável e grosso livro moderno, que se resume a “ismos” e influências sofridas por ele, tendo apenas uma numa dúzia de páginas que lhe dizem o que Platão realmente disse. Esse erro é desculpável, pois deve-se à humildade. É que o estudante fica tremendo de medo de se encontrar face a face com os grandes filósofos. Ele se sente despreparado e acha que não vai compreendê-los. Mas se ao menos ele soubesse que o grande homem, precisamente por sua grandeza, é muito mais inteligível do que o seu comentador moderno. Até mesmo o estudante mais limitado estará em condições de entender, se não tudo, pelo menos uma grande parte do que Platão disse, mas é difícil haver alguém que entenda certos livros modernos sobre o platonismo. Por isso, uma das minhas principais causas como professor sempre foi a de persuadir os jovens de que o conhecimento de primeira mão não só vale mais a pena de ser adquirido do que o conhecimento de segunda, mas, usualmente, também é mais fácil e mais prazeroso de se adquirir.
Não há lugar em que essa preferência equivocada pelos livros modernos e essa timidez em relação aos antigos esteja mais presente do que na teologia. Pegue qualquer grupo de estudos de leigos cristãos, e poderá ter certeza de que eles não estarão estudando São Lucas, São Paulo ou Santo Agostinho ou São Tomás ou Hooker ou Butler; mas M. Berdyaev ou M. Maritain ou M. Niebuhr ou Dorothy L. Sayers ou mesmo a mim.
Ora, esse estado de coisas me parece bastante invertido. É claro que, como escritor, não desejo que o leitor comum deixe de ler livros modernos. Mas se fosse para eu optar por recomendar que se leia apenas livros novos ou exclusivamente os antigos, eu escolheria os últimos. E daria esse conselho principalmente aos amadores que, precisamente por isso, estão menos protegidos do que o especialista contra os perigos de uma dieta exclusivamente contemporânea. Um livro novo ainda está no período de teste e um amador não estará em condições de julgá-lo. Ele terá que ser testado em relação ao grande corpo de conhecimentos cristãos ao longo das eras e todas as suas implicações ocultas (muitas vezes insuspeitas pelo próprio autor) tiveram que ser trazidas à luz. Muitas vezes elas não podem ser compreendidas plenamente sem o conhecimento de uma boa quantidade de outros livros modernos.
Se você entra de paraquedas numa conversa que havia começado três horas atrás, muitas vezes não verá a real importância do que está sendo dito. Observações que lhe pareçam muito normais estarão provocando risos ou irritação e você não entenderá por que — a razão, claro, é que os estágios anteriores da conversa lhes tenham dado um motivo especial para tanto.
Da mesma forma, as sentenças de um livro moderno que parecem bem ordinárias, podem estar sendo relacionadas a algum outro livro, e dessa forma você pode ser induzido a aceitar o que você teria rejeitado com indignação se soubesse o seu significado real. A única segurança que se pode ter é partir de um padrão de cristianismo claro, central (“Cristianismo puro e simples”, na formulação de Baxter), que coloca as controvérsias do momento no seu ângulo mais apropriado. Tal padrão só pode ser adquirido a partir dos livros antigos. Uma boa regra para se adotar é de não se permitir ler outro livro novo, enquanto não se tiver lido um antigo entre um e outro. Se essa regra for demasiada para você, deve ler pelo menos um livro antigo a cada três novos.
Toda época tem a suas idiossincrasias. Cada uma se especializa em ver certas verdades e em cometer certos erros. Por isso mesmo, todos nós precisamos daqueles livros que irão corrigir os erros característicos de nossa própria era. E isso significa os livros antigos. Todos os escritores contemporâneos compartilham até certo ponto da cosmovisão contemporânea – mesmo aqueles que, como eu, parecem mais contrários a ela. Nada me impressiona mais ao ler as controvérsias do passado do que o fato de que ambos os lados estavam assumindo sem questionamento uma boa quantidade de ideias que hoje estão absolutamente negadas. Eles achavam que elas eram absolutamente opostas, mas, ao mesmo tempo, elas estavam secretamente unidas – unidas umas com as outras e contra as eras anteriores e posteriores – por um grande volume de suposições em comum. Podemos ter certeza de que a cegueira característica do século vinte – a cegueira sobre a qual a posteridade viria a perguntar: “Mas como é que pode eles terem ensinado tal coisa” – se encontra onde nós nunca suspeitávamos, e se refere a algo sobre um acordo claro que há entre Hitler e o Presidente Roosevelt, ou entre o Sr. H.G. Wells e Karl Barth. Nenhum de nós pode escapar completamente dessa cegueira, mas acabaremos certamente por aumentá-la e afrouxar a nossa guarda contra ela, se nos limitarmos a ler livros modernos. Onde eles estão ao lado da verdade, vão nos fornecer verdades que já conhecemos em parte. Onde eles são falsos, vão agravar o erro com o qual já estamos contaminados perigosamente. O único antídoto a isso é de manter a brisa clara e limpa do mar dos séculos soprando através das nossas mentes, e isso só pode ser feito lendo livros antigos. É claro que não estou defendendo que haja alguma magia com relação ao passado. As pessoas não eram mais inteligentes do que são agora; eles cometiam tantos erros quanto nós. Mas não os mesmos erros, que uma vez conhecidos e palpáveis no presente, não vão representar perigo para nós hoje. Duas cabeças pensam melhor do que uma, não porque alguma delas seja infalível, mas porque é improvável que elas errem na mesma direção. Com certeza, os livros do futuro seriam um corretivo tão bom quanto os livros do passado, mas infelizmente não temos acesso a eles.
Eu mesmo fui levado a ler os clássicos cristãos quase por acidente, em decorrência dos meus estudos de língua e literatura inglesa. Alguns deles, como Hooker, Herbert, Traherne, Taylor e Bunyan, eu li porque eram grandes escritores ingleses propriamente ditos; outros, como Boécio, Santo Agostinho, Tomás de Aquino e Dante, porque representaram “influências” sobre eles. George Macdonald eu encontrei por mim mesmo aos dezesseis anos de idade e nunca vacilei na minha lealdade a ele, embora eu tivesse tentado, por muito tempo, ignorar o seu cristianismo. Esse, como você vai notar, é um pacote bastante misto, com representantes de várias igrejas, climas e épocas. E isso me leva a mais um motivo para lê-los. As divisões do cristianismo são inegáveis e são expressas com ímpeto por muitos desses escritores. Mas se alguém for tentado a pensar — como é o caso de alguém que só leu autores contemporâneos — que o “cristianismo” seja uma palavra com tantos significados, que não quer dizer mais nada, poderá aprender que, sem dúvida alguma, não é bem assim, dando um passo para fora de seu próprio século. Comparado com as épocas, o “cristianismo puro e simples” se revela como não sendo nenhuma transparência interdenominacional insípida, mas algo positivo, auto consistente e inexaurível.
Eu o sei, com efeito, por experiência própria. Na época em que eu ainda odiava o cristianismo, aprendi a reconhecê-lo como um aroma bastante familiar, que emanava quase que invariavelmente, seja do puritano Bunyan, seja do Hooker anglicano, seja do Dante tomista. Ele estava ali (de flores e mel) em Francois de Sales; ele estava presente (grave e caseiro) em Spenser e Walton; estava presente (impiedoso, mas viril) em Pascal e em Johnson; estava ali, novamente, com um sabor suave e tremendamente paradisíaco, em Vaughan e Boehme e Traherne. Na sobriedade urbana do século XVIII não se estava a salvo — Law e Butler eram dois leões no meio do caminho. O suposto “paganismo” dos elizabetanos não poderia deixá-lo de fora; ele estava à espreita até mesmo onde uma pessoa poderia se achar mais segura possível, bem no centro de “A rainha das fadas” e da “Arcadia”. É claro que o aroma era variado, mas, ainda assim — afinal de contas — tão invariavelmente o mesmo, reconhecível, inescapável, o odor que sempre representará a morte para nós, se não permitirmos que adquira vida:
“Um ar que mata
Sopra de um país longínquo”
Ficamos todos angustiados e igualmente envergonhados quanto às divisões do cristianismo. Mas os que sempre viveram num meio cristão ficarão mais facilmente desanimados por elas. Elas são más, mas pessoas assim não sabem como a coisa se parece olhando de fora. Visto dessa perspectiva, o que permanece intacto apesar de todas as divisões ainda parece ser (como realmente é) uma unidade impressionante. Eu sei, porque a vi, e nossos inimigos o sabem muito bem também. Qualquer um pode encontrar essa unidade, saindo de sua própria época. Não é o suficiente, mas é mais do que você havia pensado até então. Uma vez que você esteja bem encharcado disso, se então você se aventurar a falar, terá uma experiência surpreendente. Será tido como um papista, quando na verdade está reproduzindo Bunyan; um panteísta, quando está citando Aquino; e assim por diante. Pois agora você deve avançar para o grande viaduto que atravessa as eras e que parece tão alto, a partir dos vales; tão baixo, a partir das montanhas; tão estreito, comparado com o mangue; e tão largo, comparado com picada de burro.
O presente livro é uma espécie de experimento. A tradução é destinada ao mundo como um todo, não apenas para os estudantes de teologia. Se ele suceder, outras traduções de grandes livros cristãos presumivelmente seguirão. Em certo sentido, é claro, não se trata do primeiro do gênero. Traduções da “Theologia Germanica”, de “A Imitação de Cristo”, de “A escala da Perfeição” e de “As Revelações da Sra. Juliana de Norwich” já estão no mercado e são muito valiosas, embora algumas delas não sejam muito acadêmicas. Mas é perceptível que todos esses livros são mais devocionais do que doutrinais. Agora, o leigo ou amador precisa ser instruído, bem como exortado. Nos tempos de hoje, sua necessidade de conhecimento é particularmente urgente. Eu também nem sequer admitiria alguma divisão precisa entre os dois tipos de livro. Da minha própria parte, tendo a achar os livros doutrinais muitas vezes mais úteis para a devoção do que os livros devocionais, e suspeito que a mesma experiência possa acometer muitas outras pessoas. Acredito que muitos daqueles que acham que “nada acontece” quando se sentam ou se ajoelham diante de um livro de devoção, acharão que o coração canta de forma espontânea, enquanto estão digerindo uma porção dura de teologia com um cachimbo entre os dentes e uma caneta na mão.
Esta aqui é uma ótima tradução de mui grandioso livro. Santo Atanásio sofreu na opinião popular devido a certa sentença no “Credo de Atanásio”. Não vou discutir aqui o ponto de que essa obra não é exatamente um credo e não foi escrita por Atanásio, pois eu acho que se trata de uma obra de escrita da mais alta qualidade. As palavras “A qual [a fé universal], a menos que cada um preserve perfeita e inviolável, certamente perecerá para sempre” é que representam o ponto ofensivo. Elas são usualmente mal compreendidas. A palavra operacional é preservar, não adquirir, ou mesmo crer, mas manter. O autor não está falando, na verdade, sobre descrentes, mas de desertores; não daqueles que nunca ouviram falar de Cristo, nem mesmo daqueles que o entenderam mal e se recusaram a aceitá-lo, mas daqueles que, tendo realmente compreendido e realmente crido, depois se permitiram, debaixo de um ataque de preguiça ou a pressão da moda ou qualquer outra confusão que tiverem deixado ingressar, partir para modos sub-cristãos de pensamento. Eles são um alerta contra a crença moderna de que todas as mudanças de crença, por mais que sejam provocadas, sejam necessariamente isentas de culpa. Mas essa não é a minha preocupação imediata. Mencionei o “credo (usualmente assim chamado) de Atanásio” só para tirar do caminho do leitor o que poderia ser um fantasma e colocar o verdadeiro Atanásio no seu lugar. O seu epitáfio é Athanasius contra mundum, “Atanásio contra o mundo”. Temos orgulho de que nosso próprio país se colocou contra o mundo mais de uma vez. Atanásio fez o mesmo. Ele se colocou a favor da doutrina da Trindade “completa e imaculada” quando parecia que todo o mundo civilizado estava recaindo do cristianismo na religião de Ario — numa daquelas religiões sintéticas e “sensíveis” que são recomendadas de forma tão efusiva hoje e que, então, da mesma forma como agora, incluíam entre os seus devotos muitos clérigos altamente cultos. E sua glória está em que ele não se moveu com os tempos; seu mérito é que ele permanece até agora, enquanto os tempos, como fazem em todas as eras, passaram.
Quando eu abri o seu De Incarnatione pela primeira vez, logo descobri por um teste muito simples que estava lendo uma obra de arte. Eu conhecia muito pouco de grego cristão, exceto daquele no Novo Testamento, e esperava ter dificuldades. Para a minha surpresa eu o achei quase tão fácil quanto Xenofonte e apenas a mente de um mestre poderia, no século IV, ter escrito de forma tão profunda sobre tal objeto com uma simplicidade tão clássica. Cada página que eu lia confirmava essa impressão. Sua abordagem dos milagres é muito necessária para os dias de hoje, pois é a resposta definitiva àqueles que se opõem a eles como “violações arbitrárias e sem sentido das leis da natureza”. Eles são apresentados aqui como sendo uma reprodução em letras garrafais da mesma mensagem que a natureza escreve em sua letra cursiva, que mais parece um garrancho. Trata-se das mesmas operações que se esperaria daquele que estava tão cheio de vida que, quando desejou morrer, teve que “emprestar a morte de outros”. Todo o livro, com efeito, é um retrato da árvore da vida — um livro meloso e dourado, cheio de leveza e confiança. Não conseguimos nos apropriar de toda essa confiança nos dias de hoje, eu admito. Não podemos apontar para a alta virtude da vida cristã e da coragem alegre, quase escarnecedora, do martírio cristão como uma prova de nossas doutrinas com a mesma segurança que Atanásio toma por hábito. Mas se há alguém que possa ser acusado disso não é Atanásio.
A tradutora conhece tanto mais de grego cristão do que eu, que seria despropositado de minha parte louvar a sua versão. Mas me parece que ela está em linha com a tradição da tradução inglesa. Não penso que o leitor irá achar aqui qualquer traço daquelas imprecisões que são tão comuns nas interpretações modernas das línguas antigas. Isso é o máximo que o leitor inglês irá perceber. Aqueles capazes de comparar a versão com o original estarão em condições de estimar quanta inteligência e talento é pressuposta em uma escolha como, por exemplo, por “esses sabichões” na primeira página.
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É mestre e doutora em educação (USP) e doutora em estudos da tradução (UFSC). É autora de O Senhor dos Anéis: da fantasia à ética e tradutora de Um Ano com C.S. Lewis e Deus em Questão. Costuma se identificar como missionária no mundo acadêmico. É criadora e editora do site www.cslewis.com.br
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- 22 de novembro de 2017
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