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- 08 de novembro de 2011
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O reino entre os ricos?
Maurício J. S. Cunha é autor de O Reino entre Nós e um dos organizadores de Cosmovisão Cristã e Transformação. Trabalha como diretor de programas da ONG cristã Visão Mundial. Por conta do seu trabalho, ele foi convidado para participar da reunião do G20 ocorrida na semana passada em Cannes, França, em meio à atual crise econômica europeia.
O encontro reúne anualmente chefes de Estado, ministros da Fazenda e presidentes dos bancos centrais das maiores economias do mundo. O grupo dos países do G20 é responsável por quase 90% da riqueza e 2/3 da população mundial.
Para Maurício, a reunião “deixou um certo clima de decepção”. Segundo ele, “a crise financeira mundial e, em especial, a crise envolvendo a Grécia (a qual, nos bastidores de Cannes foi chamada de ‘Tragédia Grega’), tomaram conta das discussões, deixando um certo clima de frustração. Mais uma vez, os temas do desenvolvimento e as necessidades dos mais vulneráveis ficaram em último plano. A bela e sofisticada Cannes foi o cenário em que o slogan da Cúpula, ‘Novo mundo, Novas ideias’ caiu no vazio do velho jeito de fazer, valorizar e tratar os problemas. Em cada esquina da cidade estava a frase: ‘A História será escrita em Cannes’. Perguntamo-nos: história de quem, para quem e para quê? A verdade é que 925 milhões de pessoas dormirão com fome hoje à noite, e ainda que uma reunião não deva ter a pretensão de resolver todos os problemas do mundo, ela deveria ter, ao menos, a intenção de nominá-los. Esperamos que no México, em 2012, uma nova história seja construída de fato. Nossas crianças não gostam de ‘tragédias gregas’, elas têm a suas próprias”.
Leia abaixo trechos do discurso de Maurício Cunha em Cannes:
Eu moro em Recife, uma cidade do Nordeste do Brasil, uma das regiões mais pobres do País. Lá, vemos pobreza e fome o tempo todo, até mesmo no quarteirão onde moro. É, portanto, um desafio enorme estar em uma cúpula como esta e ver que os problemas pelos quais trabalhamos não estão sendo priorizados.
Como uma organização de ajuda humanitária, que atua em cem países ao redor do mundo com crianças e famílias que vivem na pobreza, a Visão Mundial tem muita esperança de que o G-20 possa, não somente intervir, mas, literalmente, salvar as vidas desses milhões de pessoas.
Toda noite, 925 milhões de pessoas vão dormir com fome e, neste exato momento, na região do Chifre da África, crianças e famílias estão se esforçando para sobreviver à pior seca dos últimos 60 anos.
Hoje nós estamos na glamorosa, sofisticada e linda Cannes, que contrasta fortemente com a luta desses milhões de pessoas. E o G-20 deve se lembrar disso como uma oportunidade perdida.
“Novo mundo, novas ideias” (slogan do G-20 em 2011) é um slogan oco, tendo em vista o quão pouco foi realmente realizado. As ações do G-20 sobre segurança alimentar e volatilidade dos preços precisam ser baseadas nas necessidades e nas perspectivas dos 925 milhões de pessoas famintas que não se importam com a “Tragédia Grega”: eles não vão ao teatro, mas eles têm suas próprias tragédias, as quais nós precisamos assumir e ser a voz daqueles que não têm voz.
Enquanto o G-20 tem prestado pouca atenção à necessidade de apoiar os pequenos agricultores, estamos decepcionados pelo fato de que, até agora, seus esforços não terem produzido ações concretas para apoiar esses agricultores que cultivam seu próprio alimento para a subsistência de suas famílias e são parte da solução para prevenir a escassez global de alimentos. Pequenos agricultores produzem a maioria dos alimentos do mundo.
A volatilidade dos preços criou o caos para os pequenos agricultores, que, ironicamente, são tanto os produtores de alimentos quanto aquela maioria que padece pela insegurança alimentar. O G-20 falhou ao não adotar medidas importantes para controlar a alta volatilidade dos preços e isso faz com que a situação de segurança alimentar piore ainda mais para essas pessoas.
O encontro do G-20 representa uma oportunidade crucial para essa transformação, pois alguns desses líderes mundiais aqui reunidos têm o enorme desafio de combater a fome e a pobreza em seus próprios países. É por isso que esses temas devem constar da agenda principal da cúpula dos 20 líderes mais poderosos do mundo.
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O encontro reúne anualmente chefes de Estado, ministros da Fazenda e presidentes dos bancos centrais das maiores economias do mundo. O grupo dos países do G20 é responsável por quase 90% da riqueza e 2/3 da população mundial.
Para Maurício, a reunião “deixou um certo clima de decepção”. Segundo ele, “a crise financeira mundial e, em especial, a crise envolvendo a Grécia (a qual, nos bastidores de Cannes foi chamada de ‘Tragédia Grega’), tomaram conta das discussões, deixando um certo clima de frustração. Mais uma vez, os temas do desenvolvimento e as necessidades dos mais vulneráveis ficaram em último plano. A bela e sofisticada Cannes foi o cenário em que o slogan da Cúpula, ‘Novo mundo, Novas ideias’ caiu no vazio do velho jeito de fazer, valorizar e tratar os problemas. Em cada esquina da cidade estava a frase: ‘A História será escrita em Cannes’. Perguntamo-nos: história de quem, para quem e para quê? A verdade é que 925 milhões de pessoas dormirão com fome hoje à noite, e ainda que uma reunião não deva ter a pretensão de resolver todos os problemas do mundo, ela deveria ter, ao menos, a intenção de nominá-los. Esperamos que no México, em 2012, uma nova história seja construída de fato. Nossas crianças não gostam de ‘tragédias gregas’, elas têm a suas próprias”.
Leia abaixo trechos do discurso de Maurício Cunha em Cannes:
Eu moro em Recife, uma cidade do Nordeste do Brasil, uma das regiões mais pobres do País. Lá, vemos pobreza e fome o tempo todo, até mesmo no quarteirão onde moro. É, portanto, um desafio enorme estar em uma cúpula como esta e ver que os problemas pelos quais trabalhamos não estão sendo priorizados.
Como uma organização de ajuda humanitária, que atua em cem países ao redor do mundo com crianças e famílias que vivem na pobreza, a Visão Mundial tem muita esperança de que o G-20 possa, não somente intervir, mas, literalmente, salvar as vidas desses milhões de pessoas.
Toda noite, 925 milhões de pessoas vão dormir com fome e, neste exato momento, na região do Chifre da África, crianças e famílias estão se esforçando para sobreviver à pior seca dos últimos 60 anos.
Hoje nós estamos na glamorosa, sofisticada e linda Cannes, que contrasta fortemente com a luta desses milhões de pessoas. E o G-20 deve se lembrar disso como uma oportunidade perdida.
“Novo mundo, novas ideias” (slogan do G-20 em 2011) é um slogan oco, tendo em vista o quão pouco foi realmente realizado. As ações do G-20 sobre segurança alimentar e volatilidade dos preços precisam ser baseadas nas necessidades e nas perspectivas dos 925 milhões de pessoas famintas que não se importam com a “Tragédia Grega”: eles não vão ao teatro, mas eles têm suas próprias tragédias, as quais nós precisamos assumir e ser a voz daqueles que não têm voz.
Enquanto o G-20 tem prestado pouca atenção à necessidade de apoiar os pequenos agricultores, estamos decepcionados pelo fato de que, até agora, seus esforços não terem produzido ações concretas para apoiar esses agricultores que cultivam seu próprio alimento para a subsistência de suas famílias e são parte da solução para prevenir a escassez global de alimentos. Pequenos agricultores produzem a maioria dos alimentos do mundo.
A volatilidade dos preços criou o caos para os pequenos agricultores, que, ironicamente, são tanto os produtores de alimentos quanto aquela maioria que padece pela insegurança alimentar. O G-20 falhou ao não adotar medidas importantes para controlar a alta volatilidade dos preços e isso faz com que a situação de segurança alimentar piore ainda mais para essas pessoas.
O encontro do G-20 representa uma oportunidade crucial para essa transformação, pois alguns desses líderes mundiais aqui reunidos têm o enorme desafio de combater a fome e a pobreza em seus próprios países. É por isso que esses temas devem constar da agenda principal da cúpula dos 20 líderes mais poderosos do mundo.
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