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- 18 de maio de 2022
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O Que Cristo Pensa da Igreja - resenha
Resenha
O leitor ficará agradavelmente surpreso ao perceber que o livro é profundamente didático e as características que Stott designa a cada igreja não poderiam ser mais atuais para a igreja ao redor de todo o mundo.
Por Oswaldo Prado
Ao longo dos anos, vários questionamentos se levantam quando somos desafiados a refletir e interpretar o livro do Apocalipse. O que está revelado pelo Cordeiro de Deus ao apóstolo João poderia ser aplicado para a vida dos cristãos de hoje? Teríamos a possibilidade de decifrar os códigos presentes no texto apocalíptico para a vida de nossas comunidades?
Recheado de símbolos, que incluem animais, cores e números, (sobretudo o famigerado 666) que tem levado as mais variadas interpretações, muitas delas desconectadas da vida cotidiana do cristão. Mais do que isso. Poucos têm sido, ao longo da história da igreja, os estudiosos que se aventuram a refletirem e darem sua interpretação ao texto joanino.
Considerado um dos maiores teólogos e escritores de todos os tempos, John Stott, escreveu no final da década de 50, um de seus livros que agora podemos ter em nossas mãos, através da Editora Ultimato: O Que Cristo Pensa da Igreja. Trata-se de uma joia rara, fruto de sermões expositivos que foram pregados por Stott na All Souls Church e que agora temos a publicação em nossas mãos.
Dr. Benjamin Kwashi, Bispo da Nigéria, e autor do prólogo desse livro afirma que “o livro de Stott surge como uma brisa de verão e um lembrete de que o que importa e o que importará na eternidade, não é o que pensamos acerca de nós mesmos, ou até mesmo o que outras pessoas possam pensar de nós, mas sim o que Cristo pensa de nós e o que ele pensa de sua igreja.”
A proposta do livro, portanto, é trazer à luz, a realidade das sete igrejas, dando a cada uma delas o sinal marcante de cada comunidade.
Com isso, o autor conduz o leitor a não somente compreender sobre o pensamento de Cristo sobre sua Igreja, mas também desvenda as marcas indeléveis de cada igreja para sua aplicabilidade em nossos dias.
Nesse sentido, Stott contraria boa parte daqueles que buscam interpretar os capítulos iniciais do Apocalipse. Sua proposta é ampliar a interpretação conectando o texto de uma igreja com outros contextos exarados nas Escrituras.
Um exemplo está presente na interpretação das palavras de Jesus à Igreja em Éfeso: Paulo e Timóteo são inseridos como personagens imprescindíveis exatamente porque fizeram parte, em algum momento, daquela igreja local.
O leitor ficará agradavelmente surpreso ao perceber que o livro é profundamente didático e as características que Stott designa a cada igreja não poderiam ser mais atuais para a igreja ao redor de todo o mundo.
Amor, sofrimento, verdade, santidade, realidade, oportunidade e dedicação se tornarão em temas contemporâneos à medida que o leitor se aprofundar na realidade daquelas igrejas que, em muito, se assemelham com o que presenciamos em nossos dias. Mesmo avançando em várias partes do planeta a igreja parece estar ainda longe daquilo que Cristo gostaria que ela fosse.
Chamou a minha atenção, em particular, a abordagem de Stott sobre as palavras de Cristo à Igreja em Pérgamo. Semelhante a muitas das cidades que conhecemos, Pérgamo estava imersa numa cultura secular na qual as mais variadas espiritualidades se faziam presentes. Mesmo reconhecendo a necessidade constante de se manter sempre o diálogo interreligioso, o autor faz questão de salientar aquilo que ele chama da “preocupação de Cristo com a Verdade”. Exatamente por isso ele direciona essas palavras ao anjo da igreja em Pérgamo: “você permanece fiel ao meu nome e não renunciou à sua fé em mim...” (Ap 2.13). Em certo trecho, Stott traz à luz duas expressões muito comuns dos religiosos de Pérgamo: “Só um pouquinho de idolatria...só um pouquinho de imoralidade. Nós somos livres. Não precisamos ser radicais.” Quanta semelhança ao que temos ouvido até por parte mesmo de líderes cristãos.
Aos pastores e líderes uma palavra importante: esse livro irá ajudá-los não somente a trazer para o contexto de nossos dias as palavras de Cristo sobre o que ele pensa da Igreja, mas também lhes dará ferramentas indispensáveis para seus sermões e estudos bíblicos com pequenos grupos. As verdades teológicas são expostas de forma a permitir que tantos os acadêmicos como os membros de nossas igrejas possam usufruir daquilo que Jesus espera de nossas comunidades.
Um livro indispensável para todos aqueles que amam e servem a Igreja.
• Oswaldo Prado é missionário da Sepal. Atua como mentor de pastores plantadores de novas igrejas do Centro de Treinamento de Plantadores de Igrejas (CTPI) e também de outros pastores. Coordena uma equipe missional da ChildFund Brasil no apoio à plantação de igrejas em regiões de extrema pobreza do país. Serve como consultor da Secretaria de Evangelização da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil e de outras organizações missionárias.
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