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- 26 de agosto de 2022
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O poder, os desafios e os riscos de ser um digital influencer cristão
Por Lissânder Dias
“Precisamos elaborar uma ética cristã para as redes sociais”. “Todos somos influencers”. “Vivemos a era da pós-homilética e precisamos traduzir o Evangelho para o público das redes”. Essas foram algumas das frases ditas por Jacira Monteiro e Kaiky Fernandez, os dois entrevistados do Diálogos de Esperança na live realizada na última terça-feira, dia 23, das 20h às 21h, no canal da Editora Ultimato no Youtube e em sua página no Facebook, com o tema “Influencers cristãos: um novo jeito de fazer missão”.
Potencial positivo
Uma parte da live enfatizou o enorme potencial positivo dos chamados “digital influencers” cristãos. Para Kaiky, “vivemos a era da conectividade, e ao nos conectarmos, a comunicação se descentraliza. Ela sai dos grandes veículos de mídia e toda e qualquer pessoa tem a oportunidade de ser um produtor de conteúdo. Todos somos influencers. O que muda é o grau de abrangência”.
Jacira compartilhou como as portas se abriram mais amplamente para ela por meio das redes sociais. “A partir da internet, eu tenho conseguido andar pelo Brasil falando sobre a temática da justiça racial bíblica. Foi por causa da internet que eu tive essa visibilidade, que pastores e líderes ouviram minha voz”. Ela também entende que a Grande Comissão de Mateus 28 nos chama para agir, “enquanto estivermos indo”, ou seja, “em todo lugar onde eu estiver, eu devo refletir Jesus, e isso também na internet”.
Desafios
As oportunidades trazem desafios. Para Jacira, um dos maiores é a elaboração de uma ética cristã para o ambiente das redes sociais. “Devemos meditar, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, sobre as práticas que o Senhor nos dá de como lidar com o próximo e aplicar isso nas redes sociais. Às vezes, as pessoas se escondem atrás de uma tela e atacam, difamam e cancelam o outro, vivem de ‘treta em treta’. Isso não é o perfil de um cristão – nem dentro nem fora das redes sociais”. Ela levanta também a questão sobre a espetacularização pela espetacularização. “Tem a vida dos influencers que fazem as coisas simplesmente para ganhar dinheiro, para filmar, e não porque estão vivendo, de fato, aqueles momentos. Então, de certa forma, a gente acaba se distanciando dos outros. Você vai a um encontro com os amigos e cada um prefere usar o seu telefone, e não conversar com o outro”.
Citando o artigo Do envolvimento cristão com as tecnologias digitais; uma perspectiva reformada, de Jean Francesco A. L. Gomes, Kaiky lembra que há duas diretrizes para a atuação cristã no contexto digital. “A primeira é glorificar a Deus, ou seja, obedecer, amar e confiar em Deus para a atuação nesse novo contexto; e a segunda é promover o bem comum, ou seja, contribuir e servir o próximo no ambiente virtual. Às vezes, comparamos o ambiente digital com o real, como se o digital também não fosse real. A diferença é que o contexto é digital e não analógico, mas ambos são reais. O que muda é a dinâmica particular de cada um deles”.
Ele lembrou ainda o termo “era pós-homilética”, utilizado pelo teólogo Owen Strachan no livro O Pastor como Teólogo Público. Segundo Fernandez, “vivemos na era pós-homilética porque a arena pública não se dá mais no contexto em que as pessoas se reúnem para ouvir um grande discurso. Vivemos na época em que as pessoas se comunicam usando memes, emojis, tuites. É uma outra linguagem, um outro contexto. Então, talvez o nosso grande desafio seja nos capacitarmos para conseguir traduzir ou transpor o Evangelho para esse novo contexto, esse novo ambiente. Nesse sentido, temos dois desafios: 1) conhecer o próprio Evangelho, ter base teológica e bíblica, saber onde estamos pisando, termos fundamentos para comunicarmos; 2) e conhecer esse novo ambiente, o que muda de uma rede para a outra, qual a linguagem, qual a dinâmica. Tudo está mudando o tempo todo. Devemos pegar o que é imutável e eterno e transpor para os contextos que são dinâmicos. Assim como a tradução linguística, esse também é um trabalho de tradução”.
Perigos
“A internet é uma terra sem lei”, afirma Jacira. “Eu já fui cancelada muitas vezes por tratar da temática racial. Muitas pessoas já chegam com seus pressupostos definidos e não querem entender os meus. Há os preguiçosos intelectuais, que não leem por completo o que você escreveu e já chegam a conclusões. E, ainda, há os que não te seguem, mas que aparecem com o único objetivo de xingar você”. Ela disse que foi com terapia e leitura bíblica que conseguiu lidar com tudo isso. “A minha terapeuta me ajudou a entender os perfis psicológicos das pessoas. Com a leitura bíblica eu entendi qual a minha identidade em Cristo. O que Cristo fala de mim é muito mais importante do que as outras pessoas estão dizendo. Importa que o nome de Jesus cresça, não o meu”, afirma ela.
Kaiky chama a atenção também para o perigo de uma exposição pessoal exagerada nas redes. “Sei que os manuais de comunicação dizem o contrário, mas eu acho que a exposição pessoal exagerada não é necessária para que você consolide um público, porque acho que é uma questão de discernimento e sabedoria que devemos ter. Não podemos ser reféns do que gera engajamento”. Kaiky cita dados da pesquisa “The Future 100”, feita pela Wunderman Thompson nos EUA e publicada em janeiro de 2021, revelando que 92% das crianças com 2 anos de idade já têm presença digital. “Isso é assustador! Por que elas têm presença digital? Porque os pais publicam fotos sobre a vida delas o tempo inteiro. Não podemos chegar ao ponto em que somos controlados pelas mídias. Não podemos deixar romper a barreira de liberdade e intimidade que não é adequada”.
Ao final da live, a moderadora Claudia Moreira listou palavras-chaves a partir dessa conversa que resumem bem os conselhos dados nessa nova forma de fazer missão: oração, discernimento e sabedoria.
Houve bastante interação do público que fez perguntas e comentários como esses:
As pessoas acabam ‘consumindo’ as pessoas, e não o conteúdo.
Fe Castilho
A internet é democrática, dá voz a tudo que é tipo de gente, boas e más, quem se expõe na rede precisa estar preparado para enfrentar ou ‘suportar’ os haters.
Keila Frossard
As redes sociais são um falso deus da atualidade.
Keila Frossard
Um tema muito bom, queremos BIS!
Joelden Rocha
Entender a minha identidade em Cristo’. Essa compreensão nos liberta da ditadura do nosso próprio ego.
Erica Neves
A moderação da live “Influencers cristãos: um novo jeito de fazer missão” foi feita por Claudia Moreira e Lissânder Dias.
Saiba mais
» As redes sociais na formação cristã, live de Diálogos de Esperança
» O mundo das redes sociais e o testemunho cristão, live de Diálogos de Esperança
» A liberdade cristã na era digital, Davi Lago
» 7 dicas para comentar e responder nas redes sociais, Paulo Ribeiro
» Guia de redes sociais para igrejas e organizações
“Precisamos elaborar uma ética cristã para as redes sociais”. “Todos somos influencers”. “Vivemos a era da pós-homilética e precisamos traduzir o Evangelho para o público das redes”. Essas foram algumas das frases ditas por Jacira Monteiro e Kaiky Fernandez, os dois entrevistados do Diálogos de Esperança na live realizada na última terça-feira, dia 23, das 20h às 21h, no canal da Editora Ultimato no Youtube e em sua página no Facebook, com o tema “Influencers cristãos: um novo jeito de fazer missão”.
Potencial positivo
Uma parte da live enfatizou o enorme potencial positivo dos chamados “digital influencers” cristãos. Para Kaiky, “vivemos a era da conectividade, e ao nos conectarmos, a comunicação se descentraliza. Ela sai dos grandes veículos de mídia e toda e qualquer pessoa tem a oportunidade de ser um produtor de conteúdo. Todos somos influencers. O que muda é o grau de abrangência”.
Jacira compartilhou como as portas se abriram mais amplamente para ela por meio das redes sociais. “A partir da internet, eu tenho conseguido andar pelo Brasil falando sobre a temática da justiça racial bíblica. Foi por causa da internet que eu tive essa visibilidade, que pastores e líderes ouviram minha voz”. Ela também entende que a Grande Comissão de Mateus 28 nos chama para agir, “enquanto estivermos indo”, ou seja, “em todo lugar onde eu estiver, eu devo refletir Jesus, e isso também na internet”.
Desafios
As oportunidades trazem desafios. Para Jacira, um dos maiores é a elaboração de uma ética cristã para o ambiente das redes sociais. “Devemos meditar, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, sobre as práticas que o Senhor nos dá de como lidar com o próximo e aplicar isso nas redes sociais. Às vezes, as pessoas se escondem atrás de uma tela e atacam, difamam e cancelam o outro, vivem de ‘treta em treta’. Isso não é o perfil de um cristão – nem dentro nem fora das redes sociais”. Ela levanta também a questão sobre a espetacularização pela espetacularização. “Tem a vida dos influencers que fazem as coisas simplesmente para ganhar dinheiro, para filmar, e não porque estão vivendo, de fato, aqueles momentos. Então, de certa forma, a gente acaba se distanciando dos outros. Você vai a um encontro com os amigos e cada um prefere usar o seu telefone, e não conversar com o outro”.
Citando o artigo Do envolvimento cristão com as tecnologias digitais; uma perspectiva reformada, de Jean Francesco A. L. Gomes, Kaiky lembra que há duas diretrizes para a atuação cristã no contexto digital. “A primeira é glorificar a Deus, ou seja, obedecer, amar e confiar em Deus para a atuação nesse novo contexto; e a segunda é promover o bem comum, ou seja, contribuir e servir o próximo no ambiente virtual. Às vezes, comparamos o ambiente digital com o real, como se o digital também não fosse real. A diferença é que o contexto é digital e não analógico, mas ambos são reais. O que muda é a dinâmica particular de cada um deles”.
Ele lembrou ainda o termo “era pós-homilética”, utilizado pelo teólogo Owen Strachan no livro O Pastor como Teólogo Público. Segundo Fernandez, “vivemos na era pós-homilética porque a arena pública não se dá mais no contexto em que as pessoas se reúnem para ouvir um grande discurso. Vivemos na época em que as pessoas se comunicam usando memes, emojis, tuites. É uma outra linguagem, um outro contexto. Então, talvez o nosso grande desafio seja nos capacitarmos para conseguir traduzir ou transpor o Evangelho para esse novo contexto, esse novo ambiente. Nesse sentido, temos dois desafios: 1) conhecer o próprio Evangelho, ter base teológica e bíblica, saber onde estamos pisando, termos fundamentos para comunicarmos; 2) e conhecer esse novo ambiente, o que muda de uma rede para a outra, qual a linguagem, qual a dinâmica. Tudo está mudando o tempo todo. Devemos pegar o que é imutável e eterno e transpor para os contextos que são dinâmicos. Assim como a tradução linguística, esse também é um trabalho de tradução”.
Perigos
“A internet é uma terra sem lei”, afirma Jacira. “Eu já fui cancelada muitas vezes por tratar da temática racial. Muitas pessoas já chegam com seus pressupostos definidos e não querem entender os meus. Há os preguiçosos intelectuais, que não leem por completo o que você escreveu e já chegam a conclusões. E, ainda, há os que não te seguem, mas que aparecem com o único objetivo de xingar você”. Ela disse que foi com terapia e leitura bíblica que conseguiu lidar com tudo isso. “A minha terapeuta me ajudou a entender os perfis psicológicos das pessoas. Com a leitura bíblica eu entendi qual a minha identidade em Cristo. O que Cristo fala de mim é muito mais importante do que as outras pessoas estão dizendo. Importa que o nome de Jesus cresça, não o meu”, afirma ela.
Kaiky chama a atenção também para o perigo de uma exposição pessoal exagerada nas redes. “Sei que os manuais de comunicação dizem o contrário, mas eu acho que a exposição pessoal exagerada não é necessária para que você consolide um público, porque acho que é uma questão de discernimento e sabedoria que devemos ter. Não podemos ser reféns do que gera engajamento”. Kaiky cita dados da pesquisa “The Future 100”, feita pela Wunderman Thompson nos EUA e publicada em janeiro de 2021, revelando que 92% das crianças com 2 anos de idade já têm presença digital. “Isso é assustador! Por que elas têm presença digital? Porque os pais publicam fotos sobre a vida delas o tempo inteiro. Não podemos chegar ao ponto em que somos controlados pelas mídias. Não podemos deixar romper a barreira de liberdade e intimidade que não é adequada”.
Ao final da live, a moderadora Claudia Moreira listou palavras-chaves a partir dessa conversa que resumem bem os conselhos dados nessa nova forma de fazer missão: oração, discernimento e sabedoria.
Houve bastante interação do público que fez perguntas e comentários como esses:
As pessoas acabam ‘consumindo’ as pessoas, e não o conteúdo.
Fe Castilho
A internet é democrática, dá voz a tudo que é tipo de gente, boas e más, quem se expõe na rede precisa estar preparado para enfrentar ou ‘suportar’ os haters.
Keila Frossard
As redes sociais são um falso deus da atualidade.
Keila Frossard
Um tema muito bom, queremos BIS!
Joelden Rocha
Entender a minha identidade em Cristo’. Essa compreensão nos liberta da ditadura do nosso próprio ego.
Erica Neves
A moderação da live “Influencers cristãos: um novo jeito de fazer missão” foi feita por Claudia Moreira e Lissânder Dias.
Saiba mais
» As redes sociais na formação cristã, live de Diálogos de Esperança
» O mundo das redes sociais e o testemunho cristão, live de Diálogos de Esperança
» A liberdade cristã na era digital, Davi Lago
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» Guia de redes sociais para igrejas e organizações
Lissânder Dias do Amaral é jornalista, blogueiro, poeta e editor de livros. Integra o Conselho Nacional da Interserve Brasil e o Conselho da Unimissional. É autor de “O Cotidiano Extraordinário – a vida em pequenas crônicas” e responsável pelo blog Fatos e Correlatos do Portal Ultimato. É um dos fundadores do Movimento Vocare e ajudou a criar as organizações cristãs de cooperação Rede Mãos Dadas e Rede Evangélica Nacional de Ação Social (RENAS).
- Textos publicados: 126 [ver]
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Site: http://www.fatosecorrelatos.com.br
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