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- 12 de julho de 2011
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O pessimismo de João Ubaldo Ribeiro e o realismo de Cristo
“Não sou muito otimista quanto à humanidade. Somos uma especiezinha muito criticável. Somos todos uma contradição imensa. Nossa ruindade animalesca prevalece, apesar da racionalidade. Enquanto estamos aqui convivendo pacificamente agora, tem alguém estrangulando alguém. Vivemos fazendo esse tipo de coisa e não aprendemos nada. No curso na história humana, continuamos a repetir as mesmas atrocidades, muitas delas de maneira mais refinada.”
As palavras cheias de pessimismo foram ditas pelo escritor João Ubaldo Ribeiro ao site G1 na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) que terminou no domingo, dia 11, na cidade fluminense. Ele tem certa razão. Mas não toda.
É honesto reconhecer a “ruindade” humana, mas para que isso não nos leve a um completo cinismo existencial é mais correto crer no realismo cristão. Jesus tanto descortinou a sujeira interior do homem (Mc 7.21-23) quanto valorizou a nossa dignidade intrínseca, como imagem e semelhança de Deus (Gn 1.26,27), ao dar sua própria vida por nossa salvação. Já dizia no século XVII o matemático e filósofo francês, Blaise Pascal: “A religião cristã é a única que reconhece a grandeza e a pequeneza da natureza humana e a razão de ambas”.
É mais sábio afirmar, portanto, que “todos carregam dentro de si duas tendências opostas. Uma delas é para o bem, a outra é para o mal”, como diz o pastor Elben em Por que (sempre) faço o que não quero?. Mário de Andrade, outro famoso escritor da literatura brasileira, autor de Macunaíma, foi mais equilibrado que João Ubaldo Ribeiro. Em carta escrita ao artista Cândido Portinari, ele afirmou: “Você me revelou o meu lado angélico, ao passo que Segall me revelou o meu lado diabólico, as tendências más que procuro vencer”.
John Stott, em Por Que Sou Cristão, chama este conflito de “paradoxo da humanidade”. “Os seres humanos são um paradoxo estranho e trágico. Somos capazes de nos comportar por um momento como Deus, a cuja imagem fomos criados, e no momento seguinte como bestas, de quem fomos feitos para ser para sempre distintos. Somos capazes de pensar, escolher, amar e matar. Os seres humanos criaram os hospitais para o cuidado dos doentes, as universidades para a aquisição de sabedoria e as igrejas para a adoração a Deus. Mas eles inventaram também as câmaras de torturas, os campos de concentração e os arsenais nucleares”.
Mesmo reconhecendo o conflito que reside em nós, o realismo cristão não nos deixa famintos. Ele nos alimenta com esperança, porque afirma que o pecado é finito e que há a possibilidade de plena salvação. Em seu livro, o pastor Elben lembra as palavras de John Donne, poeta e clérigo inglês, escritas há mais de 500 anos: “Aqui me vejo envolto em disfarces; lá, então, me verei a mim mesmo, mas também verei a Deus [...] Aqui tenho algumas faculdades aguçadas e outras deixadas nas trevas; minha compreensão às vezes é clareada, ao mesmo tempo em que minha vontade é pervertida. Ali serei apenas luz, sem sombras sobre mim: minha alma revolta na luz da alegria e meu corpo, na luz da glória”.
As palavras cheias de pessimismo foram ditas pelo escritor João Ubaldo Ribeiro ao site G1 na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) que terminou no domingo, dia 11, na cidade fluminense. Ele tem certa razão. Mas não toda.
É honesto reconhecer a “ruindade” humana, mas para que isso não nos leve a um completo cinismo existencial é mais correto crer no realismo cristão. Jesus tanto descortinou a sujeira interior do homem (Mc 7.21-23) quanto valorizou a nossa dignidade intrínseca, como imagem e semelhança de Deus (Gn 1.26,27), ao dar sua própria vida por nossa salvação. Já dizia no século XVII o matemático e filósofo francês, Blaise Pascal: “A religião cristã é a única que reconhece a grandeza e a pequeneza da natureza humana e a razão de ambas”.
É mais sábio afirmar, portanto, que “todos carregam dentro de si duas tendências opostas. Uma delas é para o bem, a outra é para o mal”, como diz o pastor Elben em Por que (sempre) faço o que não quero?. Mário de Andrade, outro famoso escritor da literatura brasileira, autor de Macunaíma, foi mais equilibrado que João Ubaldo Ribeiro. Em carta escrita ao artista Cândido Portinari, ele afirmou: “Você me revelou o meu lado angélico, ao passo que Segall me revelou o meu lado diabólico, as tendências más que procuro vencer”.
John Stott, em Por Que Sou Cristão, chama este conflito de “paradoxo da humanidade”. “Os seres humanos são um paradoxo estranho e trágico. Somos capazes de nos comportar por um momento como Deus, a cuja imagem fomos criados, e no momento seguinte como bestas, de quem fomos feitos para ser para sempre distintos. Somos capazes de pensar, escolher, amar e matar. Os seres humanos criaram os hospitais para o cuidado dos doentes, as universidades para a aquisição de sabedoria e as igrejas para a adoração a Deus. Mas eles inventaram também as câmaras de torturas, os campos de concentração e os arsenais nucleares”.
Mesmo reconhecendo o conflito que reside em nós, o realismo cristão não nos deixa famintos. Ele nos alimenta com esperança, porque afirma que o pecado é finito e que há a possibilidade de plena salvação. Em seu livro, o pastor Elben lembra as palavras de John Donne, poeta e clérigo inglês, escritas há mais de 500 anos: “Aqui me vejo envolto em disfarces; lá, então, me verei a mim mesmo, mas também verei a Deus [...] Aqui tenho algumas faculdades aguçadas e outras deixadas nas trevas; minha compreensão às vezes é clareada, ao mesmo tempo em que minha vontade é pervertida. Ali serei apenas luz, sem sombras sobre mim: minha alma revolta na luz da alegria e meu corpo, na luz da glória”.
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