Opinião
- 07 de julho de 2023
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O "homem cordial" e a política da idolatria
Por Anderson Paz
Em 1936, o sociólogo brasileiro Sérgio Buarque de Holanda explicou a cordialidade do povo brasileiro. Para ele, o brasileiro é um "homem cordial" porque desenvolve suas relações interpessoais através do afeto. O brasileiro age com o coração.
Existe no Brasil uma "cultura civil" que mistura os âmbitos público e privado. As relações sociais brasileiras são personalistas, não impessoais e por mérito. As relações se dão com base no afeto, nas emoções e na amizade.
O povo brasileiro é avesso ao ritual e ao formalismo. O brasileiro gosta da intimidade. Por isso, emprega diminutivos para se familiarizar com os outros e para abrir exceção a toda regra. Nesse ponto, surge o "jeitinho brasileiro".
O que isso implica para a política? O resultado é que o brasileiro se relaciona com os políticos com seus afetos, suspendendo sua racionalidade crítica. O brasileiro enxerga o político, não como um servidor do povo, mas como um amigo pessoal. O brasileiro briga com o outro para defender políticos.
A consequência é uma reiterada situação de patrimonialismo em que elites políticas se apropriam dos bens públicos, enquanto esses mesmos políticos são adorados pelo povo.
A cordialidade brasileira com os políticos mascara a profunda violência das elites políticas que desviam ou usam os bens públicos para seus benefícios e privilégios.
Tudo isso dificulta a construção de instituições sólidas e impessoais, como um Estado de Direito e uma burocracia eficiente.
- Anderson Paz é membro da Igreja do Betel Brasileiro em João Pessoa, PB. Advogado, é doutorando em Ciência Política pela Universidade Federal de Pernambuco.
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Ao todo, Jesus contou 38 parábolas. Mais de um terço delas trata de assuntos ligados a posses e riquezas. Há cerca de quinhentos versículos sobre oração na Bíblia. Sobre dinheiro e posses são mais de 2.300.
As Escrituras se ocupam desse assunto porque ele é crucial para a fé. Trata-se de onde colocamos nossos afetos e a quem seguimos. Jesus adverte: “Onde estiver o seu tesouro, aí estará também o seu coração” (Mt 6.21).
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