Prateleira
- 29 de outubro de 2011
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O futuro era melhor antigamente
Hoje é o Dia do Livro. E, não sem alguma ironia, lembro-me do ‘Túmulo ao Soldado Desconhecido’. Ironia que nada tem a ver com a honra devida aos anônimos que caíram em guerras mundo afora, os quais no Brasil têm seu reconhecimento no Monumento Nacional aos Mortos da Segunda Guerra Mundial, no Rio de Janeiro.
O livro, qualquer livro, publica-se. Não é anônimo nem muito menos desconhecido. Mas todos os dias são construídos novos “túmulos” em sua homenagem. Por isso, uso emprestado no título desta pequena ode ao livro a frase do humorista búlgaro Karl Valentin. Faço apenas um acréscimo: O futuro [do livro] era melhor antigamente.
Poupo o leitor das bobagens que se dizem do ‘futuro’ do livro. Aliás, “tudo já foi dito; mas não por todo mundo”. Devo também a Valentin esse achado e, por isso, arrisco-me em algumas ilações. Espanta-me o ambiente escatológico dos pregoeiros das novas tecnologias. Peço perdão aos mais delicados, mas não resisto: já se passaram mais de três dias da morte de Steve Jobs...
Aviso aos apressados: adoro a tecnologia. Da penicilina aos tablets, embora não tenha qualquer acessório – cuja definição é “aquilo que não é fundamental” – que comece com a letra “i”. Mas, confesso, gostaria de tê-los. Bem, isso pouco importa e volto ao que nos interessa hoje: o valor, a dignidade do livro. Um livro, qualquer livro, não tem data de validade e a tecnologia é apenas um detalhe. O que de fato importa para o [futuro do] livro é o poder econômico, o monopólio, a possibilidade de privatização dos seus benefícios [públicos]. Não há almoço grátis.
Silêncio. Queremos celebrar vida longa ao livro. Salomão não entendia de plataforma ou suportes e ainda assim cravou: “Não há limite para fazer livros” (Ec 12.12). E por falar em suporte, nos últimos trinta anos consulto um mesmo livro (impresso), de um conhecido pensador protestante, para novas anotações ou citações caseiras. Como editor, não faço as contas de quantas vezes perdemos arquivos de livros inteiros e seus suportes ‘duráveis’.
Se você lê, bem-vindo ao futuro [do livro].
O livro, qualquer livro, publica-se. Não é anônimo nem muito menos desconhecido. Mas todos os dias são construídos novos “túmulos” em sua homenagem. Por isso, uso emprestado no título desta pequena ode ao livro a frase do humorista búlgaro Karl Valentin. Faço apenas um acréscimo: O futuro [do livro] era melhor antigamente.
Poupo o leitor das bobagens que se dizem do ‘futuro’ do livro. Aliás, “tudo já foi dito; mas não por todo mundo”. Devo também a Valentin esse achado e, por isso, arrisco-me em algumas ilações. Espanta-me o ambiente escatológico dos pregoeiros das novas tecnologias. Peço perdão aos mais delicados, mas não resisto: já se passaram mais de três dias da morte de Steve Jobs...
Aviso aos apressados: adoro a tecnologia. Da penicilina aos tablets, embora não tenha qualquer acessório – cuja definição é “aquilo que não é fundamental” – que comece com a letra “i”. Mas, confesso, gostaria de tê-los. Bem, isso pouco importa e volto ao que nos interessa hoje: o valor, a dignidade do livro. Um livro, qualquer livro, não tem data de validade e a tecnologia é apenas um detalhe. O que de fato importa para o [futuro do] livro é o poder econômico, o monopólio, a possibilidade de privatização dos seus benefícios [públicos]. Não há almoço grátis.
Silêncio. Queremos celebrar vida longa ao livro. Salomão não entendia de plataforma ou suportes e ainda assim cravou: “Não há limite para fazer livros” (Ec 12.12). E por falar em suporte, nos últimos trinta anos consulto um mesmo livro (impresso), de um conhecido pensador protestante, para novas anotações ou citações caseiras. Como editor, não faço as contas de quantas vezes perdemos arquivos de livros inteiros e seus suportes ‘duráveis’.
Se você lê, bem-vindo ao futuro [do livro].
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