Opinião

28 de setembro de 2020
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O discipulado na igreja local. Onde está o erro?

Por Randy Pope

Muitos conhecem Ken Blanchard como um líder de negócios e como o notório autor de mais de quarenta livros, incluindo O Gerente Minuto. Nós nos conhecemos num fórum sobre liderança para pastores, no qual cerca de vinte de nós passaram três dias com ele, fazendo perguntas que pudessem beneficiar nossos ministérios. Na época, Ken era um seguidor de Cristo “novinho em folha”.

Um dia, alguém perguntou:

– Ken, o que fez seu negócio ser extremamente bem-sucedido?

Ken respondeu explicando como sua empresa e seus livros foram fundamentados no que ele chama de paradigma da liderança situacional. – Muitos anos depois – ele disse – pude compreender como esse paradigma era coerente com a verdade bíblica. – Anos mais tarde, Ken inaugurou um ministério chamado Lidere como Jesus, que era baseado nessa realidade.

Para aqueles que não estão familiarizados com esse paradigma, foi assim que ele o explicou. Primeiro ele desenhou uma caixa com quatro quadrantes. Então, preencheu cada quadrante com uma palavra.

Primeiro ele colocou a palavra direcionar no quadrante inferior esquerdo. – Suponha que você contratou um novo funcionário – ele disse. – A primeira coisa que você deve fazer é dar-lhe direções. Ele precisa saber o que se espera dele e também onde as coisas ficam, como as coisas são feitas. – Então, Ken observou que se continuar apenas oferecendo direções, você falhará como líder.

Depois, ele escreveu a palavra auxiliar no quadrante superior esquerdo. – Auxiliar – explicou – é quando você permite que seu funcionário veja você realizar uma tarefa antes de pedir que ele faça sozinho. É permitir que ele lhe faça perguntas e então questioná-lo para ter certeza de que ele compreendeu o que deve fazer. É dar feedback enquanto você o observa fazer seu novo trabalho.

No quadrante superior direito, ele escreveu a palavra acompanhar e descreveu um empregador que está disponível quando questões raras, inesperadas ou únicas surgem e desafiam o novo funcionário. Esse líder pode ser encontrado no andar de baixo, ou à distância de um e-mail ou de uma ligação telefônica. O empregado sabe onde buscar ajuda quando não conseguir superar sozinho um desafio novo.

No último quadrante, o inferior direito, Ken escreveu a palavra delegar. Agora o novo empregado tem a confiança, a habilidade e a experiência necessárias para desempenhar seu trabalho.

Nesse momento, Ken disse algo que nunca vou esquecer. Foi profundo:

– O que você nunca deve fazer é ir direto do “direcionar” para o “delegar”.

Quando faz isso, você produz aprendizes desiludidos. E desconheço qualquer organização que seja tão notoriamente culpada por produzir aprendizes desiludidos quanto a igreja.

Puxa! Como isso é verdadeiro! Esse é o problema com o modo como as igrejas são lideradas. Sermões, seminários, aulas etc... todas são situações que fornecem direções, e não há nada de errado com elas desde que o direcionamento seja seguido por auxílio e acompanhamento. Mas você e eu sabemos que Ken está certo. A igreja tem falhado nesse aspecto. Pense sobre testemunhar da fé. Quantos sermões e seminários você já ouviu sobre o assunto que terminaram apenas nos ordenando que fôssemos testemunhar da nossa fé? E alguns de nós temos sido tolos o suficiente para tentar. Uma vez.

• Randy Pope é pastor da Igreja Perimeter, em Atlanta, nos Estados Unidos, e um dos mais influentes líderes na área de formação espiritual e discipulado. É fundador e coordenador do Ministério Life-On-Life para treinamento de líderes em todo o mundo na missão de fazer discípulos.

>> Texto originalmente publicado no livro O Discipulado na Igreja Local, de Randy Pope (Editora Ultimato).

» O pastor, a teologia e a vida pública. Não necessariamente nessa ordem

+Igreja e Liderança +Teologia e Doutrina +Vida Cristã

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