Opinião
- 13 de junho de 2012
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Nosso futuro e o das próximas gerações
Pessoas do mundo todo se reunirão no Brasil para tratar de meio ambiente e desenvolvimento. Dirigentes do mais alto escalão de 193 países estarão no Rio de Janeiro entre os dias 20 e 25 de junho para discutir sobre este duplo tema. Entre os dias 13 e 23 acontecerão atividades de organizações da sociedade civil mundial em um evento chamado Cúpula dos Povos, que tem o mesmo objetivo do primeiro, mas sob outra perspectiva. A união dos dois eventos é chamada de Rio+20.
O nome guarda a história. Exatos 20 anos se passaram desde a Conferência da ONU para o meio ambiente e desenvolvimento, que aconteceu também no Rio, em 1992. Naquela ocasião, que também reuniu representantes de mais de 190 países, houve um diagnóstico sobre as condições ambientais do planeta devido aos múltiplos usos que a humanidade vinha fazendo para produzir economicamente, para morar, para se divertir, para se mover a curtas, médias e longas distâncias etc. O diagnóstico não foi bom. A recomendação foi clara: alterar o modelo de desenvolvimento insustentável do planeta, já que vários alarmes foram disparados
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Muitos se preocuparam com o que foi apresentado. A ONU criou convenções especializadas em temas ambientais e de desenvolvimento, como clima, biodiversidade, desertificação, agenda 21, para encaminhar de forma global as recomendações. O intuito era parar com a degradação, impedir que novas frentes de destruição ambiental surgissem, mitigar os riscos do que fosse inevitável como processo de uso da base natural da vida para o bem-estar da humanidade. A sociedade civil também se organizou e constituiu espaços de diálogo, pressão e mobilização para a defesa da sustentabilidade, como a redação da Carta da Terra. Chegou o momento de parar para avaliar e fazer novos acordos para o futuro. É isso que significa a Rio+20.
Nosso atual modelo de desenvolvimento ampliou a capacidade de gerar riqueza material usando a biodiversidade do planeta, mas aumentou também a desigualdade material entre as pessoas. Os principais efeitos desse modelo foram, por um lado, inviabilizar a igualdade social e política das pessoas e, por outro, levar o planeta a um estado de exploração que ultrapassa em 30% sua capacidade de regenerar a base natural.
A pauta da Rio+20 tratará da economia verde no contexto da pobreza e do desenvolvimento sustentável. Grupos de muitos países e cientistas têm feito objeções ao enfoque da economia verde. Teme-se que ela seja uma mudança para deixar tudo como está. Teme-se que, em vez de um encontro entre ecologia e economia, haja apenas a criação de mais um nicho econômico com a precificação da natureza, com a monetarização de valores que não deveriam ser objeto de comércio. Teme-se, ainda, que novamente as gerações futuras não sejam levadas em conta, pois ainda não estão presentes para se fazer ouvir, para votar e realizar a própria defesa. Só uma forte mobilização das sociedades pode fazer com que essa ocasião seja realmente digna de nota no nosso futuro e no das próximas gerações.
Nós cristãos temos uma forte motivação para agir, se considerarmos os que ainda vão nascer, dados pelo próprio Jesus. Orando ao Pai, na hora próxima de seu sacrifício, Jesus roga por seus discípulos e também por “aqueles que pela sua palavra hão de crer em mim” (Jo 17.20). Certamente, ele rogou por todas as necessidades e pelo direito de eles terem vida e vida em abundância — com a preservação das condições que propiciem essa plenitude.
Nota
Artigo publicado originalmente na edição atual da revista Ultimato, 336 (maio-junho/2012).
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Marina Silva é professora de história e ex-senadora pelo PV-AC.
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