Prateleira
- 30 de julho de 2007
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Nem só de pão, muito menos de circo
A questão não é panem et circenses ("pão e jogos de circo"), as únicas coisas que interessavam ao povo romano na época de Juvenal (século 2º depois de Cristo).
Pão para comer e circo para distrair são coisas associadas. Já PAN e TAM são coisas assustadoramente opostas. PAN diz respeito aos Jogos Pan-americanos, este ano realizados no Rio de Janeiro, e TAM diz respeito ao maior acidente aéreo acontecido no Brasil. Se no Rio tivemos muita festa, em São Paulo, a 429 quilômetros de distância, tivemos muito choro. Na primeira cidade, lidamos com a vida em toda a sua beleza; na segunda, lidamos com a morte em toda a sua feiúra. No Rio de Janeiro, um pai contemplava a fotografia de um atleta de costas, em pé, com os braços levantados, mostrando a perfeição do corpo humano. Era o nadador brasileiro Kaio Márcio, depois de ganhar mais uma medalha de ouro. Em São Paulo, um pai chorava a filha morta no acidente da TAM: "A linda pessoa que era, cheia de vida e projetos, devolveram-me sob a forma de um pedaço de carvão". Mariana Suzuki Sell, advogada, especialista em direito ambiental, voltava de um encontro com uma ONG internacional realizada em Porto Alegre.
A TAM ofuscou o PAN. A morte sempre ofusca a vida, a dor sempre ofusca a alegria, o campo santo sempre ofusca o campo de futebol. Na semana dos jogos e do acidente, a Folha de São Paulo recebeu mais mensagens sobre a tragédia de Congonhas do que sobre a euforia da Vila Olímpica.
Nem sempre enxergamos a morte. Buscamos refúgio nos panem et circenses. Embromamo-nos a nós mesmos para não ver a cara da morte. Mas ela não se esconde: só no trânsito morrem 35 mil pessoas por ano no Brasil, isto é, 194 vezes o número de vítimas do Airbus da TAM.
Para enfrentar a tentação do ceticismo, da desesperança e do nervosismo, é preciso lembrar que depois da demorada travessia do deserto os filhos de Israel enxergaram Canaã e dela tomaram posse. É preciso lembrar que depois da ensangüentada cruz os discípulos encontraram o túmulo de Jesus vazio. É preciso lembrar que "o que sofremos durante a nossa vida não pode ser comparado, de modo nenhum, com a glória que nos será revelada no futuro" (Rm 8.18, Nova Tradução na Linguagem de Hoje). É preciso lembrar que "olho nenhum viu, ouvido nenhum ouviu, mente nenhuma imaginou o que Deus preparou para aqueles que o amam" (1 Co 2.9).
Pão para comer e circo para distrair são coisas associadas. Já PAN e TAM são coisas assustadoramente opostas. PAN diz respeito aos Jogos Pan-americanos, este ano realizados no Rio de Janeiro, e TAM diz respeito ao maior acidente aéreo acontecido no Brasil. Se no Rio tivemos muita festa, em São Paulo, a 429 quilômetros de distância, tivemos muito choro. Na primeira cidade, lidamos com a vida em toda a sua beleza; na segunda, lidamos com a morte em toda a sua feiúra. No Rio de Janeiro, um pai contemplava a fotografia de um atleta de costas, em pé, com os braços levantados, mostrando a perfeição do corpo humano. Era o nadador brasileiro Kaio Márcio, depois de ganhar mais uma medalha de ouro. Em São Paulo, um pai chorava a filha morta no acidente da TAM: "A linda pessoa que era, cheia de vida e projetos, devolveram-me sob a forma de um pedaço de carvão". Mariana Suzuki Sell, advogada, especialista em direito ambiental, voltava de um encontro com uma ONG internacional realizada em Porto Alegre.
A TAM ofuscou o PAN. A morte sempre ofusca a vida, a dor sempre ofusca a alegria, o campo santo sempre ofusca o campo de futebol. Na semana dos jogos e do acidente, a Folha de São Paulo recebeu mais mensagens sobre a tragédia de Congonhas do que sobre a euforia da Vila Olímpica.
Nem sempre enxergamos a morte. Buscamos refúgio nos panem et circenses. Embromamo-nos a nós mesmos para não ver a cara da morte. Mas ela não se esconde: só no trânsito morrem 35 mil pessoas por ano no Brasil, isto é, 194 vezes o número de vítimas do Airbus da TAM.
Para enfrentar a tentação do ceticismo, da desesperança e do nervosismo, é preciso lembrar que depois da demorada travessia do deserto os filhos de Israel enxergaram Canaã e dela tomaram posse. É preciso lembrar que depois da ensangüentada cruz os discípulos encontraram o túmulo de Jesus vazio. É preciso lembrar que "o que sofremos durante a nossa vida não pode ser comparado, de modo nenhum, com a glória que nos será revelada no futuro" (Rm 8.18, Nova Tradução na Linguagem de Hoje). É preciso lembrar que "olho nenhum viu, ouvido nenhum ouviu, mente nenhuma imaginou o que Deus preparou para aqueles que o amam" (1 Co 2.9).
Elben Magalhães Lenz César foi o fundador da Editora Ultimato e redator da revista Ultimato até a sua morte, em outubro de 2016. Fundador do Centro Evangélico de Missões e pastor emérito da Igreja Presbiteriana de Viçosa (IPV), é autor de, entre outros, Por Que (Sempre) Faço o Que Não Quero?, Refeições Diárias com Jesus, Mochila nas Costas e Diário na Mão, Para (Melhor) Enfrentar o Sofrimento, Conversas com Lutero, Refeições Diárias com os Profetas Menores, A Pessoa Mais Importante do Mundo, História da Evangelização do Brasil e Práticas Devocionais. Foi casado por sessenta anos com Djanira Momesso César, com quem teve cinco filhas, dez netos e quatro bisnetos.
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