Opinião
- 01 de abril de 2015
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Música, um desafio de vida
Escolhemos a música, ou ela nos escolhe? Até que ponto o dom natural nos conduz inevitavelmente para uma vida musical? Questionamentos e figuras de linguagem à parte, quem ama música de verdade e quer tê-la presente em sua vida não apenas no fone de ouvido, mas também nas cordas, teclas, peles e outras texturas sonoras, sabe que o envolvimento tem que ser profundo. A união perfeita se faz com talento natural e muita dedicação.
Quando eu tinha sete anos de idade, um primo me enviou uma carta que foi decisiva para o meu futuro. Ele dizia: “Faça sempre o que você gosta; se der dinheiro, melhor. Se não der, você se realizará mesmo assim”. O primo em questão tinha deixado um promissor curso de Engenharia Elétrica para ir morar em Paris, buscando o sonho de se realizar na fotografia. E se tornou um ótimo profissional.
Outro momento-chave foi quando eu tinha 17 anos e me preparava para definir uma carreira profissional. Bem no início daquele que seria o ano de “tomar o rumo na vida”, participei de um acampamento da Mocidade para Cristo (MPC), em Belo Horizonte, MG. E o coração bateu forte com um desafio para alguma área de missões. Chegando a minha cidade, fui direto procurar o pastor da minha igreja. Era o caso de fazer seminário, instituto bíblico? Ele me disse: “Se Deus quiser você num seminário, fique tranquilo que você vai parar lá. Mas saiba que ele pode te usar em qualquer profissão, inclusive com a música que você já faz tão bem”.
Foi sábio. O pastorado não era mesmo o meu caminho. Fui por outra trilha, unindo jornalismo e música. E me achei por completo. Em muitos momentos pensei em dedicar um pouco mais a um ou outro, mas o casamento das duas atividades foi perfeito. Está tudo no campo da comunicação, mas a música tem um desafio diferente: a chama da arte, a sensibilidade, a criação.
Viver de música até uns tempos atrás causava certa apreensão. Até Paulinho da Viola descreveu isso num samba: “Tinha eu 14 anos de idade quando meu pai me chamou / perguntou-me se eu queria estudar filosofia, medicina ou engenharia / tinha eu que ser doutor / mas a minha aspiração era ter um violão para me tornar sambista / ele, então, me aconselhou: sambista não tem valor nessa terra de doutor / e, seu doutor, o meu pai tinha razão”.
Mas, se algum dia isso me preocupou, hoje nem tanto. E poucos estão por aí, esperando que o sucesso artístico bata à porta e fique “tudo azul”, como num passe de mágica. A maioria descobriu que dá pra ser feliz vivendo de música de uma forma profissional, ou semi-profissional, como no meu caso, sem ter necessariamente que ser um “astro do showbiz”.
Há músicos que se dedicam a áreas específicas, como a erudita – com participação em orquestras, corais, grupos especializados em casamentos ou outras solenidades, etc – e à área educacional, podendo dar aulas particulares, em escolas de música ou mesmo na educação formal, já que muitas escolas têm incluído essa manifestação artística na grade curricular. Na verdade, uma lei sancionada em agosto de 2008 obriga as escolas públicas e privadas a oferecer aulas de música na educação infantil e fundamental, mas sem a necessidade de conteúdo exclusivo, ou seja, pode estar dentro das aulas de arte. O que importa é que existe um campo de trabalho imenso e um desafio para a “inclusão musical” país adentro.
E, é claro, temos um grande espaço para atuação nas comunidades cristãs que têm na música um dos pontos centrais de seu culto. Há casos de igrejas que mantêm ministros de música contratados, tornando-se, portanto, uma atividade profissional. E a responsabilidade é grande. Estamos falando dos rumos que a música cristã pode tomar, dependendo da visão do líder de cada comunidade. Isso significa que podemos ter um louvor rico, com conteúdo bem embasado nos aspectos bíblico, literário e musical, ou uma música que não acrescenta, não toca ninguém, não cumpre seu papel. De que lado você está?
Fazer música é uma missão maravilhosa. Principalmente quando nasce de forma tão espontânea – um verdadeiro presente de Deus para a humanidade. Mas, a Bíblia também é clara quanto ao compromisso que temos de desenvolver o talento, lapidar o diamante. O Salmo 33.3 diz: “Tangei com arte e com júbilo”. Isso significa que música é alma, espírito, coração, mas é também transpiração, dedicação. Arte envolve estudo, pesquisa, aquisição de novos conhecimentos. “Quem fica parado é poste”, já dizia José Simão, colunista da Folha de S. Paulo.
É muito comum vermos nas equipes de música das igrejas pessoas com muito talento, mas que se contentam com isso. Não buscam aprimoramento. Ficam limitadas a ouvir gravações ou assistir apresentações dos grupos que admiram e, assim, não vão além. Uma pena! Existe uma diversidade musical tão impressionante e bela que só pode mesmo vir de Deus. Despertar pessoas para essa realidade é também um desafio para quem acredita que a música o está convidando para um namoro firme. E aí, vai encarar?
• Reny Cruvinel é jornalista e integrante do grupo “Expresso Luz”.
Participe do VOCARE 2015
18 a 21 de abril, em Maringá (PR)
Inscrições aqui!
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A Arte e a Bíblia
Engolidos pela Cultura Pop
Quando eu tinha sete anos de idade, um primo me enviou uma carta que foi decisiva para o meu futuro. Ele dizia: “Faça sempre o que você gosta; se der dinheiro, melhor. Se não der, você se realizará mesmo assim”. O primo em questão tinha deixado um promissor curso de Engenharia Elétrica para ir morar em Paris, buscando o sonho de se realizar na fotografia. E se tornou um ótimo profissional.
Outro momento-chave foi quando eu tinha 17 anos e me preparava para definir uma carreira profissional. Bem no início daquele que seria o ano de “tomar o rumo na vida”, participei de um acampamento da Mocidade para Cristo (MPC), em Belo Horizonte, MG. E o coração bateu forte com um desafio para alguma área de missões. Chegando a minha cidade, fui direto procurar o pastor da minha igreja. Era o caso de fazer seminário, instituto bíblico? Ele me disse: “Se Deus quiser você num seminário, fique tranquilo que você vai parar lá. Mas saiba que ele pode te usar em qualquer profissão, inclusive com a música que você já faz tão bem”.
Foi sábio. O pastorado não era mesmo o meu caminho. Fui por outra trilha, unindo jornalismo e música. E me achei por completo. Em muitos momentos pensei em dedicar um pouco mais a um ou outro, mas o casamento das duas atividades foi perfeito. Está tudo no campo da comunicação, mas a música tem um desafio diferente: a chama da arte, a sensibilidade, a criação.
Viver de música até uns tempos atrás causava certa apreensão. Até Paulinho da Viola descreveu isso num samba: “Tinha eu 14 anos de idade quando meu pai me chamou / perguntou-me se eu queria estudar filosofia, medicina ou engenharia / tinha eu que ser doutor / mas a minha aspiração era ter um violão para me tornar sambista / ele, então, me aconselhou: sambista não tem valor nessa terra de doutor / e, seu doutor, o meu pai tinha razão”.
Mas, se algum dia isso me preocupou, hoje nem tanto. E poucos estão por aí, esperando que o sucesso artístico bata à porta e fique “tudo azul”, como num passe de mágica. A maioria descobriu que dá pra ser feliz vivendo de música de uma forma profissional, ou semi-profissional, como no meu caso, sem ter necessariamente que ser um “astro do showbiz”.
Há músicos que se dedicam a áreas específicas, como a erudita – com participação em orquestras, corais, grupos especializados em casamentos ou outras solenidades, etc – e à área educacional, podendo dar aulas particulares, em escolas de música ou mesmo na educação formal, já que muitas escolas têm incluído essa manifestação artística na grade curricular. Na verdade, uma lei sancionada em agosto de 2008 obriga as escolas públicas e privadas a oferecer aulas de música na educação infantil e fundamental, mas sem a necessidade de conteúdo exclusivo, ou seja, pode estar dentro das aulas de arte. O que importa é que existe um campo de trabalho imenso e um desafio para a “inclusão musical” país adentro.
E, é claro, temos um grande espaço para atuação nas comunidades cristãs que têm na música um dos pontos centrais de seu culto. Há casos de igrejas que mantêm ministros de música contratados, tornando-se, portanto, uma atividade profissional. E a responsabilidade é grande. Estamos falando dos rumos que a música cristã pode tomar, dependendo da visão do líder de cada comunidade. Isso significa que podemos ter um louvor rico, com conteúdo bem embasado nos aspectos bíblico, literário e musical, ou uma música que não acrescenta, não toca ninguém, não cumpre seu papel. De que lado você está?
Fazer música é uma missão maravilhosa. Principalmente quando nasce de forma tão espontânea – um verdadeiro presente de Deus para a humanidade. Mas, a Bíblia também é clara quanto ao compromisso que temos de desenvolver o talento, lapidar o diamante. O Salmo 33.3 diz: “Tangei com arte e com júbilo”. Isso significa que música é alma, espírito, coração, mas é também transpiração, dedicação. Arte envolve estudo, pesquisa, aquisição de novos conhecimentos. “Quem fica parado é poste”, já dizia José Simão, colunista da Folha de S. Paulo.
É muito comum vermos nas equipes de música das igrejas pessoas com muito talento, mas que se contentam com isso. Não buscam aprimoramento. Ficam limitadas a ouvir gravações ou assistir apresentações dos grupos que admiram e, assim, não vão além. Uma pena! Existe uma diversidade musical tão impressionante e bela que só pode mesmo vir de Deus. Despertar pessoas para essa realidade é também um desafio para quem acredita que a música o está convidando para um namoro firme. E aí, vai encarar?
• Reny Cruvinel é jornalista e integrante do grupo “Expresso Luz”.
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