Opinião
- 09 de maio de 2022
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Mulheres que mudaram o protestantismo brasileiro
Por Rute Salviano
Prefiro que meus filhos morram agora a vê-los crentes frios, pois eu os quero inflamados com amor por Jesus. Não é desejo de Deus que nenhum de nós se torne frio ou indiferente na sua obra. Mesmo que seja necessário perder aquilo que mais amo na terra, eu não me oporei, se isso for necessário para manter o meu calor espiritual. Ana Bagby1
Quero apresentar aos queridos leitores três trechos que considero mais impactantes no livro Vozes Femininas no Início do Protestantismo Brasileiro para que fiquem com gostinho de “quero ler mais”.
O primeiro é sobre a autora da citação inicial e a perda de seus filhos: a missionária batista educadora estadunidense Ana Bagby, que dedicou 60 anos de sua vida ao Brasil.
Ana Bagby passou pela morte de três filhos e desaparecimento daquele que seria um futuro médico, ocorrido exatamente no dia em que concluiu seu curso de medicina nos Estados Unidos.
Luther faleceu aos três aninhos com febre escarlatina. Anna compôs o verso:
Confio que Deus guardará o meu Lutero
Para um dia unir-nos de novo,
Onde mamães e seus bebês para sempre, espero,
Estarão com Jesus e seu povo.2
Seu bebê de 14 meses, John Zoli morreu com infecção intestinal, ela disse que ele era a “teteia da igreja”. E Willson morreu afogado em Santos, aos 24 anos, na tentativa de salvar um amigo a quem evangelizava. Sua irmã Helen disse que a morte dele não foi tão angustiante quanto o desaparecimento de Oliver porque nunca mais tiveram qualquer notícia dele.
O outro trecho é sobre o que ocorreu com a líder feminina brasileira metodista: Otília de Oliveira Chaves, esposa de pastor. Quando, no início do ministério, ela e o esposo foram morar no Rio Grande do Sul, o reverendo Derli, contraiu a peste bubônica e ficou desenganado.
O outro trecho é sobre o que ocorreu com a líder feminina brasileira metodista: Otília de Oliveira Chaves, esposa de pastor. Quando, no início do ministério, ela e o esposo foram morar no Rio Grande do Sul, o reverendo Derli, contraiu a peste bubônica e ficou desenganado.
Otília, que havia feito o curso de farmácia, suplicou ao médico que lhe deixasse cuidar do marido. Ele respondeu que seu tumor era grande e se o rasgasse infectaria todo o hospital. Ela lhe garantiu que se ele o fizesse, ela se encarregaria dos curativos.
O médico pegou o bisturi, rasgou a ferida e saiu. Otília cuidou do marido que se recuperou, voltou para casa e um mês depois já estava pregando. Ela declarou:
Foi dura a experiência, mas gloriosa. Eu tinha a certeza de que o Senhor não faltaria, mas não deixo de confessar que há momentos em que a gente tem a impressão de estar só. No entanto, na hora precisa, ouve-se a sua voz mansa e suave: “Não vos tenho dito que se crerdes, vereis a glória de Deus?” Foi o que aconteceu comigo. Aleluia!3
O último relato é sobre a visão do céu de Stela Dubois, uma escritora, poetisa e educadora batista que, após passar por uma cirurgia cardíaca, foi declarada morta. Ela se sentiu levada por dois anjos e estava tão feliz, sem sentir os desconfortos de seu corpo físico e respirando como se tivesse 10 pulmões. Stela confirmou que tudo que está na Bíblia sobre o céu é verdade, e a cidade santa é muito linda.
Ao retornar, entristecida, ao seu corpo físico, escreveu em forma de poesia tudo o que vivenciou, como se tivesse sido um sonho. Segue um dos versos:
Por entre nuvens douradas,
Sorria compassivo,
Para abrandar o meu espanto,
O Salvador redivivo,
Jesus glorificado!
Caio de joelhos, dizendo as palavras de Tomé:
- Senhor meu e Deus meu!4
>> Quer saber mais sobre outras mulheres brasileiras? Conheça Vozes femininas no início do protestantismo brasileiro, lançamento da editora Ultimato.
Notas:
1- MATHEWS, Ruth Ferreira. Ana Bagby, a pioneira. Rio de Janeiro: UFMBB, 1972, p. 28.
2- HARRISON, Helen Bagby. Os Bagby do Brasil, uma contribuição para o estudo dos primórdios batistas em terras brasileiras. Rio de Janeiro: JUERP, 1987, p. 278.
3- CHAVES Otília de Oliveira. Itinerário de uma vida, p. 73.74.
4- DUBOIS, Stela Câmara. O retrato da morte e o retrato da vida. Poema enviado por e.mail por Ilma Câmara Barcellos.
Leia mais:
Mestre em teologia e pós-graduada em história do cristianismo, é autora de Vozes Femininas nos Avivamentos (Ultimato), além de Vozes Femininas no Início do Cristianismo, Uma Voz Feminina Calada pela Inquisição, Uma Voz Feminina na Reforma e Vozes Femininas no Início do Protestantismo Brasileiro (Prêmio Areté 2015).
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