Por Escrito
- 07 de março de 2014
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Mulher solteira
Sou uma mulher solteira de 67 anos, e sou uma pessoa feliz, realizada, sem complexos. Como cheguei aqui?
Como quase todas as mulheres solteiras também tive o desejo normal de encontrar um companheiro e de ter meus filhos. Mas Deus tinha outros planos para minha vida. Apaixonei-me várias vezes, tive alguns relacionamentos especiais que poderiam resultar em namoro, mas não chegaram a esse ponto; uma vez estive prestes a ficar noiva. Mas eu me preocupava com minha convicção de chamado, e como conciliar isso com esses relacionamentos? Resolvi orar a Deus pedindo que Ele não permitisse que eu entrasse num relacionamento ou casamento que me afastaria do meu chamado. No quase noivado essa preocupação veio à tona com nova força. Todas as vezes que um relacionamento terminava, mais tarde eu compreendia que foi uma libertação, que de alguma maneira essa pessoa não combinava comigo e com meu chamado, mesmo que na hora houvesse dor.
Houve uma fase em que lutei com sentimentos de inferioridade, por ser ainda solteira. Mas Deus me livrou totalmente desse sentimento, enquanto fui me dedicando a sua obra, em resposta a seu chamado. Eu percebia que minhas amigas casadas, e mães, também tinham dores e problemas que eu não precisava enfrentar. E fui me realizando como pessoa, e como missionária, amando crianças, jovens e famílias, relacionando-me bem com elas, percebendo que me valorizavam e amavam. Também recebi ajuda significativa de alguns conselheiros.
Infelizmente há solteiras que ficam amargas, frustradas, infelizes. Isso em parte pelas cobranças constantes de sua família e de seus colegas de estudo ou trabalho, que assim transmitem a ideia que há algo de errado com elas, com sua aparência, com sua feminilidade. Assim ficam presas a esse conceito de inferioridade e não se desenvolvem plenamente como pessoas, e não conseguem se alegrar com seus amigos e suas amigas que se casam e têm filhos. E a fixação emocional nessa situação pode levar a um sentimento de carência na sexualidade. Muitos pensam que as solteiras no campo missionário pertencem a esse grupo. Pode até ser que algumas encaram a missão como uma fuga de sua vida infeliz, mas essas não terão a força e a graça necessárias para permanecer no campo como pessoas que transmitem alegria, esperança e vida plena.
Também há mulheres que ficam solteiras por traumas que sofreram na infância, seja de abuso físico, ou de mensagens negativas constantes, que marcaram suas vidas.
Mas há muitas missionárias solteiras normais, felizes, que descobriram um lugar para exercer seus dons e talentos, para amar as pessoas a quem servem e para exercer uma boa influência em seu contexto – essas são respeitadas por muitos.
As missionárias solteiras em sua maioria desejavam se casar, mas seu compromisso com sua vocação resultou na permanência da situação de solteira. Essas normalmente passam por períodos de luta e sentimentos de solidão, mas aprendem a se realizar como pessoas humanas plenas, e são felizes. Essas podem se alegrar quando outras solteiras encontram um parceiro e têm filhos saudáveis.
De qualquer maneira haverá também períodos de tentação, homens cristãos ou não cristãos que tentam conquistar essas mulheres, e em sua carência afetiva podem sentir que esse homem é a resposta de Deus para sua vida, não pedem direção de Deus, não se abrem para conselhos de outros a seu redor, e acabam entrando em relacionamentos que resultam em muitas lágrimas ou até no fim do seu ministério. Aí ficam com uma vida infeliz, sem aquele relacionamento que sonhavam ter e sem a mesma oportunidade de dedicar-se ao seu chamado. É um preço muito alto.
Isso significa que as mulheres solteiras no campo precisam muito de apoio pastoral compreensivo, alguém a quem possam abrir o coração e compartilhar suas dores e lutas. Elas também precisam saber que podem voltar para seu país numa fase mais difícil e perigosa, e não têm a obrigação de ser vitoriosas sozinhas.
• Antonia Leonora van der Meer, a Tonica, é missionária e professor experiente de missiologia. Trabalhou durante 10 anos em Angola. É autora de Eu, um missionário?, Missionários Feridos e O Estudo Bíblico Indutivo.
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Como quase todas as mulheres solteiras também tive o desejo normal de encontrar um companheiro e de ter meus filhos. Mas Deus tinha outros planos para minha vida. Apaixonei-me várias vezes, tive alguns relacionamentos especiais que poderiam resultar em namoro, mas não chegaram a esse ponto; uma vez estive prestes a ficar noiva. Mas eu me preocupava com minha convicção de chamado, e como conciliar isso com esses relacionamentos? Resolvi orar a Deus pedindo que Ele não permitisse que eu entrasse num relacionamento ou casamento que me afastaria do meu chamado. No quase noivado essa preocupação veio à tona com nova força. Todas as vezes que um relacionamento terminava, mais tarde eu compreendia que foi uma libertação, que de alguma maneira essa pessoa não combinava comigo e com meu chamado, mesmo que na hora houvesse dor.
Houve uma fase em que lutei com sentimentos de inferioridade, por ser ainda solteira. Mas Deus me livrou totalmente desse sentimento, enquanto fui me dedicando a sua obra, em resposta a seu chamado. Eu percebia que minhas amigas casadas, e mães, também tinham dores e problemas que eu não precisava enfrentar. E fui me realizando como pessoa, e como missionária, amando crianças, jovens e famílias, relacionando-me bem com elas, percebendo que me valorizavam e amavam. Também recebi ajuda significativa de alguns conselheiros.
Infelizmente há solteiras que ficam amargas, frustradas, infelizes. Isso em parte pelas cobranças constantes de sua família e de seus colegas de estudo ou trabalho, que assim transmitem a ideia que há algo de errado com elas, com sua aparência, com sua feminilidade. Assim ficam presas a esse conceito de inferioridade e não se desenvolvem plenamente como pessoas, e não conseguem se alegrar com seus amigos e suas amigas que se casam e têm filhos. E a fixação emocional nessa situação pode levar a um sentimento de carência na sexualidade. Muitos pensam que as solteiras no campo missionário pertencem a esse grupo. Pode até ser que algumas encaram a missão como uma fuga de sua vida infeliz, mas essas não terão a força e a graça necessárias para permanecer no campo como pessoas que transmitem alegria, esperança e vida plena.
Também há mulheres que ficam solteiras por traumas que sofreram na infância, seja de abuso físico, ou de mensagens negativas constantes, que marcaram suas vidas.
Mas há muitas missionárias solteiras normais, felizes, que descobriram um lugar para exercer seus dons e talentos, para amar as pessoas a quem servem e para exercer uma boa influência em seu contexto – essas são respeitadas por muitos.
As missionárias solteiras em sua maioria desejavam se casar, mas seu compromisso com sua vocação resultou na permanência da situação de solteira. Essas normalmente passam por períodos de luta e sentimentos de solidão, mas aprendem a se realizar como pessoas humanas plenas, e são felizes. Essas podem se alegrar quando outras solteiras encontram um parceiro e têm filhos saudáveis.
De qualquer maneira haverá também períodos de tentação, homens cristãos ou não cristãos que tentam conquistar essas mulheres, e em sua carência afetiva podem sentir que esse homem é a resposta de Deus para sua vida, não pedem direção de Deus, não se abrem para conselhos de outros a seu redor, e acabam entrando em relacionamentos que resultam em muitas lágrimas ou até no fim do seu ministério. Aí ficam com uma vida infeliz, sem aquele relacionamento que sonhavam ter e sem a mesma oportunidade de dedicar-se ao seu chamado. É um preço muito alto.
Isso significa que as mulheres solteiras no campo precisam muito de apoio pastoral compreensivo, alguém a quem possam abrir o coração e compartilhar suas dores e lutas. Elas também precisam saber que podem voltar para seu país numa fase mais difícil e perigosa, e não têm a obrigação de ser vitoriosas sozinhas.
• Antonia Leonora van der Meer, a Tonica, é missionária e professor experiente de missiologia. Trabalhou durante 10 anos em Angola. É autora de Eu, um missionário?, Missionários Feridos e O Estudo Bíblico Indutivo.
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