Opinião
- 15 de julho de 2024
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Mudanças climáticas, o sofrimento e a Bíblia
Estamos no tempo do “já” e do “ainda não”. E é neste tempo que somos chamados a cuidar da criação de Deus
Por Erní Walter Seibert
Um dos ensinamentos básicos da fé cristã é de que o mundo foi criado por Deus. O mundo e o universo são reconhecidos como a criação, e Deus é o Criador. O mundo não é Deus. Não há um panteísmo. Distinguir entre a criação e o Criador livrou o ser humano de uma série de tabus e superstições. O mundo pode ser investigado e com isso não se viola a intimidade de Deus. A ciência pode se desenvolver. Não há áreas ocultas ou áreas que não podem ser pesquisadas.
Além disso, a Bíblia Sagrada é o livro no qual a criação tem enorme importância. O primeiro capítulo da Bíblia fala do mundo criado por Deus. É a base, o princípio de tudo. E os últimos capítulos da Bíblia falam da nova criação, dos novos céus e da nova terra. Entre o começo e o final da Bíblia, há uma história de queda e restauração. A queda é chamada, entre outros termos, de pecado. A queda afetou toda a criação. Não vivemos mais no primeiro paraíso. Houve desrespeito à vontade divina, aos planos do Deus Pai todo-poderoso, Criador dos céus e da terra. Por isso foi necessário restaurar. A restauração se deu em Cristo, o Filho de Deus.
A vida humana se dá neste ínterim e neste cenário: dentro da criação de Deus, antes dos novos céus e da nova terra. Não é uma vida perfeita, mas uma vida em que há esperança. É uma nova vida que “já” começou, mas “ainda não” é plena. Ou seja, estamos no tempo do “já” e do “ainda não”. E é neste tempo que somos chamados a cuidar da criação de Deus. Estamos sob limites, mas isso não nos isenta da responsabilidade.
A Bíblia Sagrada nos estimula a colocar a esperança de um futuro melhor (os novos céus e a nova terra) em prática na vida que estamos vivendo. Ler a Bíblia sob estes olhos é um exercício desafiador que nos desperta para novas práticas, de responsabilidade para com o próximo, com o mundo em que vivemos, e de paz com Deus.
Essa visão de mundo, ou cosmovisão, é muito preciosa para os dias atuais. Vivemos em tempos que são reconhecidos como de mudança climática e de sofrimento para milhões de pessoas. Todos estão preocupados com o tema e perguntam: o que poderia ser feito? Teria a Bíblia uma palavra sobre isso? É claro que, num breve artigo como este, não podemos trazer tudo o que a Bíblia diz. Além disso, a brevidade pode fazer com que sejamos mal-entendidos. Mas, mesmo assim, vamos trazer alguns tópicos.
Por isso, a convocação é para que cuidemos da natureza, não a abandonemos. Confiemos em Deus. Ele não nos abandona nem em meio à mudanças climáticas. Deus é bom e nos convoca a termos o mesmo espírito.
REVISTA ULTIMATO | PARA QUE SERVE A TEOLOGIA?
A resposta à pergunta “Para que serve a teologia?” revela que ela serve a Deus, exaltando-o como Senhor. Serve a igreja, ajudando-a a conhecer e a adorar seu Deus. Serve o mundo, revelando a verdadeira fonte de sabedoria, beleza, sentido e salvação.
A teologia é resultado de esforço acadêmico e também do convívio singular entre cristãos; envolve profundo estudo, mas também ocorre na singela e comprometida leitura das Escrituras. Depende do Espírito, por isso implica humildade. Ajuda a conhecer a Deus e a amá-lo.
É disso que trata a matéria de capa da edição 408 da revista Ultimato. Para assinar, clique aqui.
Saiba mais:
» O Mundo Perdido de Adão e Eva – O debate sobre a origem da humanidade e a leitura de Gênesis, John Walton
» Jesus e a Terra – A ética ambiental nos evangelhos, James Jones
» A Bíblia – Um livro como nenhum outro, John Stott e Tim Chester
» O que esperam os cristãos?, edição 400 de Ultimato
Por Erní Walter Seibert
Um dos ensinamentos básicos da fé cristã é de que o mundo foi criado por Deus. O mundo e o universo são reconhecidos como a criação, e Deus é o Criador. O mundo não é Deus. Não há um panteísmo. Distinguir entre a criação e o Criador livrou o ser humano de uma série de tabus e superstições. O mundo pode ser investigado e com isso não se viola a intimidade de Deus. A ciência pode se desenvolver. Não há áreas ocultas ou áreas que não podem ser pesquisadas.
Além disso, a Bíblia Sagrada é o livro no qual a criação tem enorme importância. O primeiro capítulo da Bíblia fala do mundo criado por Deus. É a base, o princípio de tudo. E os últimos capítulos da Bíblia falam da nova criação, dos novos céus e da nova terra. Entre o começo e o final da Bíblia, há uma história de queda e restauração. A queda é chamada, entre outros termos, de pecado. A queda afetou toda a criação. Não vivemos mais no primeiro paraíso. Houve desrespeito à vontade divina, aos planos do Deus Pai todo-poderoso, Criador dos céus e da terra. Por isso foi necessário restaurar. A restauração se deu em Cristo, o Filho de Deus.
A vida humana se dá neste ínterim e neste cenário: dentro da criação de Deus, antes dos novos céus e da nova terra. Não é uma vida perfeita, mas uma vida em que há esperança. É uma nova vida que “já” começou, mas “ainda não” é plena. Ou seja, estamos no tempo do “já” e do “ainda não”. E é neste tempo que somos chamados a cuidar da criação de Deus. Estamos sob limites, mas isso não nos isenta da responsabilidade.
A Bíblia Sagrada nos estimula a colocar a esperança de um futuro melhor (os novos céus e a nova terra) em prática na vida que estamos vivendo. Ler a Bíblia sob estes olhos é um exercício desafiador que nos desperta para novas práticas, de responsabilidade para com o próximo, com o mundo em que vivemos, e de paz com Deus.
Essa visão de mundo, ou cosmovisão, é muito preciosa para os dias atuais. Vivemos em tempos que são reconhecidos como de mudança climática e de sofrimento para milhões de pessoas. Todos estão preocupados com o tema e perguntam: o que poderia ser feito? Teria a Bíblia uma palavra sobre isso? É claro que, num breve artigo como este, não podemos trazer tudo o que a Bíblia diz. Além disso, a brevidade pode fazer com que sejamos mal-entendidos. Mas, mesmo assim, vamos trazer alguns tópicos.
- Em Romanos 8.18-25, o apóstolo Paulo fala sobre o tema “Os sofrimentos do presente e a glória do futuro”. Nesse texto, ele lembra que a natureza está sofrendo, gemendo, no tempo presente. Os versículos 22 e 23 dizem: “Porque sabemos que toda a criação a um só tempo geme e suporta angústias até agora. E não somente ela, mas também nós, que temos as primícias do Espírito, igualmente gememos em nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção do nosso corpo.” Há um reconhecimento de que a própria natureza sofre por consequência de um erro humano. No entanto, o texto aponta para o futuro falando em esperança. Não é preciso desesperar-se.
- Mesmo com todas as dificuldades, há um mandamento que aponta para que o ser humano cuide da criação de Deus. O texto não indica o caminho do abandono do cuidado para com a natureza. As palavras de Gênesis 2.15: “O Senhor Deus tomou o homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar”, em nenhum momento foram abolidas. Cuidar da criação é um dos deveres do ser humano. Pelo cuidado com a criação temos alimento e condições melhores de vida.
- No livro de Joel 1.1-12, é descrito um verdadeiro desastre ambiental. O versículo 12 resume os anteriores dizendo: “As videiras secaram, as figueiras murcharam, as romãzeiras, as palmeiras e as macieiras também. Todas as árvores do campo secaram, e já não há alegria entre os filhos dos homens.” E o restante do livro é um chamado do povo ao arrependimento e uma reafirmação das promessas de Deus de um tempo infinitamente melhor no futuro. Ou seja, o que se quer não é que a terra seja destruída. Ao contrário, o chamamento é para continuar firme nas palavras e promessas de Deus, inclusive cuidando da natureza.
Por isso, a convocação é para que cuidemos da natureza, não a abandonemos. Confiemos em Deus. Ele não nos abandona nem em meio à mudanças climáticas. Deus é bom e nos convoca a termos o mesmo espírito.
- Erní Walter Seibert, diretor executivo da Sociedade Bíblica do Brasil e Vice-Presidente das Sociedades Bíblicas Unidas.
REVISTA ULTIMATO | PARA QUE SERVE A TEOLOGIA?
A resposta à pergunta “Para que serve a teologia?” revela que ela serve a Deus, exaltando-o como Senhor. Serve a igreja, ajudando-a a conhecer e a adorar seu Deus. Serve o mundo, revelando a verdadeira fonte de sabedoria, beleza, sentido e salvação.
A teologia é resultado de esforço acadêmico e também do convívio singular entre cristãos; envolve profundo estudo, mas também ocorre na singela e comprometida leitura das Escrituras. Depende do Espírito, por isso implica humildade. Ajuda a conhecer a Deus e a amá-lo.
É disso que trata a matéria de capa da edição 408 da revista Ultimato. Para assinar, clique aqui.
Saiba mais:
» O Mundo Perdido de Adão e Eva – O debate sobre a origem da humanidade e a leitura de Gênesis, John Walton
» Jesus e a Terra – A ética ambiental nos evangelhos, James Jones
» A Bíblia – Um livro como nenhum outro, John Stott e Tim Chester
» O que esperam os cristãos?, edição 400 de Ultimato
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Ricardo Barbosa