Por Escrito
- 14 de novembro de 2019
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Marcado por ser cristão
Por Redação
Ibrahim* é um jovem cristãos nigeriano e pequeno agricultor e criador de pequenos animais para a sua subsistência. Ele foi um dos sobreviventes ao ataque do Boko Haram na vila em que vivia, em 2014. Sua casa e a criação de aves não escaparam à violência do grupo: “Tudo desapareceu em um segundo. Ficamos em campos de refugiados por dois anos. O que vi e vivi ainda ressoa em minha mente: fome, dor, medo, morte e doenças. Mas, em nenhum momento me senti abandonado e desamparado por Deus. Ele sempre esteve comigo e me fez sentir sua presença e amor”.
Ibrahim* é um jovem cristãos nigeriano e pequeno agricultor e criador de pequenos animais para a sua subsistência. Ele foi um dos sobreviventes ao ataque do Boko Haram na vila em que vivia, em 2014. Sua casa e a criação de aves não escaparam à violência do grupo: “Tudo desapareceu em um segundo. Ficamos em campos de refugiados por dois anos. O que vi e vivi ainda ressoa em minha mente: fome, dor, medo, morte e doenças. Mas, em nenhum momento me senti abandonado e desamparado por Deus. Ele sempre esteve comigo e me fez sentir sua presença e amor”.
Ibrahim esteve no Brasil em outubro de 2019 e contou como escapou deste ataque.
Em 2014, o Boko Haram atacou violentamente a vila em que eu vivia. Era muito cedo, por volta das 4h30 e eu tinha acabado de fazer minha devocional. Estava pronto a começar a trabalhar quando ouvi um grande barulho de gritos e tiros. Fui para o fundo da minha casa, no quintal, e subi na árvore mais alta para ver o que estava acontecendo. Vi membros do Boko Haram fortemente armados vindo com suas bandeiras, carros e tanques. Eles cantavam: “Cristãos, seu fim chegou hoje”. Naquele momento, eu percebi que estava em grande perigo. Eles eram muitos e moviam-se rapidamente. Ao ver aquela turba invadindo a vila, pensei: “Estou entre a vida e a morte”. Orei por coragem e estratégia e pedi que Deus me desse uma solução: sair da casa e enfrentar o grupo lá fora ou esperar que minha casa fosse invadida ou até atingida por lança-foguetes. Então ouvi uma voz que dizia: “Você não vai morrer hoje. Nada vai te acontecer. Estou com você”. Ainda em cima da árvore, via as balas passando de raspão por todos os ângulos e não atingindo a minha casa. Dali de cima, comecei a ver as casas dos meus vizinhos incendiadas, assim como órgãos do governo e igrejas cristãs. Em poucos minutos, as casas, as lojas, a vila toda estavam destruídas. Então, eu pensei: “Não estou seguro aqui, pois eles estão procurando casas de cristãos”. Desci da árvore, ganhei impulso e corri o quanto pude, ouvindo o Boko Haram espalhado pela vila, cantando e disparando suas armas aleatória e esporadicamente. Correndo, dirigi-me a Deus entregando a ele a minha vida. Deus tem um plano para mim, pois as balas passavam por mim e tudo o que eu podia ouvir eram sons de tiros em minha direção.
Não sei quando parei de correr, mas Deus me livrou das balas e de ser capturado pelo grupo. Minha casa foi destruída, assim como as aves no quintal, minha pequena biblioteca e minha loja de comida, ovos e aves. Tudo desapareceu em um segundo.
O Boko Haram não saiu da cidade e os que sobreviveram não puderam voltar para ela. Permanecemos dois anos em campos de refugiados, vivendo de doações e de orações de cristãos de todo o mundo. O que vi e vivi em campo de refugiados ainda ressoa em minha mente: fome, dor, medo, morte, doenças. Mas em nenhum momento me senti abandonado por Deus ou desamparado por Ele. Ele sempre esteve comigo e me fazia sentir sua presença e seu amor.
Em 2016, o exército da Nigéria retomou a minha vila das mãos do Boko Haram e eu pude voltar à minha casa. Ou ao que sobrou dela. Havia marca de tiros e furos em todos os cômodos. Minhas roupas estavam todas amontoadas em um canto. Parte dos meus móveis havia desaparecido. Havia uma TV que não era minha, e eu não tinha mais geladeira. Minha criação e plantação já não existiam mais. Com o tempo, fomos reerguendo a casa e restituindo minhas coisas.
Hoje, vivo como antes, com a diferença de que nunca me esquecerei dos horrores do ataque e do campo de refugiados. Mas também, jamais me esquecerei do amor de Deus, que nunca me desamparou e sempre esteve comigo.
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***
Nota
1. Nome alterado por motivo de segurança.
Para saber mais sobre os cristãos da Nigéria, acesse www.portasabertas.org.br
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