Opinião
- 06 de maio de 2013
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Laço de coco
Meus pais Elvira e Benjamim César tinham algumas desavenças, não tão raras como era de se esperar. Isto deixou algumas marcas em nós. Eu, por exemplo, tenho verdadeiro horror ao atrito verbal. Prefiro perder algum direito ou alguma conquista, se eles dependerem de discussão não amistosa.
Lembro-me de uma briga muito feia entre papai e mamãe, quando éramos apenas eu e meus irmãos Júnia e Kléos. A discórdia foi tão grande que papai pegou a mala e se dirigiu para a estação ferroviária. Parece-me que ele pretendia tomar o trem para o Rio.
Ficamos horrorizados, olhando um para o outro, em silêncio total. Mamãe também não esperava um acontecimento deste porte. Aparentemente, era a desintegração do lar, o que ninguém queria, o que ninguém suportaria. Na verdade, nós os amávamos muito e tínhamos um sentimento de família talvez até exagerado.
Não sei quanto tempo passou. O fato é que papai não tomou o trem e voltou para casa com aquela mala e tudo. Este tudo era apenas um pequeno embrulho, que ele abriu logo na entrada. Lá estavam cinco laços de coco – aquele doce de coco em forma de pétalas: um para Kléos, um para mim, um para Júnia, um para mamãe e outro para papai!
Se o pão simboliza o corpo de Jesus e o vinho o seu precioso sangue , o laço de coco, para mim, significa a vitória do amor sobre o ódio, do bom senso sobre a ação intempestiva, do Espírito sobre a carne. Se a contenda entre papai e mamãe nos trouxe algum desconforto, algum desagradável intervalo na comunhão familiar ou algum exemplo negativo – cenas como a do laço de coco nos edificaram e nos ensinaram muito.
Por ser o mais velho dos homens e, por esta razão, o filho que mais conviveu com papai, a influência dele sobre mim é muito sensível. Ele me ensinou coisas pequenas e coisas grandes. Até hoje não consigo cruzar as pernas quando estou próximo ao púlpito; até hoje não consigo deixar de remover da calçada uma casca de banana; até hoje não consigo deixar de dar a minha direita a uma senhora ou a uma pessoa idosa quando na rua – são coisas que papai me ensinou. A vida inteira me vejo preocupado com a evangelização porque papai era assim.
Papai e mamãe tiveram dificuldades tremendas. Não me refiro às dificuldades materiais. Refiro-me às dificuldades impostas pelo temperamento e pela pecaminosidade latente de cada um. Mas eles venceram porque eram crentes, porque tinham um Salvador, porque eram o templo do Espírito, porque podiam contar com a graça de Deus.
Leia mais:
Campanha "Tempo de Família"
Lembro-me de uma briga muito feia entre papai e mamãe, quando éramos apenas eu e meus irmãos Júnia e Kléos. A discórdia foi tão grande que papai pegou a mala e se dirigiu para a estação ferroviária. Parece-me que ele pretendia tomar o trem para o Rio.
Ficamos horrorizados, olhando um para o outro, em silêncio total. Mamãe também não esperava um acontecimento deste porte. Aparentemente, era a desintegração do lar, o que ninguém queria, o que ninguém suportaria. Na verdade, nós os amávamos muito e tínhamos um sentimento de família talvez até exagerado.
Não sei quanto tempo passou. O fato é que papai não tomou o trem e voltou para casa com aquela mala e tudo. Este tudo era apenas um pequeno embrulho, que ele abriu logo na entrada. Lá estavam cinco laços de coco – aquele doce de coco em forma de pétalas: um para Kléos, um para mim, um para Júnia, um para mamãe e outro para papai!
Se o pão simboliza o corpo de Jesus e o vinho o seu precioso sangue , o laço de coco, para mim, significa a vitória do amor sobre o ódio, do bom senso sobre a ação intempestiva, do Espírito sobre a carne. Se a contenda entre papai e mamãe nos trouxe algum desconforto, algum desagradável intervalo na comunhão familiar ou algum exemplo negativo – cenas como a do laço de coco nos edificaram e nos ensinaram muito.
Por ser o mais velho dos homens e, por esta razão, o filho que mais conviveu com papai, a influência dele sobre mim é muito sensível. Ele me ensinou coisas pequenas e coisas grandes. Até hoje não consigo cruzar as pernas quando estou próximo ao púlpito; até hoje não consigo deixar de remover da calçada uma casca de banana; até hoje não consigo deixar de dar a minha direita a uma senhora ou a uma pessoa idosa quando na rua – são coisas que papai me ensinou. A vida inteira me vejo preocupado com a evangelização porque papai era assim.
Papai e mamãe tiveram dificuldades tremendas. Não me refiro às dificuldades materiais. Refiro-me às dificuldades impostas pelo temperamento e pela pecaminosidade latente de cada um. Mas eles venceram porque eram crentes, porque tinham um Salvador, porque eram o templo do Espírito, porque podiam contar com a graça de Deus.
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Elben Magalhães Lenz César foi o fundador da Editora Ultimato e redator da revista Ultimato até a sua morte, em outubro de 2016. Fundador do Centro Evangélico de Missões e pastor emérito da Igreja Presbiteriana de Viçosa (IPV), é autor de, entre outros, Por Que (Sempre) Faço o Que Não Quero?, Refeições Diárias com Jesus, Mochila nas Costas e Diário na Mão, Para (Melhor) Enfrentar o Sofrimento, Conversas com Lutero, Refeições Diárias com os Profetas Menores, A Pessoa Mais Importante do Mundo, História da Evangelização do Brasil e Práticas Devocionais. Foi casado por sessenta anos com Djanira Momesso César, com quem teve cinco filhas, dez netos e quatro bisnetos.
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