Opinião
- 17 de maio de 2017
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Jacó, a personificação da ovelha negra da família
Por Carlos “Catito” Grzybowski
Parece engraçado, ou melhor, tragicômico, que boa parte das famílias narra a presença de um membro dissonante no seio familiar que é identificado popularmente com o estigma de “ovelha negra”.
Esse “ramo torto” ou “problemático” na família não é algo novo no panorama das famílias no mundo. Vemos na Bíblia, na família dos patriarcas, que Jacó é identificado como “o enganador” (ou mentiroso), mas se realizarmos uma leitura mais minuciosa dos textos sagrados vamos verificar que a mentira e o engano estão presentes nesta família desde Abraão, seu avô!
A mentira era algo que Deus vinha tratando na família de Abraão desde seu chamamento. Já no capítulo 12 de Gênesis vemos um Abraão que, por medo, cria uma "meia-verdade" (Gênesis 12:12-13) e mais tarde repete o mesmo equívoco com a mesma motivação (Gênesis 20:1-18). Seu filho Isaque utiliza exatamente do mesmo argumento e com as mesmas motivações (Gênesis 26:6-11). Interessante observar que ambos mentem depois de terem recebido a promessa de Deus de cuidado e proteção e de multiplicação da descendência.
Quando Jacó mente para receber a benção do pai (Gênesis 27: 1-46) podemos verificar que quem elabora claramente a estratégia mentirosa é a mãe, Rebeca (Gênesis 27:8). Ela não somente articulou todo o plano como também colocou Jacó contra a parede. Suas opções eram: mentira ou desobediência (Gênesis 27:13).
Se observarmos também a família de Rebeca, veremos que a mentira era algo bastante comum naquela família. Labão, irmão de Rebeca, engana o genro e depois as próprias filhas (Gênesis 31:7; 31:15); a própria Rebeca mente duas vezes somente no episódio que estamos abordando (Gênesis 27: 9-10 e 45-46). A filha de Labão, por quem Jacó se apaixona perdidamente e por quem trabalha por 14 anos, Raquel, rouba os ídolos de seu pai e mente dizendo nada saber a respeito (Gênesis 31: 30-35).
Entretanto, em meio a tantos hábeis mentirosos, Jacó é personificado como enganador e seu irmão, Esaú, lembra que ele só poderia proceder assim porque "... justamente este é seu nome..." (Genesis 26:36).
Obviamente que não estamos afirmando que, nesta família, Jacó é isento de toda e qualquer responsabilidade, mas sim que, com toda a certeza, ele não é o único enganador, mas foi escolhido como o “porta-voz” da falibilidade familiar, ou, nos termos populares de hoje em dia, a “ovelha negra” da família.
Assim nos parece que Deus permite tais personificações das expressões do pecado (no caso da família dos patriarcas – a mentira) somente porque quer eliminar as mesmas, tratando com a pessoa por intermédio de sua graça.
Seguindo a leitura das Escrituras vamos observar que a restauração total de Jacó acontece muitos anos depois, quando ele se defronta com o próprio Deus e luta intensamente com Ele no vale da Jaboque. Ali Deus o faz lembrar-se de seu nome, sua origem, sua herança, a carga familiar da mentira que ele representava e então Deus lhe muda o nome (Gênesis 32:22-32).
O sinal mais visível da restauração vem encarnar-se na geração seguinte, em um de seus filhos, José, que é símbolo bíblico de integridade. José assumiu postos de poder (Gênesis 39:3-6; 39:21-23; 41:41-43), mas não deixa-se corromper pelo poder. Tampouco cede à sedução mentirosa do pecado e prefere voltar à prisão a mentir para seu amo! (Gênesis 39: 10-20).
José realmente rompe com a herança do engano, da mentira e torna-se posteriormente instrumento de libertação dessa mesma família.
Nós também somos chamados a rompermos cadeias de comportamentos expressos em nossas famílias de origem que sejam antivalores do Reino de Deus. Talvez alguns de nós tenhamos “personificado” a falibilidade familiar e sejamos estigmatizados como “ovelhas negras” dentro de nossas famílias, mas devemos ter a certeza que isso pode ser rompido!
Tal rompimento se dá através de um encontro real com o Deus Encarnado na pessoa de Jesus Cristo e com um compromisso profundo com os valores do Reino de Deus.
• Carlos “Catito” Grzybowski é psicólogo e terapeuta familiar, coordenador de EIRENE do Brasil.
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Foto: Pixabay.com.
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A mentira era algo que Deus vinha tratando na família de Abraão desde seu chamamento. Já no capítulo 12 de Gênesis vemos um Abraão que, por medo, cria uma "meia-verdade" (Gênesis 12:12-13) e mais tarde repete o mesmo equívoco com a mesma motivação (Gênesis 20:1-18). Seu filho Isaque utiliza exatamente do mesmo argumento e com as mesmas motivações (Gênesis 26:6-11). Interessante observar que ambos mentem depois de terem recebido a promessa de Deus de cuidado e proteção e de multiplicação da descendência.
Quando Jacó mente para receber a benção do pai (Gênesis 27: 1-46) podemos verificar que quem elabora claramente a estratégia mentirosa é a mãe, Rebeca (Gênesis 27:8). Ela não somente articulou todo o plano como também colocou Jacó contra a parede. Suas opções eram: mentira ou desobediência (Gênesis 27:13).
Se observarmos também a família de Rebeca, veremos que a mentira era algo bastante comum naquela família. Labão, irmão de Rebeca, engana o genro e depois as próprias filhas (Gênesis 31:7; 31:15); a própria Rebeca mente duas vezes somente no episódio que estamos abordando (Gênesis 27: 9-10 e 45-46). A filha de Labão, por quem Jacó se apaixona perdidamente e por quem trabalha por 14 anos, Raquel, rouba os ídolos de seu pai e mente dizendo nada saber a respeito (Gênesis 31: 30-35).
Entretanto, em meio a tantos hábeis mentirosos, Jacó é personificado como enganador e seu irmão, Esaú, lembra que ele só poderia proceder assim porque "... justamente este é seu nome..." (Genesis 26:36).
Obviamente que não estamos afirmando que, nesta família, Jacó é isento de toda e qualquer responsabilidade, mas sim que, com toda a certeza, ele não é o único enganador, mas foi escolhido como o “porta-voz” da falibilidade familiar, ou, nos termos populares de hoje em dia, a “ovelha negra” da família.
Assim nos parece que Deus permite tais personificações das expressões do pecado (no caso da família dos patriarcas – a mentira) somente porque quer eliminar as mesmas, tratando com a pessoa por intermédio de sua graça.
Seguindo a leitura das Escrituras vamos observar que a restauração total de Jacó acontece muitos anos depois, quando ele se defronta com o próprio Deus e luta intensamente com Ele no vale da Jaboque. Ali Deus o faz lembrar-se de seu nome, sua origem, sua herança, a carga familiar da mentira que ele representava e então Deus lhe muda o nome (Gênesis 32:22-32).
O sinal mais visível da restauração vem encarnar-se na geração seguinte, em um de seus filhos, José, que é símbolo bíblico de integridade. José assumiu postos de poder (Gênesis 39:3-6; 39:21-23; 41:41-43), mas não deixa-se corromper pelo poder. Tampouco cede à sedução mentirosa do pecado e prefere voltar à prisão a mentir para seu amo! (Gênesis 39: 10-20).
José realmente rompe com a herança do engano, da mentira e torna-se posteriormente instrumento de libertação dessa mesma família.
Nós também somos chamados a rompermos cadeias de comportamentos expressos em nossas famílias de origem que sejam antivalores do Reino de Deus. Talvez alguns de nós tenhamos “personificado” a falibilidade familiar e sejamos estigmatizados como “ovelhas negras” dentro de nossas famílias, mas devemos ter a certeza que isso pode ser rompido!
Tal rompimento se dá através de um encontro real com o Deus Encarnado na pessoa de Jesus Cristo e com um compromisso profundo com os valores do Reino de Deus.
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