Opinião
- 02 de dezembro de 2010
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Indignação!
Faltam poucos dias para comemorarmos a Natividade do Senhor. No Advento se anuncia que o Senhor vem. Isaías sonha utopias maravilhosas, são o seu forte (só ele usa a palavra “evangelho” no Antigo Testamento!); pensa sobre a volta ao Paraíso inicial, como está nos primeiros capítulos do Gênesis também (Is 11.1-10). Falamos de utopias sobre a natureza devastada, meio ambiente degradado, saúde pública, habitação e favelas; falamos dos sonhos dos homens e mulheres de bem, nem sempre cristãos. Esperamos, porém, com impaciência, o dia de justiça para os despojados, os humildes e humilhados à margem da história, na favela do Alemão ou num cortiço de Bangladesh. Plenamente. Como nos símbolos bíblicos dos animais selvagens, ferozes, que convivem, comem, pastam com os animais domésticos e mansos, na visão de Isaías. Não há lugar para a violência e a guerra, nem para as lágrimas ou a dor, nessa mensagem evangélica. É tanta paz que um menino pequeno será capaz de pastorear até os animais da selva de concreto. Um sinal reunirá todos os povos reconciliados entre si. Neste tempo de Advento, essa tarefa é entregue ao povo de Deus, mais como uma oferta do que uma exigência.
Outras paisagens são também vislumbradas nesse tempo, visando a aposentadoria do Fórum Social Mundial e suas queixas: trabalho humanizado com justiça ao trabalhador, jornadas com descanso adequado; um mundo sadio, em toda parte, a fome e doenças endêmicas sob controle, médicos e hospitais para todos; paz mundial, bem-estar político, nações cooperativas entre si, para uma socialização mundial do atendimento das necessidades humanas: habitação, trabalho humanizado para todos, acesso ao lazer, acesso à cultura e ao desenvolvimento em todos os níveis. Especialmente quando a sociedade global trocou tudo isso pelo consumismo desenfreado e sem consequência. Menos para as elites privilegiadas de todos os tempos. Elas nunca se queixam de seu poder – a não ser para aumentá-lo – em todos os campos: lazer de alta qualidade, planos de saúde de alto alcance, escola, mão-de-obra doméstica barata. São prêmios que nunca lhes faltam.
Prestamos um pouco mais de atenção sobre o que realmente devemos esperar da sociedade civil, e da própria igreja que vive como ela quando um secretário de governo confirma: “Comprar a justiça tornou-se o esporte preferido das elites econômicas, não há um só caso de corrupção sem que juízes, desembargadores, advogados gananciosos, estejam envolvidos”. Ministros de Estado aparecem frequentemente ligados a escândalos financeiros, políticos corruptos sempre reeleitos. Igrejas pregam a mensagem de ajuste ao sistema; privilégios para as elites econômicas (neste momento, o seguimento armado do crime organizado plebeu, no Rio de Janeiro, está merecendo a atenção da nação inteira, numa verdadeira guerra; pergunta-se sobre o setor aristocrático...).
No evangelho (Mt 3.1-12), João Batista anuncia a iminente chegada do Messias. Esta “voz no deserto” convida o povo ao batismo (“batizo”) da conversão, uma mudança que comporta arrependimento: “Mudem de vida porque o reino de Deus já chegou”. Mais que moral, esperamos uma conversão ética, quando buscamos princípios que norteiem e amparem a sociedade toda, no sentido da sustentação da vida. Neste Advento devemos refletir sobre a luta contra os poderes da morte. Quando há descontrole daqueles que legislam ou governam; quando inocentes são assassinados, escravizados, vendidos; quando se destrói, ou quando alguém se apossa do bem comum, da natureza ou da economia social; quando as máfias das armas; quando traficantes de drogas, de gente, de crianças, de trabalho escravo e da prostituição infantil, se impõem como um poder dentro da sociedade inerte, seremos eticamente intolerantes e indignados?
Seremos eticamente intolerantes e indignados quando se aprovam agressões (ver os jornais do dia: violência intra e extrafamiliar, jovens espancados nas ruas), em parcialidade preconceituosa contra irmãos homossexuais eticamente desprotegidos; quando mulheres, crianças, adolescentes são abusados e violentados; quando se mata alguém pela suspeita, por vingança, como na pena de morte oficial ou extra-oficial; quando pessoas são mutiladas, torturadas, em nome de preconceitos ancestrais? No entanto, é tempo de indignação e oração, como nos inspira o Advento do Senhor Jesus Cristo. O Senhor vem para nos socorrer!
Outras paisagens são também vislumbradas nesse tempo, visando a aposentadoria do Fórum Social Mundial e suas queixas: trabalho humanizado com justiça ao trabalhador, jornadas com descanso adequado; um mundo sadio, em toda parte, a fome e doenças endêmicas sob controle, médicos e hospitais para todos; paz mundial, bem-estar político, nações cooperativas entre si, para uma socialização mundial do atendimento das necessidades humanas: habitação, trabalho humanizado para todos, acesso ao lazer, acesso à cultura e ao desenvolvimento em todos os níveis. Especialmente quando a sociedade global trocou tudo isso pelo consumismo desenfreado e sem consequência. Menos para as elites privilegiadas de todos os tempos. Elas nunca se queixam de seu poder – a não ser para aumentá-lo – em todos os campos: lazer de alta qualidade, planos de saúde de alto alcance, escola, mão-de-obra doméstica barata. São prêmios que nunca lhes faltam.
Prestamos um pouco mais de atenção sobre o que realmente devemos esperar da sociedade civil, e da própria igreja que vive como ela quando um secretário de governo confirma: “Comprar a justiça tornou-se o esporte preferido das elites econômicas, não há um só caso de corrupção sem que juízes, desembargadores, advogados gananciosos, estejam envolvidos”. Ministros de Estado aparecem frequentemente ligados a escândalos financeiros, políticos corruptos sempre reeleitos. Igrejas pregam a mensagem de ajuste ao sistema; privilégios para as elites econômicas (neste momento, o seguimento armado do crime organizado plebeu, no Rio de Janeiro, está merecendo a atenção da nação inteira, numa verdadeira guerra; pergunta-se sobre o setor aristocrático...).
No evangelho (Mt 3.1-12), João Batista anuncia a iminente chegada do Messias. Esta “voz no deserto” convida o povo ao batismo (“batizo”) da conversão, uma mudança que comporta arrependimento: “Mudem de vida porque o reino de Deus já chegou”. Mais que moral, esperamos uma conversão ética, quando buscamos princípios que norteiem e amparem a sociedade toda, no sentido da sustentação da vida. Neste Advento devemos refletir sobre a luta contra os poderes da morte. Quando há descontrole daqueles que legislam ou governam; quando inocentes são assassinados, escravizados, vendidos; quando se destrói, ou quando alguém se apossa do bem comum, da natureza ou da economia social; quando as máfias das armas; quando traficantes de drogas, de gente, de crianças, de trabalho escravo e da prostituição infantil, se impõem como um poder dentro da sociedade inerte, seremos eticamente intolerantes e indignados?
Seremos eticamente intolerantes e indignados quando se aprovam agressões (ver os jornais do dia: violência intra e extrafamiliar, jovens espancados nas ruas), em parcialidade preconceituosa contra irmãos homossexuais eticamente desprotegidos; quando mulheres, crianças, adolescentes são abusados e violentados; quando se mata alguém pela suspeita, por vingança, como na pena de morte oficial ou extra-oficial; quando pessoas são mutiladas, torturadas, em nome de preconceitos ancestrais? No entanto, é tempo de indignação e oração, como nos inspira o Advento do Senhor Jesus Cristo. O Senhor vem para nos socorrer!
É pastor emérito da Igreja Presbiteriana Unida do Brasil e autor de livros como “Pedagogia da Ganância" (2013) e "O Dragão que Habita em Nós” (2010).
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