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- 23 de maio de 2018
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Igreja Indígena Pataxó comemora 9 anos de existência
Vestido com tangas, cocares na cabeça e corpo pintado com tinta de jenipapo, um grupo de indígenas pataxó dança e canta em sua língua materna ao som de maracás. Curiosos, os visitantes filmam e tiram fotos. Ao final, todos tomam açaí e comem beiju de mandioca, celebrando um ato religioso: a Santa Ceia. Foi assim o encerramento da celebração do nono aniversário da Igreja Indígena Pataxó, localizada na Terra Indígena Fazenda Guarani, no município de Carmésia, Minas Gerais.
Nos dias 19 e 20 de maio, sob a coordenação do pastor Izaías Hitoha Pataxó, irmãos e irmãs da Igreja Indígena Pataxó receberam cerca de cem pessoas para a celebração de mais um aniversário da igreja. Moradores da aldeia e caravanas de cidades como Viçosa, Ipatinga, Timóteo e Belo Horizonte, participaram da comemoração.
Ao abrir as portas para receber os visitantes, a igreja queria promover um momento de sensibilização missionária, encorajando os irmãos não-indígenas a se envolverem com a causa indígena, apoiando, orando e fortalecendo a igreja indígena para que o evangelho chegue a outra etnias que ainda não conhecem o evangelho.
No sábado à tarde aconteceram duas palestras: “Indígenas Urbanos: Um novo desafio missionário para a igreja brasileira” e “Direito Previdenciário”. À noite, houve culto com músicas, apresentações especiais e pregação, que ficou sob a responsabilidade do pastor Jony Almeida, da Igreja Presbiteriana de Viçosa. A celebração encerrou no domingo de manhã, com apresentação da dança tradicional Pataxó, celebração da Santa Ceia e um almoço servido a todos os presentes.
Mudanças culturais: sobrevivência, tradição e tecnologia
Todo o figurino usado pelos indígenas durante a dança são adornos exclusivos para ocasiões especiais. Na verdade, tanto a aparência quanto o modo de vida dos Pataxós podem deixar muitas pessoas surpresas, pois não correspondem àquela imagem estereotipada que muitos têm sobre os povos indígenas.
Na aldeia onde se localiza a Igreja Indígena Pataxó, o visitante encontra motos e carros circulando pela comunidade, casas de alvenarias cobertas com telhas de barro, energia elétrica, sistema de água mineral encanada, sinal de telefonia móvel, serviço de TV a cabo e internet Wi Fi. Há anos as tangas deram lugar às bermudas, calças, camisas e vestidos, os pés descalços foram cobertos com tênis, sapatos e botas, e as pinturas com tinta jenipapo e os outros adereços foram substituídos por maquiagens, brincos de ouro e piercings.
O visitante também não precisa se preocupar quanto à língua, pois os Pataxós falam e entendem perfeitamente o português. Infelizmente, após quase ser extinta, pouco restou do patxohã, a língua materna do povo Pataxó. Mas há iniciativas de revitalização e manutenção para preservar o que ainda existe.
O Fogo de 51
Toda essa mudança cultural não se deu por motivos religiosos. Foi uma adaptação que iniciou por instinto de sobrevivência. Originalmente, o povo Pataxó habitava o extremo sul da Bahia, mas a partir de 1951 muitos foram obrigados a deixar suas terras e migrar para o norte do estado de Minas Gerais.
A migração se deu por conta do episódio que ficou conhecido como o Fogo de 51, ou Revolta de Barra Velha, quando policiais militares atacaram violentamente a aldeia Barra Velha. Contam que alguns indígenas foram enganados por dois homens que haviam prometido ajuda. Na verdade, tratava-se de uma armadilha para incriminar os indígenas. O conflito resultou na morte de indígenas, queima de ocas, estupro de mulheres e tortura de crianças.
Após o ocorrido, os indígenas se dispersaram pela região. Por causa do medo de repressão e da violência, passaram a omitir a identidade indígena e cessaram o uso da língua materna. Casamentos entre indígenas e negros ou brancos, também foi outra maneira de sobreviver, o que provocou uma grande miscigenação.
O povo Pataxó guarda uma história de resistência e luta, assim como muitas outras etnias do Brasil. Nesse contexto, a Igreja Indígena Pataxó se empenha no resgate da cultura, acreditando que o evangelho de Cristo redime vidas, transforma comunidades e valoriza a beleza cultural de cada povo.
Clique aqui e veja a galeria de fotos da celebração do 9º aniversário da Igreja Indígena Pataxó.
Nos dias 19 e 20 de maio, sob a coordenação do pastor Izaías Hitoha Pataxó, irmãos e irmãs da Igreja Indígena Pataxó receberam cerca de cem pessoas para a celebração de mais um aniversário da igreja. Moradores da aldeia e caravanas de cidades como Viçosa, Ipatinga, Timóteo e Belo Horizonte, participaram da comemoração.
Ao abrir as portas para receber os visitantes, a igreja queria promover um momento de sensibilização missionária, encorajando os irmãos não-indígenas a se envolverem com a causa indígena, apoiando, orando e fortalecendo a igreja indígena para que o evangelho chegue a outra etnias que ainda não conhecem o evangelho.
No sábado à tarde aconteceram duas palestras: “Indígenas Urbanos: Um novo desafio missionário para a igreja brasileira” e “Direito Previdenciário”. À noite, houve culto com músicas, apresentações especiais e pregação, que ficou sob a responsabilidade do pastor Jony Almeida, da Igreja Presbiteriana de Viçosa. A celebração encerrou no domingo de manhã, com apresentação da dança tradicional Pataxó, celebração da Santa Ceia e um almoço servido a todos os presentes.
Mudanças culturais: sobrevivência, tradição e tecnologia
Todo o figurino usado pelos indígenas durante a dança são adornos exclusivos para ocasiões especiais. Na verdade, tanto a aparência quanto o modo de vida dos Pataxós podem deixar muitas pessoas surpresas, pois não correspondem àquela imagem estereotipada que muitos têm sobre os povos indígenas.
Na aldeia onde se localiza a Igreja Indígena Pataxó, o visitante encontra motos e carros circulando pela comunidade, casas de alvenarias cobertas com telhas de barro, energia elétrica, sistema de água mineral encanada, sinal de telefonia móvel, serviço de TV a cabo e internet Wi Fi. Há anos as tangas deram lugar às bermudas, calças, camisas e vestidos, os pés descalços foram cobertos com tênis, sapatos e botas, e as pinturas com tinta jenipapo e os outros adereços foram substituídos por maquiagens, brincos de ouro e piercings.
O visitante também não precisa se preocupar quanto à língua, pois os Pataxós falam e entendem perfeitamente o português. Infelizmente, após quase ser extinta, pouco restou do patxohã, a língua materna do povo Pataxó. Mas há iniciativas de revitalização e manutenção para preservar o que ainda existe.
O Fogo de 51
Toda essa mudança cultural não se deu por motivos religiosos. Foi uma adaptação que iniciou por instinto de sobrevivência. Originalmente, o povo Pataxó habitava o extremo sul da Bahia, mas a partir de 1951 muitos foram obrigados a deixar suas terras e migrar para o norte do estado de Minas Gerais.
A migração se deu por conta do episódio que ficou conhecido como o Fogo de 51, ou Revolta de Barra Velha, quando policiais militares atacaram violentamente a aldeia Barra Velha. Contam que alguns indígenas foram enganados por dois homens que haviam prometido ajuda. Na verdade, tratava-se de uma armadilha para incriminar os indígenas. O conflito resultou na morte de indígenas, queima de ocas, estupro de mulheres e tortura de crianças.
Após o ocorrido, os indígenas se dispersaram pela região. Por causa do medo de repressão e da violência, passaram a omitir a identidade indígena e cessaram o uso da língua materna. Casamentos entre indígenas e negros ou brancos, também foi outra maneira de sobreviver, o que provocou uma grande miscigenação.
O povo Pataxó guarda uma história de resistência e luta, assim como muitas outras etnias do Brasil. Nesse contexto, a Igreja Indígena Pataxó se empenha no resgate da cultura, acreditando que o evangelho de Cristo redime vidas, transforma comunidades e valoriza a beleza cultural de cada povo.
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Ricardo Barbosa