Opinião
- 24 de abril de 2024
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Geopolítica ou religião? – A liderança religiosa iraniana e o “desmantelamento” do Estado de Israel
Por Marcos Amado
A vertente xiita do islamismo no Irã sustenta convicções motivadas por três conceitos profundamente arraigados em suas crenças religiosas: Messianismo, Destino Manifesto e Escatologia. Tais convicções motivam seus seguidores mais combativos a almejarem fervorosamente a aniquilação do moderno Estado de Israel.
Reconheço a contundência desta afirmação e espero que, ao concluir este artigo, o leitor compreenda a razão. Para tanto, é necessário, primeiramente, esclarecer, ainda que brevemente, os conceitos de Messianismo, Destino Manifesto e Escatologia. Apesar de enraizados em convicções religiosas profundas, esses conceitos exerceram e continuam a exercer forte influência nos rumos políticos e sociais da humanidade.
O messianismo, com o qual nós, cristãos, estamos mais familiarizados, é o messianismo religioso, caracterizado pela visão profética veterotestamentária de que um dia Deus enviaria um salvador que libertaria seu povo de toda opressão e sofrimento infligidos por seus inimigos. William Horbury, por exemplo, define messianismo como "a expectativa de um governante preeminente que está por vir", mas também inclui na sua definição a possibilidade de "tratar um governante atual de maneira messiânica”. 1 Esse tem sido o caso em muitas partes do mundo, incluindo o Brasil.
O conceito de “destino manifesto” surgiu originalmente no século 19 e “defendia que era o direito divinamente ordenado dos Estados Unidos expandir suas fronteiras até o Oceano Pacífico e além”. 2 Este fenômeno, ao longo da história, se manifestou e se manifesta em diferentes países e regiões ao redor do globo.
Já a escatologia é um termo com o qual estamos mais familiarizados. É a doutrina que trata sobre os últimos acontecimentos da história e o cumprimento dos propósitos eternos de Deus para a humanidade e para todo o universo. Não é um tema exclusivo do cristianismo e tem grande relevância para os seguidores de outras religiões, tais como o judaísmo e o islã.
Em um primeiro momento, pode parecer que tais conceitos não têm nenhuma relação com o que tem ocorrido no Oriente Médio nas últimas décadas. No entanto, possivelmente esse é um dos principais erros que cometemos quando tentamos entender o imbróglio político e religioso que envolve as grandes potências mundiais, como os Estados Unidos, China e Rússia, assim como participantes de menor envergadura, tais como Arábia Saudita, Egito, Líbano, Jordânia, e Autoridade Palestina, entre outros.
Todos esses protagonistas giram ao redor de dois personagens centrais: Israel e Irã.
Israel é uma ‘semidemocracia’ parlamentarista, fundada em 1948,3 com o apoio dos Estados Unidos e das potências europeias. Foi constituído, inicialmente, principalmente sob a liderança de emigrantes judeus oriundos da Europa, mas, paulatinamente, judeus de diferentes partes do mundo se uniram ao projeto de criação de um novo país não muçulmano no coração do Oriente Médio. Desde sua fundação, seu desenvolvimento social, tecnológico e militar foi assombroso, e hoje é um país moderno, com uma indústria pujante e altos níveis de educação e produção intelectual. Uma parcela menor (porém influente) da população segue a religião judaica, mas a maioria pode ser considerada secularizada, pois relega a religião a um segundo plano.
O Irã é uma república islâmica fundamentalista e totalitária, cujos habitantes (segundo os dados do governo), são, na sua vasta maioria, da vertente xiita do islã e se orgulham de serem os descendentes do outrora todo-poderoso Império Persa. Desde a revolução islâmica promovida pelo Aiatolá Khomeini em 1979, o país se transformou em uma suposta teocracia, governada por líderes religiosos xiitas, que possuem a palavra final tanto em questões religiosas como políticas. Cabe ao presidente dirigir o governo, mas sempre dentro dos limites e direcionamentos impostos pelos Aiatolás, que se preocupam com as questões consideradas espirituais, mas também geopolíticas.
Destino manifesto, messianismo e escatologia xiita iraniana
Como é bem conhecido, as duas principais vertentes dentro da religião islâmica são o sunismo e o xiismo. A maior parte das estatísticas afirma que cerca de 80% dos muçulmanos ao redor do mundo são sunitas. A vasta maioria dos aproximadamente 20% que se declaram xiitas são cidadãos iranianos. Existem muitas semelhanças doutrinárias entre as duas tradições islâmicas. Uma delas é o messianismo.
Scot Aghaie faz um excelente resumo sobre as crenças messiânicas e escatológicas muçulmanas que tanto os sunitas como os xiitas compartilham:
O messianismo islâmico assumiu duas formas principais: uma é o masīḥ, ou "messias", título dado ao profeta ʿĪsā (Jesus) no Alcorão; a outra é o mahdī, ou o "guiado divinamente". Essas duas figuras messiânicas estão intimamente associadas a al-masīḥ al-dajjāl, ou o "falso messias" [o anticristo]. Na sua definição mais básica, o messianismo islâmico consiste na crença de que, no final dos tempos, quando o mundo tiver degenerado em corrupção moral e depravação, um mahdī será enviado por Deus para reviver o Islã, restaurar a fé em Deus e trazer justiça e prosperidade ao mundo. A chegada do mahdī desencadeará o surgimento do dajjāl, que por sua vez será seguido pelo retorno do profeta ʿĪsā. O dajjāl será então derrotado pelo mahdī, por ʿĪsā ou por ambos. Finalmente, esses eventos trarão o fim do mundo e o advento do Dia do Juízo. Para os muçulmanos, essa doutrina é uma de esperança diante de um mundo que às vezes pode parecer ter se desviado muito do caminho para Deus.4
Portanto, o messianismo escatológico sunita e xiita compartilham várias crenças importantes: a volta de Jesus, a vinda de um personagem chamado Mahdi, o surgimento do falso messias (ou anticristo), a depravação paulatina e a corrupção moral do ser humano, um período de prosperidade promovido pela presença do Mahdi e de Jesus, a derrota do anticristo, o dia do julgamento (em que os que forem absolvidos por Deus viverão eternamente no paraíso) e o fim do mundo.
Mas também há diferenças históricas e teológicas marcantes entre as duas vertentes, e para as entendermos melhor, precisamos ressaltá-las.
A primeira dessas diferenças é que os sunitas consideram que Ali, genro e primo de Maomé, foi o quarto califa, ou seja, o quarto sucessor de Maomé considerado verdadeiramente guiado por Deus. Tal função já não existe hoje no mundo muçulmano, mas durante muitos séculos o califa era responsável por comandar a comunidade islâmica tanto nos aspectos religiosos como políticos. No entanto, os xiitas consideram que Ali foi o primeiro califa, pois, dos quatro, somente ele fazia parte da família do profeta do islã. Para um sunita, a escolha de um califa não estava relacionada a questões de consanguinidade ou pertencimento a uma determinada tribo ou família, mas, para um xiita, isso deveria ser uma característica sine-qua-non de um líder da comunidade islâmica, sucessor do profeta. Isso fez com que, historicamente, os sunitas listem um determinado grupo de homens que foram considerados califas, enquanto os xiitas admitem apenas Ali, seus filhos (netos do profeta) e seus descendentes.
Seguindo essa linha de raciocínio, e diferentemente do desenvolvimento da teologia sunita, à medida que a teologia xiita foi tomando forma, Ali e os demais líderes da comunidade islâmica xiita não eram chamados de califas, mas de Imãs. E, segundo a tradição da principal corrente teológica xiita, houve uma sequência de 12 Imãs a partir de Ali, e todos eram infalíveis nas suas decisões e interpretações teológicas e conduziam de maneira perfeita e divinamente inspirada o povo xiita.
Acontece que o 12º Imã, conhecido como Imã Mahdi, a partir do ano 873 d.C., passou a viver em ocultação, quando ainda era muito jovem, e continua vivo e oculto até hoje. Porém, ninguém sabe seu paradeiro. Isso é parte importante do messianismo xiita (mas não da corrente teológica sunita). Quando as condições espirituais, sociais e políticas necessárias para que ele deixe a ocultação estejam satisfeitas, ele reaparecerá, e Jesus voltará dos céus, que é onde vive desde que foi elevado aos céus, antes que o crucificassem.
Portanto, para um sunita, o Mahdi é um personagem que surgirá no final dos tempos, mas não é o 12º Imã que voltará da ocultação, conforme creem os xiitas. Ele é um personagem escatológico que será enviado por Alá para, juntamente com Jesus, reafirmar a religião islâmica e estabelecer um período de paz e prosperidade.
O que tudo isso tem a ver com o objetivo dos clérigos xiitas iranianos de erradicar o Estado de Israel?
Por volta do ano 650 d.C., os exércitos muçulmanos já tinham começado o processo de conquista das diferentes regiões do Oriente Médio e, posteriormente, a África do Norte. Essas regiões eram compostas por populações majoritariamente cristãs, além de um grande número de judeus. Em um primeiro momento, tanto cristãos como judeus tinham a permissão de continuarem seguindo suas respectivas religiões. Segundo Slyper, o principal inimigo do islã era o Império Bizantino, e não os judeus. 5 No entanto, havia um hadith6 em particular, em uma das coleções de hadiths mais respeitadas pelos muçulmanos, que dizia:
A última hora não chegaria a menos que os muçulmanos lutassem contra os judeus, e os muçulmanos os matassem até que os judeus se escondessem atrás de uma pedra ou de uma árvore, e uma pedra ou uma árvore diria: Muçulmano, ou servo de Alá, há um judeu atrás de mim; venha e o mate...7
Com o passar dos anos, a teologia islâmica foi sendo consolidada, e o consenso teológico islâmico era que, no final dos tempos, “haverá um califado muçulmano abrangendo todo o mundo, representando a vitória final do Islã sobre todas as outras crenças... [e] Jesus lutará contra o anticristo, que é judeu.”8
Desde a criação do Estado de Israel, em 1948, e a constante perpetração de injustiças contra a população árabe palestina, houve uma eclosão de literatura popular apocalíptica nos países islâmicos, e o Irã não foi uma exceção. Paulatinamente, foi sendo formada a ideia de que a concretização da vinda do Mahdi e do Messias, assim como a consumação do final dos tempos, não poderá acontecer enquanto houver um estado judeu na Palestina. “Isso pode significar”, diz Slyper, “que o estado judeu está retardando o triunfo final do islã”.9
“Na verdade, grande parte da razão de ser do Hezbollah e do regime iraniano é se engajar em uma luta messiânica contra Israel e o Ocidente cristão, de modo a possibilitar a vitória final do Islã Xiita.”10
Anos atrás, um acadêmico cristão, David Shenk, foi convidado a participar de uma conferência para clérigos xiitas, que seria realizada em Teerã, capital do Irã. O tema da conferência era escatologia islâmica, e havia quatro mil líderes xiitas presentes. Segundo Shenk, durante a conferência teólogos xiitas apresentaram 21 sermões, todos relacionados à escatologia.
A reunião, diz Shenk, “foi aberta por um discurso de uma hora do Presidente Ahmadinejad sobre as implicações políticas do Mahdismo; foi encerrada com uma apresentação apaixonada do Aiatolá Mesbahe Yazdi sobre os fundamentos espirituais para um Mahdismo autêntico. Ele é respeitado como conselheiro espiritual para líderes da revolução iraniana.”11
“A esperada aparição de Jesus com o Mahdi era explícita”, continua Shenk. “No saguão da conferência, um vídeo em loop proclamava: ‘Você sabe que Jesus Cristo está vindo em breve? E o Mahdi virá logo em seguida!’”.
Entre as muitas informações que ouviu durante sua participação na conferência, ele resumiu as convicções expressas pelos teólogos xiitas em relação a Israel da seguinte maneira:
O Estado de Israel é fundado sobre a injustiça e, portanto, deve ser desmantelado. O povo de Israel é bem-vindo para viver e prosperar nas regiões do Oriente Médio. Mas os fundamentos injustos do Estado de Israel devem ser confrontados e destruídos. Há evidências de que a revolução iraniana está se aproximando da perfeição, comandada pelo Mahdi. A derrota de Israel pelo Hezbollah na invasão do Líbano em 2006 revelou que o favor do Mahdi está sobre o Irã e seus aliados.12
“O favor do Mahdi está sobre o Irã e seus aliados.” Não há dúvidas de que os líderes iranianos acreditam no destino manifesto do seu país e não estão medindo esforços para que as condições necessárias para a vinda do Mahdi e do Messias se tornem realidade, incluindo o ‘desmantelamento’ do Estado de Israel.
Alguns pensamentos finais
Um dos riscos associados à publicação de conteúdos como o deste artigo é seu potencial para reforçar a visão estereotipada que muitos cristãos brasileiros têm sobre os muçulmanos, especialmente os xiitas. É crucial, portanto, enfatizar que a grande maioria dos muçulmanos xiitas, sejam eles iranianos ou de outras partes do mundo, são pessoas pacíficas, mais preocupadas em satisfazer suas necessidades básicas diárias do que em destruir o Estado de Israel.
Há anos, sinais evidentes mostram o esgotamento do povo iraniano em viver sob um regime muçulmano totalitário, controlado pelos aiatolás. Isso tem inclusive contribuído para um aumento significativo no número de iranianos que se convertem ao cristianismo. Em um artigo publicado em 2020, a renomada revista Christianity Today reportou que missiólogos há tempos afirmam que a igreja no Irã cresce rapidamente, embora faltasse dados confiáveis para sustentar essa afirmação. Tal dilema começou a ser resolvido com uma pesquisa realizada por uma organização holandesa, não vinculada a instituições cristãs, que revelou que cerca de 1,5% da população iraniana se considera cristã, o que representa aproximadamente 750 mil pessoas. Mesmo diante de intensa perseguição, o interesse pelo cristianismo tem crescido.
Notável também foi a descoberta de que, na mesma pesquisa, apenas 32% dos entrevistados se identificaram com o islã xiita, um contraste significativo com os dados fornecidos pelo governo iraniano, que afirma que 95% da população segue essa corrente do islã. Mais de 20% declararam não seguir nenhuma crença religiosa, quase 9% se declararam ateus, e cerca de 6% se consideram agnósticos.13
Contudo, não se pode negar que os esforços dos clérigos iranianos para enfatizar a importância da crença no reaparecimento do Mahdi e no retorno de Jesus, bem como a ênfase na destruição do Estado de Israel, influenciam profundamente muitos muçulmanos xiitas, com consequências imprevisíveis.
É igualmente importante que nós, como cristãos protestantes, façamos uma autocrítica. Os clérigos xiitas anseiam pela destruição de Israel como um passo crucial para a chegada do Mahdi e do messias, promovendo assim o início do fim. Por outro lado, certas correntes teológicas cristãs desejam a destruição da mesquita em Jerusalém e que Israel aplaste seus inimigos muçulmanos para acelerar a volta de Cristo, o que incita ainda mais os muçulmanos radicais a se posicionarem contra Israel e o Ocidente.
Foi por isso que a jornalista israelense Noa Landau, expressando um elevado grau de frustração com os cristãos evangélicos, escreveu recentemente que "o desejo compartilhado pelo apocalipse uniu agora os fanáticos religiosos em Teerã e Gaza com os de Jerusalém e Washington". Como evidência, ela menciona o exemplo de um proeminente pastor estadunidense que, “ao oferecer suas palavras de ‘apoio’ a Israel contra o Hamas e o Irã, ele está, de fato, sugerindo que, para aproximar a redenção cristã, os fiéis devem apoiar a guerra no Oriente Médio e... fazer o que for necessário para obstruir os esforços [do governo norte-americano] para reduzir as tensões.”14
Creio que o que nos resta, diante de uma situação tão complexa, é seguir as orientações inspiradas nos ensinamentos do Príncipe da Paz, oferecidas pelo apóstolo Pedro:
"Não retribuam mal por mal, nem insulto por insulto. Ao contrário, retribuam com bênção. Foi para isso que vocês foram chamados, e a bênção lhes será concedida. Pois, como diz a Escritura: ‘Se você quiser desfrutar a vida e ver muitos dias felizes, refreie a língua de falar maldade e os lábios de dizerem mentiras. Afaste-se do mal e faça o bem; busque a paz e esforce-se para mantê-la. Os olhos do Senhor estão sobre os justos, e seus ouvidos estão abertos para as suas orações. Mas o Senhor se afasta dos que praticam o mal” (1Pe 3.9-12).
Imagens: 1) Ato pró-Israel, em São Paulo - Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil; 2) Ato em solidariedade ao povo palestino. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
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Notas
1. William Horbury, conforme citado em Robert A. Spivey, D. Moody Smith, and C. Clifton Black. Anatomy of the New Testament Seventh Edition. 7 ed. (1517 Media, 2013).
2. D. S.; Heidler Heidler, Jeanne T. Manifest Destiny. Encyclopedia Britannica. 2024.
3. Líderes cristãos em sua maioria discordariam da rotulação de Israel como semidemocracia. Minha posição, no entanto, deriva principalmente do tratamento dispensado aos árabes palestinos na Cisjordânia, Gaza e no próprio território israelense. Abordo esse tema em maior profundidade no meu e-book "Israel, Armagedom e os Árabes Palestinos (www.martureo.com.br).
4. Kamran Scot Aghaie. Messianism in the Muslim tradition. Encyclopedia.com. 2005.
5. Arnold Slyper. Israel"s war against Islamic messianism. Jewish News Syndicate. 2023.
6. Os hadiths são coleções de tradições orais que remontavam à época de Maomé e seus companheiros, e que foram compiladas por teólogos muçulmanos mais de 200 anos após a morte de Maomé. Dentre as diferentes fontes literárias islâmicas, os hadiths perdem em importância apenas para o Alcorão, sendo quase tão autoritativos quanto o livro sagrado muçulmano.
7. Sunnah.com. 2922
8. Slyper. Israel"s war against Islamic messianism.
9. Slyper. Israel"s war against Islamic messianism.
10. Slyper. Israel"s war against Islamic messianism.
11. David Shenk. Muslims and christians: eschatology and missions. 2006.
12. Shenk, Muslims and Christians: Eschatology and missions, 4.
13. Jayson Casper. Researchers find christians in Iran approaching 1 million. Christianity Today. 2020.
14. Landau, Noa. Iran"s attack on Israel stoked Netanyahu"s evangelical allies" appetite for the apocalypse. Haaretz.
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Textos citados neste artigo
Aghaie, Kamran Scot. Messianism in the muslim tradition. Encyclopedia.com, 2005. Acessado em 16 de abril de 2024.
Casper, Jayson. Researchers find christians in Iran approaching 1 million. Christianity Today, 2020.
Heidler, D. S.; Heidler, Jeanne T. Manifest Destiny. Encyclopedia Britannica, 2024. Acessado em 16 de abrll de 2024.
Landau, Noa. Iran"s attack on Israel stoked Netanyahu"s evangelical allies" appetite for the apocalypse. Haaretz.
Shenk, David. Muslims and christians: eschatology and missions. 2006.
Slyper, Arnold. Israel"s war against islamic messianism. Jewish News Syndicate, 2023.
Spivey, Robert A., D. Moody Smith, and C. Clifton Black. Anatomy of the New Testament Seventh Edition. 7 ed.: 1517 Media, 2013.
Saiba mais:
» De Quem é a Terra Santa?, Daniel Brown
» Uma Nova Introdução ao Islã – Origens, tendências e práticas muçulmanas no mundo contemporâneo, Daniel W. Brown
» O Mundo – Uma missão a ser cumprida, John Stott e Tim Chester
» Cristianismo Antigo Para Tempos Novos - Amor à Bíblia, vida intelectual e fé pública, Paul Freston
A vertente xiita do islamismo no Irã sustenta convicções motivadas por três conceitos profundamente arraigados em suas crenças religiosas: Messianismo, Destino Manifesto e Escatologia. Tais convicções motivam seus seguidores mais combativos a almejarem fervorosamente a aniquilação do moderno Estado de Israel.
Reconheço a contundência desta afirmação e espero que, ao concluir este artigo, o leitor compreenda a razão. Para tanto, é necessário, primeiramente, esclarecer, ainda que brevemente, os conceitos de Messianismo, Destino Manifesto e Escatologia. Apesar de enraizados em convicções religiosas profundas, esses conceitos exerceram e continuam a exercer forte influência nos rumos políticos e sociais da humanidade.
O messianismo, com o qual nós, cristãos, estamos mais familiarizados, é o messianismo religioso, caracterizado pela visão profética veterotestamentária de que um dia Deus enviaria um salvador que libertaria seu povo de toda opressão e sofrimento infligidos por seus inimigos. William Horbury, por exemplo, define messianismo como "a expectativa de um governante preeminente que está por vir", mas também inclui na sua definição a possibilidade de "tratar um governante atual de maneira messiânica”. 1 Esse tem sido o caso em muitas partes do mundo, incluindo o Brasil.
O conceito de “destino manifesto” surgiu originalmente no século 19 e “defendia que era o direito divinamente ordenado dos Estados Unidos expandir suas fronteiras até o Oceano Pacífico e além”. 2 Este fenômeno, ao longo da história, se manifestou e se manifesta em diferentes países e regiões ao redor do globo.
Já a escatologia é um termo com o qual estamos mais familiarizados. É a doutrina que trata sobre os últimos acontecimentos da história e o cumprimento dos propósitos eternos de Deus para a humanidade e para todo o universo. Não é um tema exclusivo do cristianismo e tem grande relevância para os seguidores de outras religiões, tais como o judaísmo e o islã.
Em um primeiro momento, pode parecer que tais conceitos não têm nenhuma relação com o que tem ocorrido no Oriente Médio nas últimas décadas. No entanto, possivelmente esse é um dos principais erros que cometemos quando tentamos entender o imbróglio político e religioso que envolve as grandes potências mundiais, como os Estados Unidos, China e Rússia, assim como participantes de menor envergadura, tais como Arábia Saudita, Egito, Líbano, Jordânia, e Autoridade Palestina, entre outros.
Todos esses protagonistas giram ao redor de dois personagens centrais: Israel e Irã.
Israel é uma ‘semidemocracia’ parlamentarista, fundada em 1948,3 com o apoio dos Estados Unidos e das potências europeias. Foi constituído, inicialmente, principalmente sob a liderança de emigrantes judeus oriundos da Europa, mas, paulatinamente, judeus de diferentes partes do mundo se uniram ao projeto de criação de um novo país não muçulmano no coração do Oriente Médio. Desde sua fundação, seu desenvolvimento social, tecnológico e militar foi assombroso, e hoje é um país moderno, com uma indústria pujante e altos níveis de educação e produção intelectual. Uma parcela menor (porém influente) da população segue a religião judaica, mas a maioria pode ser considerada secularizada, pois relega a religião a um segundo plano.
O Irã é uma república islâmica fundamentalista e totalitária, cujos habitantes (segundo os dados do governo), são, na sua vasta maioria, da vertente xiita do islã e se orgulham de serem os descendentes do outrora todo-poderoso Império Persa. Desde a revolução islâmica promovida pelo Aiatolá Khomeini em 1979, o país se transformou em uma suposta teocracia, governada por líderes religiosos xiitas, que possuem a palavra final tanto em questões religiosas como políticas. Cabe ao presidente dirigir o governo, mas sempre dentro dos limites e direcionamentos impostos pelos Aiatolás, que se preocupam com as questões consideradas espirituais, mas também geopolíticas.
Destino manifesto, messianismo e escatologia xiita iraniana
Como é bem conhecido, as duas principais vertentes dentro da religião islâmica são o sunismo e o xiismo. A maior parte das estatísticas afirma que cerca de 80% dos muçulmanos ao redor do mundo são sunitas. A vasta maioria dos aproximadamente 20% que se declaram xiitas são cidadãos iranianos. Existem muitas semelhanças doutrinárias entre as duas tradições islâmicas. Uma delas é o messianismo.
Scot Aghaie faz um excelente resumo sobre as crenças messiânicas e escatológicas muçulmanas que tanto os sunitas como os xiitas compartilham:
O messianismo islâmico assumiu duas formas principais: uma é o masīḥ, ou "messias", título dado ao profeta ʿĪsā (Jesus) no Alcorão; a outra é o mahdī, ou o "guiado divinamente". Essas duas figuras messiânicas estão intimamente associadas a al-masīḥ al-dajjāl, ou o "falso messias" [o anticristo]. Na sua definição mais básica, o messianismo islâmico consiste na crença de que, no final dos tempos, quando o mundo tiver degenerado em corrupção moral e depravação, um mahdī será enviado por Deus para reviver o Islã, restaurar a fé em Deus e trazer justiça e prosperidade ao mundo. A chegada do mahdī desencadeará o surgimento do dajjāl, que por sua vez será seguido pelo retorno do profeta ʿĪsā. O dajjāl será então derrotado pelo mahdī, por ʿĪsā ou por ambos. Finalmente, esses eventos trarão o fim do mundo e o advento do Dia do Juízo. Para os muçulmanos, essa doutrina é uma de esperança diante de um mundo que às vezes pode parecer ter se desviado muito do caminho para Deus.4
Portanto, o messianismo escatológico sunita e xiita compartilham várias crenças importantes: a volta de Jesus, a vinda de um personagem chamado Mahdi, o surgimento do falso messias (ou anticristo), a depravação paulatina e a corrupção moral do ser humano, um período de prosperidade promovido pela presença do Mahdi e de Jesus, a derrota do anticristo, o dia do julgamento (em que os que forem absolvidos por Deus viverão eternamente no paraíso) e o fim do mundo.
Mas também há diferenças históricas e teológicas marcantes entre as duas vertentes, e para as entendermos melhor, precisamos ressaltá-las.
A primeira dessas diferenças é que os sunitas consideram que Ali, genro e primo de Maomé, foi o quarto califa, ou seja, o quarto sucessor de Maomé considerado verdadeiramente guiado por Deus. Tal função já não existe hoje no mundo muçulmano, mas durante muitos séculos o califa era responsável por comandar a comunidade islâmica tanto nos aspectos religiosos como políticos. No entanto, os xiitas consideram que Ali foi o primeiro califa, pois, dos quatro, somente ele fazia parte da família do profeta do islã. Para um sunita, a escolha de um califa não estava relacionada a questões de consanguinidade ou pertencimento a uma determinada tribo ou família, mas, para um xiita, isso deveria ser uma característica sine-qua-non de um líder da comunidade islâmica, sucessor do profeta. Isso fez com que, historicamente, os sunitas listem um determinado grupo de homens que foram considerados califas, enquanto os xiitas admitem apenas Ali, seus filhos (netos do profeta) e seus descendentes.
Seguindo essa linha de raciocínio, e diferentemente do desenvolvimento da teologia sunita, à medida que a teologia xiita foi tomando forma, Ali e os demais líderes da comunidade islâmica xiita não eram chamados de califas, mas de Imãs. E, segundo a tradição da principal corrente teológica xiita, houve uma sequência de 12 Imãs a partir de Ali, e todos eram infalíveis nas suas decisões e interpretações teológicas e conduziam de maneira perfeita e divinamente inspirada o povo xiita.
Acontece que o 12º Imã, conhecido como Imã Mahdi, a partir do ano 873 d.C., passou a viver em ocultação, quando ainda era muito jovem, e continua vivo e oculto até hoje. Porém, ninguém sabe seu paradeiro. Isso é parte importante do messianismo xiita (mas não da corrente teológica sunita). Quando as condições espirituais, sociais e políticas necessárias para que ele deixe a ocultação estejam satisfeitas, ele reaparecerá, e Jesus voltará dos céus, que é onde vive desde que foi elevado aos céus, antes que o crucificassem.
Portanto, para um sunita, o Mahdi é um personagem que surgirá no final dos tempos, mas não é o 12º Imã que voltará da ocultação, conforme creem os xiitas. Ele é um personagem escatológico que será enviado por Alá para, juntamente com Jesus, reafirmar a religião islâmica e estabelecer um período de paz e prosperidade.
O que tudo isso tem a ver com o objetivo dos clérigos xiitas iranianos de erradicar o Estado de Israel?
Por volta do ano 650 d.C., os exércitos muçulmanos já tinham começado o processo de conquista das diferentes regiões do Oriente Médio e, posteriormente, a África do Norte. Essas regiões eram compostas por populações majoritariamente cristãs, além de um grande número de judeus. Em um primeiro momento, tanto cristãos como judeus tinham a permissão de continuarem seguindo suas respectivas religiões. Segundo Slyper, o principal inimigo do islã era o Império Bizantino, e não os judeus. 5 No entanto, havia um hadith6 em particular, em uma das coleções de hadiths mais respeitadas pelos muçulmanos, que dizia:
A última hora não chegaria a menos que os muçulmanos lutassem contra os judeus, e os muçulmanos os matassem até que os judeus se escondessem atrás de uma pedra ou de uma árvore, e uma pedra ou uma árvore diria: Muçulmano, ou servo de Alá, há um judeu atrás de mim; venha e o mate...7
Com o passar dos anos, a teologia islâmica foi sendo consolidada, e o consenso teológico islâmico era que, no final dos tempos, “haverá um califado muçulmano abrangendo todo o mundo, representando a vitória final do Islã sobre todas as outras crenças... [e] Jesus lutará contra o anticristo, que é judeu.”8
Desde a criação do Estado de Israel, em 1948, e a constante perpetração de injustiças contra a população árabe palestina, houve uma eclosão de literatura popular apocalíptica nos países islâmicos, e o Irã não foi uma exceção. Paulatinamente, foi sendo formada a ideia de que a concretização da vinda do Mahdi e do Messias, assim como a consumação do final dos tempos, não poderá acontecer enquanto houver um estado judeu na Palestina. “Isso pode significar”, diz Slyper, “que o estado judeu está retardando o triunfo final do islã”.9
“Na verdade, grande parte da razão de ser do Hezbollah e do regime iraniano é se engajar em uma luta messiânica contra Israel e o Ocidente cristão, de modo a possibilitar a vitória final do Islã Xiita.”10
Anos atrás, um acadêmico cristão, David Shenk, foi convidado a participar de uma conferência para clérigos xiitas, que seria realizada em Teerã, capital do Irã. O tema da conferência era escatologia islâmica, e havia quatro mil líderes xiitas presentes. Segundo Shenk, durante a conferência teólogos xiitas apresentaram 21 sermões, todos relacionados à escatologia.
A reunião, diz Shenk, “foi aberta por um discurso de uma hora do Presidente Ahmadinejad sobre as implicações políticas do Mahdismo; foi encerrada com uma apresentação apaixonada do Aiatolá Mesbahe Yazdi sobre os fundamentos espirituais para um Mahdismo autêntico. Ele é respeitado como conselheiro espiritual para líderes da revolução iraniana.”11
“A esperada aparição de Jesus com o Mahdi era explícita”, continua Shenk. “No saguão da conferência, um vídeo em loop proclamava: ‘Você sabe que Jesus Cristo está vindo em breve? E o Mahdi virá logo em seguida!’”.
Entre as muitas informações que ouviu durante sua participação na conferência, ele resumiu as convicções expressas pelos teólogos xiitas em relação a Israel da seguinte maneira:
O Estado de Israel é fundado sobre a injustiça e, portanto, deve ser desmantelado. O povo de Israel é bem-vindo para viver e prosperar nas regiões do Oriente Médio. Mas os fundamentos injustos do Estado de Israel devem ser confrontados e destruídos. Há evidências de que a revolução iraniana está se aproximando da perfeição, comandada pelo Mahdi. A derrota de Israel pelo Hezbollah na invasão do Líbano em 2006 revelou que o favor do Mahdi está sobre o Irã e seus aliados.12
“O favor do Mahdi está sobre o Irã e seus aliados.” Não há dúvidas de que os líderes iranianos acreditam no destino manifesto do seu país e não estão medindo esforços para que as condições necessárias para a vinda do Mahdi e do Messias se tornem realidade, incluindo o ‘desmantelamento’ do Estado de Israel.
Alguns pensamentos finais
Um dos riscos associados à publicação de conteúdos como o deste artigo é seu potencial para reforçar a visão estereotipada que muitos cristãos brasileiros têm sobre os muçulmanos, especialmente os xiitas. É crucial, portanto, enfatizar que a grande maioria dos muçulmanos xiitas, sejam eles iranianos ou de outras partes do mundo, são pessoas pacíficas, mais preocupadas em satisfazer suas necessidades básicas diárias do que em destruir o Estado de Israel.
Há anos, sinais evidentes mostram o esgotamento do povo iraniano em viver sob um regime muçulmano totalitário, controlado pelos aiatolás. Isso tem inclusive contribuído para um aumento significativo no número de iranianos que se convertem ao cristianismo. Em um artigo publicado em 2020, a renomada revista Christianity Today reportou que missiólogos há tempos afirmam que a igreja no Irã cresce rapidamente, embora faltasse dados confiáveis para sustentar essa afirmação. Tal dilema começou a ser resolvido com uma pesquisa realizada por uma organização holandesa, não vinculada a instituições cristãs, que revelou que cerca de 1,5% da população iraniana se considera cristã, o que representa aproximadamente 750 mil pessoas. Mesmo diante de intensa perseguição, o interesse pelo cristianismo tem crescido.
Notável também foi a descoberta de que, na mesma pesquisa, apenas 32% dos entrevistados se identificaram com o islã xiita, um contraste significativo com os dados fornecidos pelo governo iraniano, que afirma que 95% da população segue essa corrente do islã. Mais de 20% declararam não seguir nenhuma crença religiosa, quase 9% se declararam ateus, e cerca de 6% se consideram agnósticos.13
Contudo, não se pode negar que os esforços dos clérigos iranianos para enfatizar a importância da crença no reaparecimento do Mahdi e no retorno de Jesus, bem como a ênfase na destruição do Estado de Israel, influenciam profundamente muitos muçulmanos xiitas, com consequências imprevisíveis.
É igualmente importante que nós, como cristãos protestantes, façamos uma autocrítica. Os clérigos xiitas anseiam pela destruição de Israel como um passo crucial para a chegada do Mahdi e do messias, promovendo assim o início do fim. Por outro lado, certas correntes teológicas cristãs desejam a destruição da mesquita em Jerusalém e que Israel aplaste seus inimigos muçulmanos para acelerar a volta de Cristo, o que incita ainda mais os muçulmanos radicais a se posicionarem contra Israel e o Ocidente.
Foi por isso que a jornalista israelense Noa Landau, expressando um elevado grau de frustração com os cristãos evangélicos, escreveu recentemente que "o desejo compartilhado pelo apocalipse uniu agora os fanáticos religiosos em Teerã e Gaza com os de Jerusalém e Washington". Como evidência, ela menciona o exemplo de um proeminente pastor estadunidense que, “ao oferecer suas palavras de ‘apoio’ a Israel contra o Hamas e o Irã, ele está, de fato, sugerindo que, para aproximar a redenção cristã, os fiéis devem apoiar a guerra no Oriente Médio e... fazer o que for necessário para obstruir os esforços [do governo norte-americano] para reduzir as tensões.”14
Creio que o que nos resta, diante de uma situação tão complexa, é seguir as orientações inspiradas nos ensinamentos do Príncipe da Paz, oferecidas pelo apóstolo Pedro:
"Não retribuam mal por mal, nem insulto por insulto. Ao contrário, retribuam com bênção. Foi para isso que vocês foram chamados, e a bênção lhes será concedida. Pois, como diz a Escritura: ‘Se você quiser desfrutar a vida e ver muitos dias felizes, refreie a língua de falar maldade e os lábios de dizerem mentiras. Afaste-se do mal e faça o bem; busque a paz e esforce-se para mantê-la. Os olhos do Senhor estão sobre os justos, e seus ouvidos estão abertos para as suas orações. Mas o Senhor se afasta dos que praticam o mal” (1Pe 3.9-12).
Imagens: 1) Ato pró-Israel, em São Paulo - Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil; 2) Ato em solidariedade ao povo palestino. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
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Notas
1. William Horbury, conforme citado em Robert A. Spivey, D. Moody Smith, and C. Clifton Black. Anatomy of the New Testament Seventh Edition. 7 ed. (1517 Media, 2013).
2. D. S.; Heidler Heidler, Jeanne T. Manifest Destiny. Encyclopedia Britannica. 2024.
3. Líderes cristãos em sua maioria discordariam da rotulação de Israel como semidemocracia. Minha posição, no entanto, deriva principalmente do tratamento dispensado aos árabes palestinos na Cisjordânia, Gaza e no próprio território israelense. Abordo esse tema em maior profundidade no meu e-book "Israel, Armagedom e os Árabes Palestinos (www.martureo.com.br).
4. Kamran Scot Aghaie. Messianism in the Muslim tradition. Encyclopedia.com. 2005.
5. Arnold Slyper. Israel"s war against Islamic messianism. Jewish News Syndicate. 2023.
6. Os hadiths são coleções de tradições orais que remontavam à época de Maomé e seus companheiros, e que foram compiladas por teólogos muçulmanos mais de 200 anos após a morte de Maomé. Dentre as diferentes fontes literárias islâmicas, os hadiths perdem em importância apenas para o Alcorão, sendo quase tão autoritativos quanto o livro sagrado muçulmano.
7. Sunnah.com. 2922
8. Slyper. Israel"s war against Islamic messianism.
9. Slyper. Israel"s war against Islamic messianism.
10. Slyper. Israel"s war against Islamic messianism.
11. David Shenk. Muslims and christians: eschatology and missions. 2006.
12. Shenk, Muslims and Christians: Eschatology and missions, 4.
13. Jayson Casper. Researchers find christians in Iran approaching 1 million. Christianity Today. 2020.
14. Landau, Noa. Iran"s attack on Israel stoked Netanyahu"s evangelical allies" appetite for the apocalypse. Haaretz.
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Textos citados neste artigo
Aghaie, Kamran Scot. Messianism in the muslim tradition. Encyclopedia.com, 2005. Acessado em 16 de abril de 2024.
Casper, Jayson. Researchers find christians in Iran approaching 1 million. Christianity Today, 2020.
Heidler, D. S.; Heidler, Jeanne T. Manifest Destiny. Encyclopedia Britannica, 2024. Acessado em 16 de abrll de 2024.
Landau, Noa. Iran"s attack on Israel stoked Netanyahu"s evangelical allies" appetite for the apocalypse. Haaretz.
Shenk, David. Muslims and christians: eschatology and missions. 2006.
Slyper, Arnold. Israel"s war against islamic messianism. Jewish News Syndicate, 2023.
Spivey, Robert A., D. Moody Smith, and C. Clifton Black. Anatomy of the New Testament Seventh Edition. 7 ed.: 1517 Media, 2013.
- Marcos Amado é diretor do Centro de Reflexão Missiológica Martureo, é graduado em Teologia pelo All Nations Cristian College (Reino Unido) e Mestre em Missiologia com Especialização em Estudos Islâmicos pela mesma instituição. Em Beirute, no Líbano, cursou Estudos Avançados em Religiões e Culturas do Oriente Médio no Institute of Middle East Studies. É casado com Rosângela e acumula mais de 25 anos de experiência transcultural.
Saiba mais:
» De Quem é a Terra Santa?, Daniel Brown
» Uma Nova Introdução ao Islã – Origens, tendências e práticas muçulmanas no mundo contemporâneo, Daniel W. Brown
» O Mundo – Uma missão a ser cumprida, John Stott e Tim Chester
» Cristianismo Antigo Para Tempos Novos - Amor à Bíblia, vida intelectual e fé pública, Paul Freston
- 24 de abril de 2024
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