Opinião
- 08 de setembro de 2009
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Fumocídio, motocídio e suína
Marcos Inhauser
Lembro-me de uma foto que via em uma agência dos Correios em São Paulo. Era um revólver apontado para a cabeça de uma pessoa, em atitude de suicídio. O cano da arma era um cigarro e a legenda dizia: "O cigarro é uma arma onde o tempo aperta o gatilho".
Lembrei-me desta foto nestes dias com a celeuma montada pela lei antifumo do governo de São Paulo. A propaganda com o garçom medindo o ar nos pulmões antes e depois do serviço, mostra algo que, há não muito, passou a ser reconhecido e combatido: o fumante passivo. Entre os argumentos esgrimidos pelo governador estão a melhoria da qualidade de vida, a diminuição dos AVCs e outros problemas coronários e pulmonares, a redução de gastos médicos pelo sistema público de saúde etc.
Na mesma semana, aparece a notícia de que foi aprovada a lei que legaliza o mototáxi e que o prefeito de São Paulo, aliado do governador, pretende implantar tal serviço na cidade de São Paulo. E aí me veio o nó na cabeça: sabe-se por dados estatísticos, e mesmo visuais para quem anda com certa frequência pelas ruas e estradas, sobre o crescente número de acidentes com motos. Quem não conhece alguém que morreu ou se acidentou gravemente pilotando uma moto? Quantas pessoas incapacitadas você conhece fruto de acidente deste gênero?
Há ainda dados estatísticos e estudos mostrando que a poluição produzida pelas motos é muito maior que a feita por um carro. E mais: quando se calcula a poluição por passageiro transportado e quilometragem rodada, as motos perdem feio. Adicione-se a isto o custo médico que a saúde pública dispende com os atendimentos aos acidentados e a natureza de tais cuidados, muitos deles com longos tratamentos e fisioterapias. Tem-se que o custo ambiental e financeiro do uso generalizado das motos é igual ou superior ao dos cigarros.
E por que se cria lei para combater o fumo (o que eu aplaudo) e se libera outro instrumento urbano de suicídio e custos médicos? È a morte pelo cigarro mais morte que a das motos?
Para entender a lógica destas coisas, passo alguns dados de um e-mail que acabo de receber. No mundo, por ano, morrem dois milhões de crianças com diarréia, que se poderia evitar com um simples soro que custa 25 centavos. O sarampo, a pneumonia e as enfermidades evitáveis com vacinas baratas provocam a morte de dez milhões de pessoas a cada ano. Há dez anos, com a gripe das aves, os noticiários nos inundaram de informações e ela só causou a morte de 250 pessoas até hoje (25 mortos por ano). A gripe comum mata meio milhão de pessoas por ano.
Será que por trás disso há só o interesse com a saúde ou há interesses econômicos? Eu não tenho dúvida alguma. E você?
• Marcos Inhauser é pastor, presidente da Igreja da Irmandade e colunista do jornal Correio Popular. www.inhauser.com.br / marcos@inhauser.com.br
Lembro-me de uma foto que via em uma agência dos Correios em São Paulo. Era um revólver apontado para a cabeça de uma pessoa, em atitude de suicídio. O cano da arma era um cigarro e a legenda dizia: "O cigarro é uma arma onde o tempo aperta o gatilho".
Lembrei-me desta foto nestes dias com a celeuma montada pela lei antifumo do governo de São Paulo. A propaganda com o garçom medindo o ar nos pulmões antes e depois do serviço, mostra algo que, há não muito, passou a ser reconhecido e combatido: o fumante passivo. Entre os argumentos esgrimidos pelo governador estão a melhoria da qualidade de vida, a diminuição dos AVCs e outros problemas coronários e pulmonares, a redução de gastos médicos pelo sistema público de saúde etc.
Na mesma semana, aparece a notícia de que foi aprovada a lei que legaliza o mototáxi e que o prefeito de São Paulo, aliado do governador, pretende implantar tal serviço na cidade de São Paulo. E aí me veio o nó na cabeça: sabe-se por dados estatísticos, e mesmo visuais para quem anda com certa frequência pelas ruas e estradas, sobre o crescente número de acidentes com motos. Quem não conhece alguém que morreu ou se acidentou gravemente pilotando uma moto? Quantas pessoas incapacitadas você conhece fruto de acidente deste gênero?
Há ainda dados estatísticos e estudos mostrando que a poluição produzida pelas motos é muito maior que a feita por um carro. E mais: quando se calcula a poluição por passageiro transportado e quilometragem rodada, as motos perdem feio. Adicione-se a isto o custo médico que a saúde pública dispende com os atendimentos aos acidentados e a natureza de tais cuidados, muitos deles com longos tratamentos e fisioterapias. Tem-se que o custo ambiental e financeiro do uso generalizado das motos é igual ou superior ao dos cigarros.
E por que se cria lei para combater o fumo (o que eu aplaudo) e se libera outro instrumento urbano de suicídio e custos médicos? È a morte pelo cigarro mais morte que a das motos?
Para entender a lógica destas coisas, passo alguns dados de um e-mail que acabo de receber. No mundo, por ano, morrem dois milhões de crianças com diarréia, que se poderia evitar com um simples soro que custa 25 centavos. O sarampo, a pneumonia e as enfermidades evitáveis com vacinas baratas provocam a morte de dez milhões de pessoas a cada ano. Há dez anos, com a gripe das aves, os noticiários nos inundaram de informações e ela só causou a morte de 250 pessoas até hoje (25 mortos por ano). A gripe comum mata meio milhão de pessoas por ano.
Será que por trás disso há só o interesse com a saúde ou há interesses econômicos? Eu não tenho dúvida alguma. E você?
• Marcos Inhauser é pastor, presidente da Igreja da Irmandade e colunista do jornal Correio Popular. www.inhauser.com.br / marcos@inhauser.com.br
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