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- 07 de dezembro de 2011
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Fé e dúvida: amigas ou inimigas?
O que pode ser uma fraqueza espiritual também pode ser uma atitude honesta diante da infinitude divina, dos mistérios da vida humana e da realidade incompleta aos nossos olhos. Longe de uma desculpa para o “rio sem margens” da pós-modernidade, onde tudo é cinza, lidar sinceramente com nossas dúvidas teológicas é valorizar a fé que temos. Afinal, como diz Alister McGrath, em Como Lidar com a Dúvida, “duvidar significa, muitas vezes, fazer perguntas ou expressar incertezas do ponto de vista da fé. A pessoa crê, mas enfrenta dificuldades com essa fé ou tem alguma preocupação. Fé e dúvida não se excluem mutuamente – mas fé e incredulidade, sim”.
Por isso, a dúvida como incompreensão – e não incredulidade - faz parte da caminhada da fé. O Deus Que Eu Não Entendo, lançamento da Ultimato, expõe esta relação na mente e no testemunho de Christopher J. H. Wright, um renomado teólogo que foi, por décadas, companheiro de ministério de John Stott. O novo livro chega nesta semana à editora. O autor afirma que “conhecer a Deus, amá-lo e confiar nele de todo o coração, de toda a alma e de toda a força não é o mesmo que entender Deus em todos os seus caminhos. (...) Existem áreas do mistério em nossa fé cristã que estão além do mais acurado estudo e até dos mais profundos exercícios espirituais”.
No entanto, confessar dúvidas não é descartar certezas. Ninguém voa cortando suas próprias asas. A dificuldade talvez seja discernir o que são asas e o que são apenas acessórios de voo. Por isso, é tão importante voltar ao essencial. Foi o que nos propôs John Stott em Por Que Sou Cristão, ao levantar sete razões pelas quais ele se considerava cristão.
N. T. Wright também assumiu, em Simplesmente Cristão, a “imensa tarefa” de “descrever a essência do cristianismo, tanto para recomendá-lo aos de fora como para explicá-lo aos de dentro”. “É claro que ser cristão no mundo de hoje é qualquer coisa, menos simples. Mas se há um tempo em que é necessário dizer, do modo mais simples possível, o que cada coisa significa, parece-me que é agora”, escreve Wright.
Nesta caminhada de fé não estamos sozinhos. Contamos, entre outras, com o Espírito Santo que “nos guia a toda verdade” (Jo 16.13), com a comunidade que nos ajuda a discernir as coisas, com a sociedade e com a Bíblia – como revelação de Deus para a humanidade. A respeito desta última, vale a pena ler Por Que Confiar na Bíblia – respostas a 10 perguntas difíceis, de autoria de Amy Orr-Ewing. Em meio ao bombardeio acadêmico, e ao que ela chamou de “era da incerteza”, levanta respostas considerando conceitos históricos, a singularidade e contemporaneidade da Bíblia, a encarnação de Cristo e o conceito de verdade.
A oração aflita do homem à afirmação de Jesus (“tudo é possível ao que crê”) continua atual: “Eu creio! Ajuda na minha falta de fé!”.
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