Opinião
- 17 de setembro de 2024
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Fazendo discípulos que amam
Por Tânia de Medeiros Wutzki
Os dias que me dedico a estudar e escrever sobre o tema deste ano da Campanha de Missões da CIBI coincidem com o lançamento pelo Movimento Lausanne, do Relatório de Status da Grande Comissão, um conjunto de pesquisas que reúne o mais completo banco de dados global, para analisar as lacunas e oportunidades críticas para o cumprimento da Grande Comissão. Como esperado, se considerarmos uma análise do movimento evangélico no Brasil, o discipulado que torna convertidos em Jesus em cristãos maduros – que crescem à estatura de Cristo (Ef 4.13) é uma das lacunas no cumprimento da grande comissão.
Refletindo sobre isso, parece que, embora o Novo Testamento seja rico em detalhes sobre o tempo que Jesus teve com os discípulos, no processo que hoje denominamos “discipulado”, temos dado mais atenção à modelos que tem como referências teorias de ensino-aprendizagem da educação formal e do modelo escolar com conteúdo, sala de aula, currículo; do que aos princípios bíblicos presentes na caminhada de Jesus com os doze durante seu ministério, essencialmente firmado na convivência, relacionamento, conversas à mesa e o “fazer juntos”. No modelo de Jesus, há muito mais ênfase no “ser” e no “fazer”, do que no “saber”. Talvez nossa compreensão do “ensinando-as a guardar todas as coisas” tenha mais influência da nossa cultura ocidental do que o que essas palavras de Jesus significaram para os discípulos.
Uma outra maneira de compreender esta lacuna é o que John Stott cita em um de seus livros: “Existem duas instruções fundamentais de Jesus – um Grande Mandamento, "ame o seu próximo" e a Grande Comissão, "vá e fazer discípulos" o que também está alinhado com a descrição da missão de Jesus narrada em Lucas 4.18-19, ou a resposta a João Batista, sobre a chegada do reino de Deus (Mt 11.5).
Um dos textos que estão no relatório citado acima menciona que o impacto da grande comissão e a maneira como ela foi entendida pelos discípulos e pelos primeiros convertidos é amplamente demonstrado nos registros de Lucas em Atos. Segundo o autor,
“Lucas nos conta que esse tipo de “vida comunitária” não apenas despertou a simpatia do povo, mas também contou com o acréscimo regular daqueles que também queriam usufruir desse estranho tipo de “união”. O impacto imediato foi evidente: “Assim a palavra de Deus se espalhava. Crescia rapidamente o número de discípulos em Jerusalém, também um grande número de sacerdotes obedecia à fé” (At 6.7). Pode-se perguntar por que motivo até mesmo os próprios mestres da lei, como Nicodemos, legitimavam essa nova comunidade. Havia uma estratégia oculta em ação? Eles estavam tentando ser relevantes? Ou estavam intencionalmente atraindo atenção para si mesmos? Não. Na verdade, eles estavam tão somente seguindo fielmente o exemplo do Messias, que lhes mostrou uma nova maneira de viver (Jo 13.15-17).
“Amem ao próximo…”
“Amem os seus inimigos…”
“Amem-se uns aos outros como eu os amei…”
“Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens…”
Deve-se dizer, no mínimo, que, para a comunidade pioneira do povo de Jesus, o amor não era uma questão de estratégia, mas o próprio preço de serem discípulos de um homem que “não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mc 10.45).”
A história registra que o imperador Juliano (361-363 d.C.), referiu-se à igreja dos primeiros séculos da seguinte forma: Os cristãos alimentam não apenas os seus pobres, mas também os nossos… Aqueles que nos pertencem buscam e não encontram a ajuda que devemos prestar-lhes”. A afirmação demonstra que estas marcas permaneceram nas comunidades formada pelos que passaram a ser chamados de cristãos por longo tempo. Infelizmente em algum ponto da história nos perdemos, mas isso é assunto para outro texto.
Que a igreja de Jesus não perca de vista estas marcas e seja formada por discípulos maduros que amam e servem ao próximo, sendo testemunhas vivas que levam a boas novas do reino. O mundo precisa disso...assim a grande comissão será cumprida.
Saiba mais:
» Discipular enquanto se aprende a ser discípulo
» Fazer discípulos envolve mais vida e menos estratégia, mais convicção e menos eloquência
Os dias que me dedico a estudar e escrever sobre o tema deste ano da Campanha de Missões da CIBI coincidem com o lançamento pelo Movimento Lausanne, do Relatório de Status da Grande Comissão, um conjunto de pesquisas que reúne o mais completo banco de dados global, para analisar as lacunas e oportunidades críticas para o cumprimento da Grande Comissão. Como esperado, se considerarmos uma análise do movimento evangélico no Brasil, o discipulado que torna convertidos em Jesus em cristãos maduros – que crescem à estatura de Cristo (Ef 4.13) é uma das lacunas no cumprimento da grande comissão.
Refletindo sobre isso, parece que, embora o Novo Testamento seja rico em detalhes sobre o tempo que Jesus teve com os discípulos, no processo que hoje denominamos “discipulado”, temos dado mais atenção à modelos que tem como referências teorias de ensino-aprendizagem da educação formal e do modelo escolar com conteúdo, sala de aula, currículo; do que aos princípios bíblicos presentes na caminhada de Jesus com os doze durante seu ministério, essencialmente firmado na convivência, relacionamento, conversas à mesa e o “fazer juntos”. No modelo de Jesus, há muito mais ênfase no “ser” e no “fazer”, do que no “saber”. Talvez nossa compreensão do “ensinando-as a guardar todas as coisas” tenha mais influência da nossa cultura ocidental do que o que essas palavras de Jesus significaram para os discípulos.
Uma outra maneira de compreender esta lacuna é o que John Stott cita em um de seus livros: “Existem duas instruções fundamentais de Jesus – um Grande Mandamento, "ame o seu próximo" e a Grande Comissão, "vá e fazer discípulos" o que também está alinhado com a descrição da missão de Jesus narrada em Lucas 4.18-19, ou a resposta a João Batista, sobre a chegada do reino de Deus (Mt 11.5).
Um dos textos que estão no relatório citado acima menciona que o impacto da grande comissão e a maneira como ela foi entendida pelos discípulos e pelos primeiros convertidos é amplamente demonstrado nos registros de Lucas em Atos. Segundo o autor,
“Lucas nos conta que esse tipo de “vida comunitária” não apenas despertou a simpatia do povo, mas também contou com o acréscimo regular daqueles que também queriam usufruir desse estranho tipo de “união”. O impacto imediato foi evidente: “Assim a palavra de Deus se espalhava. Crescia rapidamente o número de discípulos em Jerusalém, também um grande número de sacerdotes obedecia à fé” (At 6.7). Pode-se perguntar por que motivo até mesmo os próprios mestres da lei, como Nicodemos, legitimavam essa nova comunidade. Havia uma estratégia oculta em ação? Eles estavam tentando ser relevantes? Ou estavam intencionalmente atraindo atenção para si mesmos? Não. Na verdade, eles estavam tão somente seguindo fielmente o exemplo do Messias, que lhes mostrou uma nova maneira de viver (Jo 13.15-17).
“Amem ao próximo…”
“Amem os seus inimigos…”
“Amem-se uns aos outros como eu os amei…”
“Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens…”
Deve-se dizer, no mínimo, que, para a comunidade pioneira do povo de Jesus, o amor não era uma questão de estratégia, mas o próprio preço de serem discípulos de um homem que “não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mc 10.45).”
A história registra que o imperador Juliano (361-363 d.C.), referiu-se à igreja dos primeiros séculos da seguinte forma: Os cristãos alimentam não apenas os seus pobres, mas também os nossos… Aqueles que nos pertencem buscam e não encontram a ajuda que devemos prestar-lhes”. A afirmação demonstra que estas marcas permaneceram nas comunidades formada pelos que passaram a ser chamados de cristãos por longo tempo. Infelizmente em algum ponto da história nos perdemos, mas isso é assunto para outro texto.
Que a igreja de Jesus não perca de vista estas marcas e seja formada por discípulos maduros que amam e servem ao próximo, sendo testemunhas vivas que levam a boas novas do reino. O mundo precisa disso...assim a grande comissão será cumprida.
- Tânia de Medeiros Wutzki coordena os projetos sociais da FEPAS na Convenção Batista Independente, faz parte da Rede Evangélica Nacional de Ação Social/RENAS e do grupo gestor do Projeto Retalhos de Esperança. Nas horas vagas e/ou quando estressada, se distrai com artesanato.
Saiba mais:
» Discipular enquanto se aprende a ser discípulo
» Fazer discípulos envolve mais vida e menos estratégia, mais convicção e menos eloquência
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Ricardo Barbosa