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- 09 de novembro de 2021
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Família acuada pela pobreza e assombrada pela fome conta com a generosidade e amizade de igreja no sertão
Por Ray Santana
Manoel Messias da Conceição, 36 anos, é casado com Maria Patrícia, de 35. As faces de ambos carregam as expressões de muito trabalho em meio ao castigo do sol de Patos, no sertão paraibano.
O casal vive em uma casa de taipa há seis anos com seus quatro filhos: Daiane Patrícia, de 18, e outros três com 12, 10 e 7 anos de idade. Uma outra filha, de 15 anos, mora com o companheiro no Conjunto dos Sapateiros.
A família poderia ser maior se uma gravidez de gêmeos de Patrícia não tivesse sido interrompida no sexto mês da gestação, há quatro anos.
Nos últimos meses, a família tem enfrentado sérios problemas. Mesmo recebendo o auxílio emergencial oferecido pelo programa Bolsa Família, Manoel, Patrícia e os filhos têm passado por momentos de necessidade. Algumas ajudas chegam de pessoas que acompanham a situação deles. Uma dúzia de pães aqui, alguns alimentos ali e, assim, eles continuam tentando a sorte.
Outro dia, chegou ao conhecimento da equipe da ACEV (Ação Evangélica) que a família cassava camaleões na região para se alimentar. Dias depois, ao chegar no local onde a família mora, uma pessoa da equipe ACEV presenciou restos de couro de frango sendo tratados para a alimentação do dia.
Na visita mais recente, em 2 de novembro, as panelas estavam abertas sobre o fogão a lenha, enquanto o almoço era preparado. Nesse dia havia comida. A casa, destelhada e sob ameaça de vir a baixo, abrigava um colchão velho no chão e um tonel de água ao canto. A casa foi destelhada para não cair com o peso do teto.
De dia, a família se abriga à sombra de uma árvore com poucas folhas ou sob a sombra da parede de barro da casa, junto ao cachorro vira-lata.
Se chove, existem duas alternativas: o chiqueiro dos porcos – que, por sinal, estava vazio quando uma das equipes da ACEV chegou – um abrigo de aproximadamente um metro de altura, ou os canos da adutora que está sendo construída ao lado do terreno da casa. A família recorre à segunda opção quando o chiqueiro é alagado. Esses canos, que ajudam a escapar da água que corre ao lado, são o símbolo de eminente despejo da família do local por causa do novo loteamento de alto renome que surgirá ali. Um contraste visível das desigualdades sociais.
O chefe da casa diz que não se opõe a sair do local, desde que possa ir para um outro terreno seguro. Não exige uma casa, nem mesmo um grande espaço, um local onde possa fazer carvão e juntar o material reciclável, de onde sai a renda da família, seria suficiente. Sem estudo ou qualificação profissional, Manoel acredita ser difícil conseguir encontrar outro trabalho.
Sem carroça própria, a família estava há um ano com uma pequena, e já velha, emprestada. O dono emprestou por uma semana, mas dada a situação, nunca cobrou o veículo de volta.
Com a nova carroça, conquistada através de campanha, que Manoel achava que nem fosse acontecer – afinal, já existiram muitas promessas – ele espera conseguir trabalhar com frete, entregar carvão e catar materiais recicláveis de uma forma mais eficiente.
Enquanto as coisas não melhoram, Manoel diz que "vive como Deus quer". Vive com dignidade e procura se afastar de qualquer possibilidade de atos ilegais.
A família até já mudou para uma casa com ajuda social oferecido pelo município. Mas o atraso do pagamento do aluguel por dois meses e por causa das más condições do local – com insetos a impossibilidade de continuar fabricando carvão e de armazenar materiais recicláveis para a venda – fizeram a família retornar ao antigo lar.
ACEV tem apoiado a família de Manoel e Patrícia por meio da doação de alimentos e de alguns instrumentos de trabalho e colaborou com uma campanha para a compra da nova carroça para o trabalho da família.
Ray Santana, jornalista, assessor de Comunicação da ACEV/ ACEV Social
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