Opinião
- 20 de maio de 2020
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Em quem confiar: na Ciência ou na Fé?
Por Paulo F. Ribeiro
Como cientista e cristão – que não vê incongruência entre fé e ciência –, gostaria de sugerir algumas considerações que, espero, ajudem aqueles que estão interessados em resolver esse falso dilema que nos aterroriza, especialmente em tempos de crise como agora:
1 - Nem tudo o que é científico é necessariamente verdade.
Uma teoria cientifica pode estar errada sem ser não-científica. A ciência luta pela verdade. A imprecisão – devido à falta de dados ou meios para descobri-los – não invalida o caráter científico se os dados foram usados corretamente. A teoria da deriva continental era provável (1912), depois completamente "errada" (por volta de 1940) e, finalmente, "verdadeira" (na década de 1950) quando novos fatos e novas explicações de fatos tornaram-se geralmente aceitos. Precisamos buscar informações confiáveis e evitar a todo custo sermos alimentados pela mídia social, que é mais vulnerável às fakenews.
2 - Nem tudo o que é verdade é necessariamente científico.
O mundo ingênuo dos sentidos não é menos real do que o mundo da física. "Os sentidos também têm sua verdade", disse Kepler, e "O coração tem razões que a própria razão desconhece", disse Pascal. Verdades sobre tratamentos com fitoterapia ainda não passaram pelo crivo cientifico, mas isso não tira sua efetividade em muitos casos.
3 - Nem todas as disciplinas científicas atingem o mesmo grau de certeza ou objetividade.
A imaginação científica desempenha um papel maior nas ciências paleontológicas e cosmológicas (história da terra, reino orgânico, cosmos) do que nas ciências físicas descritivas e experimentais. Mesmo na medicina, temos ainda muito que aprender devido a complexidade do ser humano.
4 – Muitas vezes, devido a falta de dados precisos e à complexidade das questões, a comparação de modelos puramente científicos pode gerar uma não objetividade na certeza de suas efetividades.
5 – A Fé Cristã tem um caráter totalmente diferente da religião institucionalizada. É uma "fé", uma confiança na realidade (verdade) dos fatos históricos. Os fatos em si não são lógicos; aceitação de fatos significa, às vezes, adaptação de nossa lógica, de nossa razão. O cientista adapta sua razão para trazer fatos que se recusam a ser inseridos em seu sistema "racional", em uma teoria mais abrangente. O cientista cristão submete a razão e a intuição a fatos não investigados pelo homem, mas simplesmente dados. O homem não é a medida, mas o humilde destinatário da verdade, tanto na ciência quanto na religião.
6 – Que possamos ser pró-ciência e não aceitar posições infectadas com interesses políticos e puramente econômicos; e possamos dizer como o cientista cristão do século 17, Nathanael Carpenter:
"Eu sou livre, não sou obrigado a seguir a palavra de ninguém, exceto aquelas inspiradas por Deus; se me oponho a isso no mínimo grau, peço a Deus que perdoe minha audácia de julgamento, pois não sou movido por desejo da minha própria opinião mas por amor à liberdade da ciência.”
7 – Finalmente, precisamos ser sábios e cautelosos; sem rejeitar nem engolir tudo que se diz científico, pois temos um modelo de vida que transcende a ciência, como disse C.S. Lewis:
“A teologia cristã pode conter a ciência, a fé, a moralidade, a arte, etc. O ponto de vista puramente científico não pode conter nenhuma delas, nem mesmo inteiramente a própria ciência. A explicação teológica é muito mais completa e abrangente.”
Confiamos na Ciência, mas nossa fé transcende a mesma.
Se cuidem...
Doutor em Engenharia Elétrica pela Universidade de Manchester, na Inglaterra, foi Professor em Universidades nos Estados Unidos, Nova Zelândia e Holanda, e Pesquisador em Centros de Pesquisa (EPRI, NASA). Atualmente é Professor Titular Livre na Universidade Federal de Itajubá, MG. É originário do Vale do Pajeú e torcedor do Santa Cruz.
>> http://lattes.cnpq.br/2049448948386214
>> https://scholar.google.com/citations?user=38c88BoAAAAJ&hl=en&oi=ao
Pesquisa publicada recentemente aponta os cientistas destacados entre o “top” 2% dos pesquisadores de maior influência no mundo, nas diversas áreas do conhecimento. Destes, 600 cientistas são de Instituições Brasileiras. O Professor Paulo F. Ribeiro foi incluído nesta lista relacionado a área de Engenharia Elétrica.
>> http://lattes.cnpq.br/2049448948386214
>> https://scholar.google.com/citations?user=38c88BoAAAAJ&hl=en&oi=ao
Pesquisa publicada recentemente aponta os cientistas destacados entre o “top” 2% dos pesquisadores de maior influência no mundo, nas diversas áreas do conhecimento. Destes, 600 cientistas são de Instituições Brasileiras. O Professor Paulo F. Ribeiro foi incluído nesta lista relacionado a área de Engenharia Elétrica.
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