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- 06 de maio de 2020
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Elizabeth Anscombe – a filósofa que confrontou C.S. Lewis
Por Camila Rauber
Gertrude Elizabeth Margaret Anscombe foi uma brilhante filósofa britânica e cristã de origem irlandesa. O rigor analítico é a marca de sua filosofia. Trabalhou em filosofia da ação, filosofia da mente, filosofia da religião e ética. Foi aluna de Ludwig Wittgenstein, tendo em seu mestre sua maior referência, mas sendo também influenciada por Aristóteles, Tomás de Aquino e Gottlob Frege.
De modo geral, suas análises são marcadas pelas noções de uso e significado, influência direta de Wittgenstein. Por exemplo, ela diz que na filosofia moderna o termo ‘dever’ não era usado em conformidade com o significado usual de ‘dever’. Para restaurar o sentido de ‘dever’, Anscombe propôs a retomada das noções aristotélicas de racionalidade prática e virtude. A influência dessa filósofa se estende também ao âmbito da metafísica da causação – ela vai em sentido oposto ao entendimento de Hume sobre a relação de causa e efeito.
Na juventude, Anscombe cruzou o caminho de ninguém mais ninguém menos que C.S. Lewis. Ela havia demonstrado que as argumentações de Lewis sobre a “Autocontradição do Naturalista” (no livro “Milagres”) não eram suficientes para sustentar as conclusões que ele havia almejado. O confronto com Anscombe levou-o a reescrever esse capítulo e foi definidor para suas obras futuras.
McGrath afirma que Anscombe foi um refinamento intelectual para Lewis. Sobre esse encontro, Anscombe diz: “A reunião do Clube Socrático no qual li meu artigo foi descrita por vários de seus amigos como uma experiência chocante e horrível que o perturbou muito. Nem o Dr. Havard (que havia nos levado, Lewis e eu, para um jantar semanas depois) nem o professor Jack Bennet se recordaram de tais sentimentos por parte de Lewis. [...] Minha própria recordação foi a de que se tratou de uma ocasião de sóbria discussão de certas críticas muito definitivas, cuja reescrita e reconsideração por parte de Lewis mostrou que ele as considerou como acuradas. Estou inclinada a pensar nos estranhos relatos de alguns de seus amigos sobre o assunto – que pareciam não interessados nos verdadeiros argumentos ou no assunto – como um exemplo interessante do fenômeno chamado "projeção".”
• Camila Rauber é doutoranda em filosofia da ação no Programa de Pós Graduação em Lógica e Metafísica da UFRJ, mestre e graduada em filosofia pela UFRJ. É casada com Gutierres Siqueira e mora em São Paulo.
Texto publicado originalmente no Instagram @filosofiaefecrista
Foto: Evangelical Philosophical Society (editada)
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