Opinião
- 09 de dezembro de 2020
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Dez anos depois, o "Compromisso da Cidade do Cabo" continua atual e pouco conhecido
O documento O Compromisso da Cidade do Cabo é um dos legados do Terceiro Congresso de Evangelização Mundial (Lausanne 2010), realizado na Cidade do Cabo, África do Sul, há exatos 10 anos. Com um conteúdo rico, a declaração pode nos conduzir à essência da missão de Deus: o seu amor e a sua graça em favor da humanidade.
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O Compromisso da Cidade do Cabo, produzido por Lausanne 3, tem como subtítulo “uma declaração de fé e um chamado para agir”. Mesmo que o documento seja um mini compêndio de teologia, o subtítulo mais correto seria “uma declaração de amor e um chamado para agir”. A palavra “amor” aparece cem vezes, além das 98 vezes em que o verbo “amar” é usado. O amor é colocado como a mola propulsora para a missão da igreja e essa mesma ênfase permeou todo o conteúdo e metodologia do congresso (dramatizações, músicas, imagens, testemunhos, mesas de estudo, oração).
Os relatores justificam: essa “declaração foi firmada na linguagem do amor, pois o amor é a linguagem da aliança, e as alianças são uma expressão do amor redentor de Deus [...]. Como Deus é amor, o amor permeia todo o seu ser e todas as suas ações”. E reconhecem: “Quando afirmamos nossas convicções e nosso compromisso em termos de amor, estamos assumindo o mais “básico” e o mais “difícil” de todos os desafios bíblicos”.
Será muito bom trazermos à memória a forma como o amor de Cristo nos alcançou para, em seguida, renovarmos o nosso amor por ele. É por isso que Paulo, em Efésios (a carta foi estudada em pequenos grupos durante o congresso), ora para que Cristo habite em nós a fim de que possamos, juntamente com todos os santos, compreender a largura, o comprimento, a altura e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejamos cheios da plenitude de Deus.
O Compromisso da Cidade do Cabo está dividido em duas partes: “Para o Senhor que amamos; o nosso compromisso de fé” e “Para o mundo em que servimos; o nosso compromisso de agir”. A primeira parte, entregue aos participantes, é composta de dez itens, todos iniciados com a expressão “nós amamos”.
E assim transcorrem 21 páginas de declarações em amor: “Renovamos o nosso compromisso de não “flertar” com o mundo caído nem com suas paixões transitórias”, “amamos a Bíblia ‘como uma noiva ama as cartas de seu noivo’, não pelo papel propriamente dito, mas pela pessoa que fala por meio dele”, “o mais elevado de todos os motivos missionários não é a obediência à Grande Comissão nem o amor pelos pecadores que estão perecendo, mas ‘o zelo apaixonado’ pela glória de Jesus Cristo”.
As declarações abrangem todas as áreas da missão. A missão é a missão de Deus, que nasce do seu amor por todas as coisas criadas e que consiste em fazer convergir a Cristo todas as coisas no céu e na terra, reconciliando-as por meio de sua cruz (“Deus em Cristo reconciliando consigo todas as coisas” era o tema de Lausanne 3). Essa missão deve ser o nosso foco, o nosso chamado e a nossa paixão. O amor a que o Espírito de Deus nos inspira tem repercussões horizontais: é dele que vem a motivação de amar todos os povos, rejeitando qualquer forma de racismo e etnocentrismo e exigindo solidariedade e justiça, e de desejar que todas as nações o conheçam.
Somos chamados também a ser uma comunidade que demonstre o amor de Deus. O Compromisso lembra que tanto o mandamento de Jesus de amarmo-nos uns aos outros como a sua oração (“para que todos sejam um”) são missionais: “Com isto todos saberão que sois meus discípulos” e “para que o mundo creia que tu [o Pai] me enviaste”. Esse é o grande desafio para o povo de Deus – “aqueles de todas as ‘eras’ e ‘nações’ que Deus em Cristo amou, escolheu, chamou e santificou como seu povo”.
Neste mundo corrompido, temos sido apenas um reflexo fraco do amor, da alegria e da paz, não a noiva radiante de Cristo. Porém, o valor testemunhal de uma comunidade de amor é vital em lugares de sofrimento intenso – onde falar de um Deus amoroso parece brincadeira – ou em meio ao secularismo e à globalização, onde as relações são superficiais.
Que o amor, fruto do Espírito Santo, cresça em nós! E que ele, o Espírito missionário do Pai missionário e do Filho missionário, sopre vida e poder na igreja missionária de Deus.
O documento “Compromisso da Cidade do Cabo” está disponível na íntegra no blog Lausanne ou em lausanne.org. Ele pode e deve ser copiado, reproduzido, estudado e adaptado em sermões e estudos bíblicos. As igrejas, os seminários e as organizações evangélicas devem se apropriar desse material.
> Artigo originalmente publicado na Ultimato de janeiro/fevereiro de 2011. Escrito pela Redação da revista, que esteve presente ao Congresso.
>> No dia 15/12, a live “Diálogos de Esperança” aborda o documento "O Compromisso da Cidade do Cabo" com Chris Wright e Rosalee Veloso:
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