Opinião
- 14 de julho de 2017
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Congresso Brasileiro de Missões: o que a igreja precisa saber sobre os novos desafios da missão
O Congresso Brasileiro de Missões (CBM), realizado de três em três anos há mais de vinte anos, é talvez o mais eficaz instrumento de mobilização e integração da força missionária brasileira. Também é nos congressos onde são discutidos de forma mais abrangente os desafios contemporâneos da missão. Nestes tempos atuais há desafios novos e complexos, como a questão do islamismo e dos migrantes, ao lado de desafios antigos (“boa parte dos 6 mil povos ainda não evangelizados demanda um trabalho de décadas”). Há também mudanças na força missionária: muito mais jovens engajados e a presença da chamada “‘diáspora brasileira’ – um grande exército de irmãos que estão saindo pelo mundo por questões acadêmicas ou profissionais”. O entendimento da igreja como uma igreja missional dá o devido pano de fundo: “Uma igreja que entende que seu papel é ser uma testemunha da salvação cósmica do reino de Deus, que virá com a volta de Cristo”. Participam da entrevista o presidente da AMTB, Cassiano Luz, e alguns dos preletores que estarão presentes na 8ª edição do CBM, de 23 a 27 de outubro de 2017.
A 8ª edição do CBM dá continuidade ao tema do 7º CBM – Realidades que não podemos ignorar. Que realidades são estas?
Cassiano Luz – Quando começamos a pensar no tema para o CBM 2017, logo nos demos conta de que “realidades que não podemos ignorar” deveria ser adotado não apenas como o tema de uma edição do congresso, mas também como um mote permanente, já que descreve bem a proposta do CBM, que é apresentar um quadro geral e contemporâneo dos desafios relacionados à proclamação do evangelho e sinalização do reino de Deus até os confins da terra, e da própria AMTB, que é mobilizar a igreja e dar suporte às organizações missionárias para que esse propósito seja cumprido. Temos ainda mais de 2 bilhões de pessoas no mundo que nunca ouviram sobre Jesus, mais de 3 mil povos sem uma igreja suficientemente forte para alcançar o seu próprio povo e milhares de línguas sem tradução bíblica, além de um crescimento significativo de áreas de intolerância e oposição ao evangelho, onde cristãos são perseguidos e mortos por causa de sua fé. A movimentação de refugiados ao redor do mundo é imensa, com sérios agravantes sociais. No Brasil temos alguns segmentos sociopolíticos e socioeconômicos onde o evangelho é muito pouco anunciado, como os indígenas, ribeirinhos, sertanejos, ciganos, quilombolas, imigrantes, entre outros. Acreditamos que esses e outros desafios precisam ser pontuados de forma objetiva, assim como o que já está sendo feito em termos de propostas estratégicas e abordagens bíblico-teológicas, e a igreja precisa ser desafiada a abraçá-los.
Se as “realidades” são as mesmas do 7º CBM, quais são as boas notícias desde 2014?
Ronaldo Lidório – As realidades seguem na mesma direção, mas têm se intensificado. Em uma perspectiva sociocultural, é de aceitação geral que a urbanização e a globalização sejam os dois macrofatores influenciadores da sociedade mundial. Um terceiro, que desponta, é a polarização. O mundo está cada vez mais orientado por ideologias, posicionamentos e movimentos radicais, de extremo. A globalização também passou para um patamar novo nos últimos cinco anos, especialmente com os imigrantes e refugiados, e isso muda a forma de se fazer missões. Populações inteiras do Oriente Médio podem ser encontradas na Europa, por exemplo. No Brasil, os grupos minoritários estão cada vez mais urbanizados, o que também provoca a necessidade de uma reflexão nas ações missionárias. Há diversas boas notícias no movimento missionário brasileiro. Jamais vimos tanta abundância na área de treinamento transcultural, atenção ao cuidado da família missionária e também o rápido desenvolvimento de áreas mais técnicas, como a antropologia e a linguística aplicadas à obra missionária. Mas talvez a melhor notícia seja ver o povo de Deus orando mais por missões. As alianças evangélicas geradas anos atrás também estão dando bons passos na evangelização dos grupos minoritários brasileiros, em parceria com a AMTB, organizações missionárias e diversas denominações evangélicas. Como exemplo, cito a Aliança Evangélica Pró-Ribeirinhos, que tem tido um papel decisivo no direcionamento da força evangelizadora para as regiões menos alcançadas na Amazônia. O envolvimento da igreja brasileira com missões, porém, ainda é tímido. A pregação do evangelho a todos os povos está longe de ser um dos principais temas da igreja brasileira, mas, se o Senhor se agradar, isso pode mudar.
Entre o CBM 2014 e o CBM 2017 aconteceram três edições do Vocare, evento promovido também pela AMTB, direcionado ao público jovem. Que balanço a coordenação da AMTB faz do Movimento Vocare e em que medida este esforço junto aos jovens (e com eles) se reflete hoje na força missionária brasileira?
Cassiano Luz – O Vocare é uma iniciativa claramente motivada e conduzida pelo Espírito Santo de Deus. Parte das bênçãos que temos vivido como igreja brasileira é o despertamento da consciência vocacional de todos os crentes. Aquilo que chamamos de “modelo tradicional” de missões, que diz respeito à prática predominante nos últimos dois séculos, gerou uma certa “profissionalização” do missionário – identificado como aquele indivíduo chamado por Deus, com uma formação teológica especializada, que é enviado e sustentado pela igreja local para exercer seu ministério em campo transcultural – e aparentemente alimentou, como efeito colateral, uma compreensão de que todos os outros crentes que não são “ministros profissionais” podem administrar suas vidas com uma perspectiva diferente dos que se dizem “chamados” ou “vocacionados”. O propósito principal do Vocare é lembrar que todos somos chamados por Deus para servi-lo integralmente, com tudo o que temos e tudo o que somos, apesar de nem todos sermos chamados especificamente para a proclamação transcultural do evangelho. Ele aponta também para a importância de a igreja reconhecer na chamada “diáspora brasileira” – um grande exército de irmãos que estão saindo pelo mundo por questões acadêmicas ou profissionais – uma força missionária fundamental, além de enfatizar a importância de investirmos nos chamados “modelos empresariais” de missões, como “negócios como missão”, “negócios para missões”, “fazedores de tendas” etc. Esses modelos ganharão um destaque especial durante o CBM 2017.
Você trabalha com muçulmanos há muitos anos, mas a igreja brasileira pouco conhece sobre eles, sobre sua cultura, sobre seus interesses. O que ainda precisamos aprender sobre o desafio missionário diante do islamismo atualmente?
Flávio Ramos – Em minha perspectiva a primeira coisa que a igreja brasileira precisa fazer é aprender a olhar para os muçulmanos como gente. Muitos ainda têm dificuldade de afirmar que eles são imagem e semelhança de Deus. Em seguida, deveríamos pedir a Deus que nos ajude a vê-los como ovelhas perdidas (Mc 6.34). Nosso povo ainda demonstra muitos conceitos errados (ignorância) sobre os muçulmanos e o islamismo. Infelizmente ainda ouvimos frases do tipo: “Pra quê evangelizar os muçulmanos? Não perca tempo! Eles são maus e odeiam os cristãos”.
O que é uma “igreja missional”? Em quais aspectos é diferente de uma “igreja missionária”?
Michael W. Goheen – As palavras “missional” e “missionária” significam coisas diferentes para pessoas diferentes. Por exemplo, Lesslie Newbigin rotulou a igreja como uma “igreja missionária”. Muitos de seus seguidores estão dizendo a mesma coisa, mas usando uma nova palavra – “missional”. A dificuldade em defini-la existe porque ela é muito grande. Assim, farei a seguir uma série de afirmações sobre o que eu diria que é uma igreja missional:
Uma igreja que entende que sua própria identidade e natureza são definidas pela história da Bíblia. Seu papel é ser uma testemunha da salvação cósmica do reino de Deus, que virá com a volta de Cristo. A igreja é uma amostra desse reino que há de vir e entende que sua própria natureza é ser missional, uma vez que aponta para esse mundo que há de vir pelo bem das nações. Uma igreja que entende que foi escolhida pelo bem do mundo. Ela existe para ser uma amostra do que há de vir pelo bem do mundo. Além disso, suas palavras e ações devem apontar para Cristo pelo bem do mundo. Elas existem para que homens e mulheres possam ver e ouvir a salvação forjada por Cristo e tenham a oportunidade de responder que o conhecem.
Uma igreja cuja completa existência é direcionada para o mundo. A igreja é a nova humanidade e, portanto, suas vidas todas estão sendo renovadas. Portanto, são um povo distinto em todos os aspectos de suas vidas – social, político, econômico e outros. Como um povo distinto, apontam para o propósito original de Deus ao criar a vida humana. Apontam para o reino que há de vir quando Deus renovará a vida humana. Olham para fora, opondo-se aos ídolos que estão no cerne de toda cultura humana.
Uma igreja que compreende ser uma testemunha de Cristo em vida, obras e palavras.
Uma igreja que compreende que seu testemunho é em sua vizinhança local, mas entende também que sua missão é até os confins da terra. Portanto, participará no estabelecimento de um testemunho em lugares onde não há ninguém com o objetivo de estabelecer uma igreja com esse propósito.
Uma igreja cuja identidade missionária tem começado a transformar todas as áreas de sua vida interna: louvor, comunhão, liderança, estruturas etc.
Uma igreja que está profundamente envolvida com sua vizinhança e com o mundo, buscando justiça e praticando a misericórdia.
Uma igreja que fala no nome de Cristo e convida outros em comunhão com ele e com seu povo.
Uma igreja que treina todos os seus membros para praticar o evangelho em suas diversas vocações no mundo.
No passado, havia busca por espaço significativo para preletoras mulheres – afinal, elas são a maioria nos campos missionários mais difíceis (entre os solteiros, 80% são mulheres). A AMTB mudou de perspectiva em relação à liderança feminina?
Cassiano Luz – Não. Quatro dos departamentos da AMTB são liderados por mulheres, temos duas mulheres na diretoria estatutária da associação e uma na liderança executiva. Os critérios utilizados para escolha de preletores é o mesmo, independente de gênero. A escolha de preletores foi feita pelo “grupo gestor do CBM2017”, indicado pela Assembleia da AMTB, levando em conta todas as indicações que foram feitas em ampla consulta a cerca de 67 organizações filiadas à AMTB, além de seus departamentos.
• Cassiano Luz é missionário da SEPAL, diretor de ministério da Visão Mundial Brasil e atual presidente da AMTB.
• Ronaldo Lidório é missionário presbiteriano ligado à APMT e WEC e coordena programas de treinamento em antropologia e plantio de igrejas.
• Flávio Ramos é pastor batista, serviu como missionário no Marrocos e foi pastor da Igreja Evangélica Árabe. É fundador e presidente da Missão Evangélica Árabe do Brasil (MEAB).
• Michael W. Goheen é diretor de educação teológica no Centro de Treinamento Missionário e acadêmico em residência na Surge Network, Phoenix, AZ.
Contribuíram com as perguntas: Antonia Leonora van der Meer [Tonica], Ariane Gomes, Délnia Bastos, Klênia Fassoni e Lissânder Dias. Tradução da resposta de Michael W. Goheen: Mariane Lin.
Nota: Conteúdo publicado originalmente na edição 366 da revista Ultimato.
>>> PARA MAIS INFORMAÇÕES SOBRE O 8º CBM, CLIQUE AQUI <<<
Imagem ilustrativa: Unsplash.com.
A 8ª edição do CBM dá continuidade ao tema do 7º CBM – Realidades que não podemos ignorar. Que realidades são estas?
Cassiano Luz – Quando começamos a pensar no tema para o CBM 2017, logo nos demos conta de que “realidades que não podemos ignorar” deveria ser adotado não apenas como o tema de uma edição do congresso, mas também como um mote permanente, já que descreve bem a proposta do CBM, que é apresentar um quadro geral e contemporâneo dos desafios relacionados à proclamação do evangelho e sinalização do reino de Deus até os confins da terra, e da própria AMTB, que é mobilizar a igreja e dar suporte às organizações missionárias para que esse propósito seja cumprido. Temos ainda mais de 2 bilhões de pessoas no mundo que nunca ouviram sobre Jesus, mais de 3 mil povos sem uma igreja suficientemente forte para alcançar o seu próprio povo e milhares de línguas sem tradução bíblica, além de um crescimento significativo de áreas de intolerância e oposição ao evangelho, onde cristãos são perseguidos e mortos por causa de sua fé. A movimentação de refugiados ao redor do mundo é imensa, com sérios agravantes sociais. No Brasil temos alguns segmentos sociopolíticos e socioeconômicos onde o evangelho é muito pouco anunciado, como os indígenas, ribeirinhos, sertanejos, ciganos, quilombolas, imigrantes, entre outros. Acreditamos que esses e outros desafios precisam ser pontuados de forma objetiva, assim como o que já está sendo feito em termos de propostas estratégicas e abordagens bíblico-teológicas, e a igreja precisa ser desafiada a abraçá-los.
Se as “realidades” são as mesmas do 7º CBM, quais são as boas notícias desde 2014?
Ronaldo Lidório – As realidades seguem na mesma direção, mas têm se intensificado. Em uma perspectiva sociocultural, é de aceitação geral que a urbanização e a globalização sejam os dois macrofatores influenciadores da sociedade mundial. Um terceiro, que desponta, é a polarização. O mundo está cada vez mais orientado por ideologias, posicionamentos e movimentos radicais, de extremo. A globalização também passou para um patamar novo nos últimos cinco anos, especialmente com os imigrantes e refugiados, e isso muda a forma de se fazer missões. Populações inteiras do Oriente Médio podem ser encontradas na Europa, por exemplo. No Brasil, os grupos minoritários estão cada vez mais urbanizados, o que também provoca a necessidade de uma reflexão nas ações missionárias. Há diversas boas notícias no movimento missionário brasileiro. Jamais vimos tanta abundância na área de treinamento transcultural, atenção ao cuidado da família missionária e também o rápido desenvolvimento de áreas mais técnicas, como a antropologia e a linguística aplicadas à obra missionária. Mas talvez a melhor notícia seja ver o povo de Deus orando mais por missões. As alianças evangélicas geradas anos atrás também estão dando bons passos na evangelização dos grupos minoritários brasileiros, em parceria com a AMTB, organizações missionárias e diversas denominações evangélicas. Como exemplo, cito a Aliança Evangélica Pró-Ribeirinhos, que tem tido um papel decisivo no direcionamento da força evangelizadora para as regiões menos alcançadas na Amazônia. O envolvimento da igreja brasileira com missões, porém, ainda é tímido. A pregação do evangelho a todos os povos está longe de ser um dos principais temas da igreja brasileira, mas, se o Senhor se agradar, isso pode mudar.
Entre o CBM 2014 e o CBM 2017 aconteceram três edições do Vocare, evento promovido também pela AMTB, direcionado ao público jovem. Que balanço a coordenação da AMTB faz do Movimento Vocare e em que medida este esforço junto aos jovens (e com eles) se reflete hoje na força missionária brasileira?
Cassiano Luz – O Vocare é uma iniciativa claramente motivada e conduzida pelo Espírito Santo de Deus. Parte das bênçãos que temos vivido como igreja brasileira é o despertamento da consciência vocacional de todos os crentes. Aquilo que chamamos de “modelo tradicional” de missões, que diz respeito à prática predominante nos últimos dois séculos, gerou uma certa “profissionalização” do missionário – identificado como aquele indivíduo chamado por Deus, com uma formação teológica especializada, que é enviado e sustentado pela igreja local para exercer seu ministério em campo transcultural – e aparentemente alimentou, como efeito colateral, uma compreensão de que todos os outros crentes que não são “ministros profissionais” podem administrar suas vidas com uma perspectiva diferente dos que se dizem “chamados” ou “vocacionados”. O propósito principal do Vocare é lembrar que todos somos chamados por Deus para servi-lo integralmente, com tudo o que temos e tudo o que somos, apesar de nem todos sermos chamados especificamente para a proclamação transcultural do evangelho. Ele aponta também para a importância de a igreja reconhecer na chamada “diáspora brasileira” – um grande exército de irmãos que estão saindo pelo mundo por questões acadêmicas ou profissionais – uma força missionária fundamental, além de enfatizar a importância de investirmos nos chamados “modelos empresariais” de missões, como “negócios como missão”, “negócios para missões”, “fazedores de tendas” etc. Esses modelos ganharão um destaque especial durante o CBM 2017.
Você trabalha com muçulmanos há muitos anos, mas a igreja brasileira pouco conhece sobre eles, sobre sua cultura, sobre seus interesses. O que ainda precisamos aprender sobre o desafio missionário diante do islamismo atualmente?
Flávio Ramos – Em minha perspectiva a primeira coisa que a igreja brasileira precisa fazer é aprender a olhar para os muçulmanos como gente. Muitos ainda têm dificuldade de afirmar que eles são imagem e semelhança de Deus. Em seguida, deveríamos pedir a Deus que nos ajude a vê-los como ovelhas perdidas (Mc 6.34). Nosso povo ainda demonstra muitos conceitos errados (ignorância) sobre os muçulmanos e o islamismo. Infelizmente ainda ouvimos frases do tipo: “Pra quê evangelizar os muçulmanos? Não perca tempo! Eles são maus e odeiam os cristãos”.
O que é uma “igreja missional”? Em quais aspectos é diferente de uma “igreja missionária”?
Michael W. Goheen – As palavras “missional” e “missionária” significam coisas diferentes para pessoas diferentes. Por exemplo, Lesslie Newbigin rotulou a igreja como uma “igreja missionária”. Muitos de seus seguidores estão dizendo a mesma coisa, mas usando uma nova palavra – “missional”. A dificuldade em defini-la existe porque ela é muito grande. Assim, farei a seguir uma série de afirmações sobre o que eu diria que é uma igreja missional:
Uma igreja que entende que sua própria identidade e natureza são definidas pela história da Bíblia. Seu papel é ser uma testemunha da salvação cósmica do reino de Deus, que virá com a volta de Cristo. A igreja é uma amostra desse reino que há de vir e entende que sua própria natureza é ser missional, uma vez que aponta para esse mundo que há de vir pelo bem das nações. Uma igreja que entende que foi escolhida pelo bem do mundo. Ela existe para ser uma amostra do que há de vir pelo bem do mundo. Além disso, suas palavras e ações devem apontar para Cristo pelo bem do mundo. Elas existem para que homens e mulheres possam ver e ouvir a salvação forjada por Cristo e tenham a oportunidade de responder que o conhecem.
Uma igreja cuja completa existência é direcionada para o mundo. A igreja é a nova humanidade e, portanto, suas vidas todas estão sendo renovadas. Portanto, são um povo distinto em todos os aspectos de suas vidas – social, político, econômico e outros. Como um povo distinto, apontam para o propósito original de Deus ao criar a vida humana. Apontam para o reino que há de vir quando Deus renovará a vida humana. Olham para fora, opondo-se aos ídolos que estão no cerne de toda cultura humana.
Uma igreja que compreende ser uma testemunha de Cristo em vida, obras e palavras.
Uma igreja que compreende que seu testemunho é em sua vizinhança local, mas entende também que sua missão é até os confins da terra. Portanto, participará no estabelecimento de um testemunho em lugares onde não há ninguém com o objetivo de estabelecer uma igreja com esse propósito.
Uma igreja cuja identidade missionária tem começado a transformar todas as áreas de sua vida interna: louvor, comunhão, liderança, estruturas etc.
Uma igreja que está profundamente envolvida com sua vizinhança e com o mundo, buscando justiça e praticando a misericórdia.
Uma igreja que fala no nome de Cristo e convida outros em comunhão com ele e com seu povo.
Uma igreja que treina todos os seus membros para praticar o evangelho em suas diversas vocações no mundo.
No passado, havia busca por espaço significativo para preletoras mulheres – afinal, elas são a maioria nos campos missionários mais difíceis (entre os solteiros, 80% são mulheres). A AMTB mudou de perspectiva em relação à liderança feminina?
Cassiano Luz – Não. Quatro dos departamentos da AMTB são liderados por mulheres, temos duas mulheres na diretoria estatutária da associação e uma na liderança executiva. Os critérios utilizados para escolha de preletores é o mesmo, independente de gênero. A escolha de preletores foi feita pelo “grupo gestor do CBM2017”, indicado pela Assembleia da AMTB, levando em conta todas as indicações que foram feitas em ampla consulta a cerca de 67 organizações filiadas à AMTB, além de seus departamentos.
• Cassiano Luz é missionário da SEPAL, diretor de ministério da Visão Mundial Brasil e atual presidente da AMTB.
• Ronaldo Lidório é missionário presbiteriano ligado à APMT e WEC e coordena programas de treinamento em antropologia e plantio de igrejas.
• Flávio Ramos é pastor batista, serviu como missionário no Marrocos e foi pastor da Igreja Evangélica Árabe. É fundador e presidente da Missão Evangélica Árabe do Brasil (MEAB).
• Michael W. Goheen é diretor de educação teológica no Centro de Treinamento Missionário e acadêmico em residência na Surge Network, Phoenix, AZ.
Contribuíram com as perguntas: Antonia Leonora van der Meer [Tonica], Ariane Gomes, Délnia Bastos, Klênia Fassoni e Lissânder Dias. Tradução da resposta de Michael W. Goheen: Mariane Lin.
Nota: Conteúdo publicado originalmente na edição 366 da revista Ultimato.
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